terça-feira, dezembro 31, 2013

Sube lo carburador



Se a Ana Malhoa tivesse menos piercings diriam que se reinventou, no telejornal. Mas como é um fenómeno global a uma escala local, essa ideia só ressoa na margem sul. 
Esta miuda é quase um génio do marketing. Quase, porque nunca acerta no cérebro reptiliano de ninguém, ficando-se por quase passar de raspão na tangente da superficie de uma ideia que podia ter potencial, eventualmente.
A Ana tem um problema que é tipicamente tuga: Quer fazer tudo ao mesmo tempo.
Os tugas têm medo de perder o comboio. Os clientes de publicidade mais sofregos mostram isso. Perguntamos sobre quem é o target da campanha e muitas vezes são capazes de dizer "toda a gente", ou mais contidos, "todos entres os 8 e os 65 anos". O tuga faz isto porque tem medo. Vive com este medo de meter dinheiro  num projecto, numa ideia, num filme, num anuncio, e não agradar a toda a gente. Que alguém se ofenda. Mas na verdade, toda a gente esquece.
Por partes: A Ana tem um novo logotipo. Tem medo que não o entendam. Então faz o esquema logotipo-arvore-de-natal. Mete o logo no meio e umas frases à volta a explicar os seus significados ocultos. Porque não pode deixar de fora as pessoas que não percebem que aquilo é um logotipo do top gun redesenhado.
 a) Mapa gnosiolígico-tipográfico.
 Olhando para esta peça promocional, leio: Dios adelante, a musica da rua ana malhoa la makina code: de fiesta, musica do povo, talento de calle, "subelo". Vou deixar de fora o resto porque já tenho aqui alguns conceitos para traduzir. "Dios adelante", Ana Malhoa fala com o Nazareno em espanhol. É uma coisa que ela insiste. É algo que vem das musicas que ela curte ouvir em casa. Ela acha que dá uma onda "latina" à coisa, mas o Deus de Portugal não é este Deus presente. É o deus da lotaria e das desgraças, do Zé que partiu o pé quando foi à lenha e deus quiz que não fossem os dois pés.
"A musica da rua". Uma aproximação ao povo, ao popular, às raizes. Certo. "ANA MALHOA LA MAKINA", com o logo top gun no meio: aqui começam os problemas. Deus, a rua, e agora um logo militar. Máquina com "K", um erro ortográfico para destacar a makinicidade. "Code" com letra a armar ao Terminator de 98. "De fiesta", sim é música de festa. Sigo. "Música do Povo". Sim, a música da rua, escrita de outra forma, para confirmação do target. "talento de calle". Novamente, a importancia de ser popular, da rua, mas agora em espanhol, porque "calle" é das poucas palavras espanholas que sabemos traduzir bem. Plátano é banana.
Portanto o logotipo da Ana Malhoa lê-se: A Ana é uma makina de fiesta militar com deus nas ruas da américa latina. Isto é o mote para o teaser online.
Animação 3D de 2001 para intro, um crescendo de expectativa que desemboca numa guitarrinha cigana. Ana Malhoa costuma fazer isto: Já com o videoclip anterior, tinhamos 10 minutos de expectativa e o problema era semelhante: a expectativa crescia e crescia mas desembocava no mesmo, uma música da Ana Malhoa.
Ana Malhoa agarra-se ao terço de taxista, ao volante um grande carro. Novamente, aquele medo que alguém perca algum tipo de informação, logo, coloquem-se todos os logotipos possíveis ao longo do carro, capacete, fato, la makina parece um showcase de vinil autocolante. Mas, musica de rua? do povo? Estás num carro do racing, Ana. Ou é musica de street-racing?
Este visual entre o Drive e o Fast and Furious com gipsy kings expressa bem o conceito comum a todos os videoclips: A musica é de fusão, mas não é pan-cultural, é pan-conceptual. Ana Malhoa pega na ideia de um Melting-Pot, torna-o  primeiro latino, depois global, e depois cruza e mistura tudo o que pode no mínimo de tempo possível.

A Ana não é parva. Ela no fundo faz tudo o que um produtor de Hollywood faz, mas tudo mal.
Qualquer semelhança entre este processo criativo e o de qualquer agência de publicidade, é pura coincidência.

* análise só para designers que não gostam de perder tempo: o logo tem 3 tipos de fontes diferentes. Está tudo dito.

segunda-feira, dezembro 30, 2013

Lista para viagem

  1. Computador
  2. Drive externa
  3. Telemóvel
  4. Canivete Suíço
  5. iPod
  6. Caderno
  7. Canetas
  8. Estojo
  9. Livro
  10. Máquina fotográfica
  11. Cartões de Memória
  12. Tripé
  13. Tablet
  14. Rato
  15. Cabos

  16. Roupa

domingo, dezembro 29, 2013

Palavra do ano

Empreendedorismo.


Mas daquele a sério.
O a-sério nunca aparece nem nos jornais nem na televisão. Porque é chato. Como todos os assuntos sérios, não tem nada que aparecer nos telejornais. Ninguém quer saber nada assim a fundo pela televisão. Não dá para filmar. Imagina o Shark Tank mas com muitas contas pelo meio, com muitos termos em inglês, bastante trabalho e com cláusulas de confidencialidade. É uma seca.
O que aparece nos jornais, na TV da manhã, nos Telejornais, pode ser o empreendedorismo tipo Pan-Pipe-Moods, uma mescla de ideias manhosas já conhecidas e embrulhadas de uma forma incomum ( que já é comum, entretanto ). Geralmente mete ideias que nada têm de novo, comércio a retalho mascarado de modernaço-retro.
Hoje ia a passear ao pé da Sé e vejo umas portas antigas abertas, à frente duas menina pintalgavam de rosa um escadote de madeira. Cheguei-me à porta e espreitei para dentro: Ainda em arrumações, mas já perto de acabado, um café lounge com sortido de cadeiras, sofás em segunda mão e mesas de café velhas. Prateleiras com tralha velha, candeeiros "design" a rematar. A sério, não viram já que isto não é original, já é só um pastiche, um visual "café original"? Já chega de pobre pseudo-pobre. Façam pobre mesmo.
 Depois pode aparecer o empreendedorismo neo-salazarista, miudas que fazem cupcakes/pins/crafts em casa, fadas do lar modernaças porque usam óculos de massa grandes. A minha avó fazia isso. Mas porque precisava mesmo do dinheiro.
Pode aparecer tembém o empreendedorismo Crónica-de-Nárnia, um que é só baseado em fábulas com muitos zeros e muito sucesso mas que na verdade é uma história para boi dormir. Para complicar o trabalho que fiz este ano, há o pior empreendedorismo de todos, o daquele marmanjo do punho, de lá de cima do Norte, que é no fundo um taxista motivado. Muita garganta, muita cena, deviamos amarrar os gajos a um pinheiro e meter-lhe fogo, mas depois vai-se a ver e não faz ponta. Toda a gente sabe para que é que servem os qualquer-treta motivacionais. Foi assim que nasceu muita religião.

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Odisseia: mini-série

Depois da Odisseia original, não a de Omero que essa é fraca comparada com a minha, o quotidiano passou a ser um mau descafeinado para mim, para o Pascoal e para o Januário. Hangover tuga sem droga, a Odisseia está dependente de uma boa dose de inconsciência, boa vontade e cerveja. Infelizmente o carro do Pascoal não anda alimentado a boa vontade, por isso ficámos por Lisboa, desta vez. A zona da Praça da Alegria estava por explorar há anos. É decadente, vive ainda na sombra do Parque Mayer e ainda não tem os preços do nível final de Odisseia ( elefante branco, hipopotamo e afins ).
Depois de vaguear à porta de não-sei-quantos bares duvidosos, escolhemos um que parecia ocupado e festivo.
Grave engano.
Estava vazio e era do tamanho de um maço de cigarros. Se enroscassem uma stripper no varão de pernas abertas, não cabia na sala. Imaginei uma pirueta a partir copos, bolas de espelhos, lasers, tudo. Fomos para o balcão. Depois de largar uma soma considerável por duas cervejas, reparei em duas coisas: as mesas tinham pratos com croquetes e pasteis de bacalhau em cima de guardanapos de papel e vinham duas putas na nossa direcção. Já estava a fazer as contas para responder o mais evasivo possível ao "pagas-me um copo" quando as duas senhoras se apresentaram. É interessante esta formalidade quando já tinham passado a zona de conforto há 30 cms atrás. Era suposto esta proximidade ser uma tentação. Mas Deus, eram feias. Feias como poucas mulheres que tenha visto até hoje. Ou se calhar era a distância a menos. O que se passou a seguir deve ter-se passado em 2 minutos, mas pareceram 20 minutos. Quando um gajo acha que já viu muita coisa no mundo - e isto é mesmo verdade e não é só uma frase muito repetida - acontece uma provação destas e um gajo percebe que é um menino na mesma. Não, meu caro, já foste a muita coisa muito decadente mas nunca tiveste decadente ao colo. Naqueles 2 minutos em que as senhoras faziam uma conversa que garantidamente só pode resultar em cama porque não podem resultar em mais nada, não é material para ensaios, teorias, mestrados ou workshops. Nem servem para esquecer. Naqueles 2 minutos o Pascoal parecia que tinha engolido um garfo e eu acabei com a cerveja toda. Ainda meninos, pedimos licença porque precisavamos de apanhar ar.
Os croquetes e pasteis de bacalhau estavam lá porque o barman fazia anos, já agora.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

As melhores fotos de 2013 III

Voltei ao Algarve
Andei nas Belas Artes outra vez
Voltei ao Avante


Fui aos Açores

E aos Açores

E aos Açores
E aos States

E perdi o fascínio por carros pós-68
E aquilo é tudo grande.

domingo, dezembro 22, 2013

As melhores fotos de 2013 II

Recebi uma caneca brutalmente bonita

Não a vendi na feira da ladra.
Fui surfar para Aljezur.

Andei a passear por Lisboa

Depois voltei ao algarve

sábado, dezembro 21, 2013

As melhores fotos de 2013 I

Bom, não são as melhores, são as que me apetece.
O ano começou com esta trupe multicontinental.


Depois começaram as manifs

Não vou fazer a piada "e foi um purgatório"

Fui turista por Lisboa, como é hábito

Voltei a andar de metro, que tinha largado em favor do ferrari

Voltámos a ter manifs

As Catacumbas fecharam

E fui com o Pascoal e o Januário a Santarém

quarta-feira, dezembro 18, 2013

A insegurança pública

Esta semana assisti a uma tentativa de assalto. Já não presenciava um episódio assim há anos. Fruto do choque de quem assistiu a uma cena tão chocante, quero mostrar um estudo patrocinado pelo PPC, sobre segurança em Lisboa.
O estudo concluiu que a insegurança pública está dependente de vários factores e que é, mais do que um fenómeno social, um problema cognitivo. Veja a gravura a). ( clique para aumentar )

 
Mapa a) Mapa Prezadiano ( PPC ) de insegurança pública
Estão anotadas as zonas que, em absoluto, não são seguras em Lisboa. Por coincidencia são as zonas onde eu próprio não me sinto seguro a passar lá a pé à noite ou de dia caso leve uma máquina fotográfica. A Madragoa está ali mas só porque não curto aquela onda de locals manhosos a defender território. Eles não roubam nem nada, mas partem-me a boca toda se olhar na direcção deles a dizer isto.
Mas, isto é um mapa geográfico-cognitivo. Passo então ao mapa b).
Mapa b) Mapa para cidadãos comuns de Lineu
As coisas complicam-se neste mapa. Há aqui uma dimensão cognitiva maior, um território por vezes ocupado por preconceitos, temores, crenças e alguma burrice. De salientar que as zonas de pobres são até muito apreciadas por turistas ( a feira da Ladra, por exemplo) e pessoal que faz hotéis hip.
Finalmente, o mapa c):

Mapa c) Lisboa para Betos
O caso desesperante que pude assistir e que originou este estudo partiu do fenómeno cognitivo Beto. Os betos, dotados de uma premonição auto-confirmada, simultaneamente relatam um mundo cruel e criam esse mesmo mundo cruel, que paradoxalmente ora é um paraíso neo-colonial ora é uma selva aborígene, dependendo apenas do tipo de mitra que atraem com a sua camisa-de-fralda-de-fora, um sinal universal de tentação entre a mitra normalmente ocupada com coisas sérias. Concluindo este estudo, resta dizer que isso da insegurança muda conforme o número de facas, pistolas, seringas e assaltos a que assiste ao longo de N tempo versus a relatividade.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Não faças amanhã o que podes fazer hoje

Backups do computador.

Quando o quadro vai abaixo com uma tomada do computador em curto circuito, percebem-se as prioridades que temos e passam-nos à frente dos olhos em repeat:

  • Anos de trabalho no computador.
  • Anos de trabalho na drive.
  • Anos de fotografias. As fotografias dos Açores.
  • Não poder trabalhar.
  • Os filmes.
  • As fontes.
  • O software.
  • O computador todo optimizado para o meu workflow.
  • O desenho que estava a fazer há 20 minutos.
  • A janela com a série que ia ver.
  • As passwords.

Mas safou-se.

Morrer da cura

Fui ali à zona nova do Intendente à noite e posso confirmar: está bonita e cheia de mitra. Limparam a rua, calcetaram tudo à maneira, meteram-lhe candeeiros em barda na esperança que a luz afastasse a má onda toda mas não. O novo Intendente ficou um género de Champs Elisees chunga, o largo  colado a prédios a cair, um casal à procura de uma dose e a mostrar a ultima ressaca, putas chulos e agarrados a passear de mão dada, misturado com hipsters dos cafés pseudo-chunga - isto é giro, na rua tentam renovar e está cheio de mitra acabada, no café da moda do largo não renovam, deixam as paredes descascarem até cair, enchem tudo de tralha velha e está cheio de hipsters  - com o típico sortido de cadeiras, copos e candeeiros, o look-austeridade.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Tasco, body language

Após muitos anos a coleccionar almoços em tascos seleccionados, onde pude observar milhares de vezes a única body language portuguesa conhecida universalmente, o gesto faça-me-aí-a-conta, pude hoje adicionar 2 novos fenómenos que acho que devem ser património imaterial da humanidade:
É sabido que num tasco a função do empregado de mesa é dizer em voz alta o que queremos. É um facilitador: assim como no autocarro as pessoas mais acanhadas não se metem aos berros para abrir a porta de trás e vão até Pedrouços ou até Caneças, num tasco limitamo-nos a apontar para algo no menu e o empregado é que então berra "SAI MEIA DE FEBRAS!" e um gajo ainda diz "só com arroz, se faz favor." e berra "SÓ COM ARROZ", e é isto, o empregado é alguém de se desenvolveu de forma cénica, não tem problemas com fazer-se ouvir e ver. Esta facilidade abriu uma nova categoria de serviço quando hoje, depois do almoço terminado no tasco habitual, o empregado resolveu ser possível atender-me a 10 metros de distância, por meio de linguagem gestual e berros.
A 10 metros, pedi as febras grelhadas e a imperial.
Apesar de tudo, manteve a premissa de que um cliente não berra e ainda o premiaria com a confirmação de que tem a acuidade visual e cerebral capaz de perceber o gesto para ainda-vai-beber-café-não-é? seguido do gesto de bica-cheia-certo?. Finalmente, apesar de eu estar a 15 metros da cozinha e ele só a 2 metros, ainda teve de berrar "SAI MEIA DE FEBRAS", o que pode invalidar a teoria das linhas anteriores e expor uma nova, todos os cozinheiros são surdos.

sexta-feira, dezembro 06, 2013

O mundo não é justo

Jpeg do Mandela

Outro Mandela
Já sei que o mundo não é justo. Mas esta semana recolhi, sem querer, alguns dados interessantes sobre a vida de designer em Portugal em 2013.
A tal insegurança no trabalho. Recibos verdes? já desbundei. Anos. ( Aliás, nunca fui efectivo de uma empresa ). Só na inconsciência voluntária ou disfarçada do pessoal que é efectivo ou deputado é que um recibo verde é um pagamento de um serviço e mais nada.
Mas agora parece-me que estamos numa nova fase que não sei caracterizar bem:
a) na mesma
b) nunca houve tão pouco para pagar
c) não há assim tão pouco para pagar

Quando ouço todo o tipo de falcatruas das agências com hype para contratar designers - e aqui não deixa de ter alguma ironia as condições estarem a ficar parecidas com fábricas de calçado em Moimenta da Beira - oferecendo recibos ad aeternum, ordenados de 700 euros, 600 euros, estágios em barda, pagamentos por fora cada vez maiores, e finalmente a possiblidade de terem alguém interno pago a acto único, somado a conviverem com salários 6 ou 7 vezes maiores ( afinal há dinheiro ) dentro da mesma empresa, só posso dizer: bardamerdapraestescabrões.

Sempre achei que empresas cool são as que pagam bem. O resto é peanuts.

Este é um daqueles posts que serve de registo de um tempo em particular e a que vou voltar daqui a 3 anos para ver o que mudou entretanto. Provavalmente vou dizer "vês? isto já era uma merda há 3 anos. Crise? Nada de novo."

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Arquitecturtura

Há uns tempos esta campanha esteve na rua e passou ao lado de meio mundo, por razões óbvias.


Acho, o engenheiro fez isso e ficou bom.



A campanha é má. Meio pedante e auto-contemplativa. Parte do princípio errado de que qualquer pessoa sabe reconhecer o trabalho de um engenheiro ou de um arquitecto ou que consegue até  distinguir entre um bom ou um mau trabalho de um arquitecto, o que é assim a puxar para o arrogante. Digo isto porque com o trabalho dos designers passa-se o mesmo. Mas, como temos esta sorte/cruz de só fazermos coisas bonitas e que enchem o olho, tanto os salsicheiros como os arquitectos almejam fazer design. Os salsicheiros porque precisam de ganhar dinheiro, os arquitectos porque acham que desenhar num computador, fazer esboços e ler Kahn é a confirmação de um domínio sobre uma linguagem metafísica qualquer que acham que todos sabem/devem saber ler.
Pessoal: Ser arquitecto não habilita ninguém a mais nenhum ramo de conhecimento. Partam do mesmo príncipio que eu, se há licenciaturas dentro de alguma área, é porque aquilo não se aprende a ver Pinterests e tutorials de Photoshop.
E nada contra auto-didatas, desde que mostrem que dão o litro.
Isto tudo porque vi um logotipo feito por um arquitecto e estou a beber água das pedras desde as quatro.

sábado, novembro 30, 2013

Atascado de trabalho do bom até ao pescoço, estou sem paciência para inventar:
A verdade é que andei numa floresta de sequoias e a comer donuts e beef jerky, estive ao volante de um Tesla e vi leões marinhos no Pacífico.
Os items acima poderão ser metáforas ou onomatopeias.

sábado, novembro 23, 2013

Cenas que me fazem confusão

Astrologia.
Como é que se perde tanto tempo com esta merda?

Perdido pelos States II

A fronteira

Entrar nos states é aparentemente complicado. Tive de jurar que não levava plantas na mala, bacalhau ou lepra debaixo dos sovacos. Até doenças que não posso confirmar se tenho, como gonorreia. Perguntam-me o que é vou lá fazer e não posso dizer "sei lá.", como é hábito para qualquer pergunta objectiva que me fazem.
À entrada confundi um polícia agarrado ao iphone com uma escultura.

quinta-feira, novembro 21, 2013

Perdido pelos States I

Estive nos States. Foi de raspão mas consigo extrapolar o pouco tempo que lá estive de modo a parecer que vivi lá 2 anos. Uma odisseia calma. Começo pelo princípio.

Os aviões

As companhias aéreas já deviam ter reparado que apesar de pagarem preços diferentes, o pessoal de primeira classe e da económica temprovavelmente a mesma altura média.

De bom grado troco os almoços e os jantares por mais 10 graus de inclinação na cadeira e mais 30 cm para esticar as pernas.
Andar 10 horas num avião com um ecran a 15 cm dos olhos a passar o Mr. Bean já devia ser considerado tortura pelo tribunal internacional de Haia.
Até quando é que vão continuar com aquela conversa do "endireite a cadeira para a descolagem e aterragem"? tenho sérias questões sobre qual o impacto dessa medida tanto na aerodinâmica como na deslocação do centro de gravidade do avião. Acho que são melhorias pouco significativas.
Ponto positivo da viagem: ninguém bateu palmas ao piloto por fazer o minímo pretendido: aterrar o avião com o trem de aterragem virado para baixo.

quarta-feira, novembro 20, 2013

De volta à cidade

Voltei da estranja com muita coisa na cabeça, nomeadamente jet lag. Isto deve estar a complicar-me o juízo, porque:

  • Não vejo nada de especial na campanha da Pepsi, e vou continuar a beber Pepsi como tenho bebido até hoje ( quando não há coca-cola no restaurante ).
  • Não acho que haja uma conspiração inter-planetária contra o Ronaldo.
  • Anda aí uma outra teoria da conspiração que fala em controlo de opinião pública nos blogs na altura do governo do Sócrates e tal. Mas alguém lê blogs? opinião pública não é o mesmo que deixar recados de um blog para o outro. 
  • Contínuo sem perceber porque é que há tanta gente a ver a casa dos segredos.
  • Já não consigo ouvir os gajos da CGTP ( espera, isto é normal ).
  •  Tinha saudades de doses de comida normais.

terça-feira, novembro 12, 2013

Dica da semana

Ponham os putos a programar.
Esqueçam o ténis e essas tretas.

segunda-feira, novembro 11, 2013

Tim bilding

 Natal e Team Building. Duas pragas dos tempos modernos.
Mas, ao fim de muitos anos a gramar com elas, finalmente tenho um Natal em que não levo com ambas. Livre. Estou livre das acções de tim bilding.
Vou ter Team Building, no entanto. O Team Building faz-se com uma equipa. É um conceito interessante, olha para isto: Junta-se todo o pessoal que trabalha num sítio, fala-se dos processos de trabalho, partilham-se ideias, umas boas, outras parvas, algumas aproveitam-se, mede-se a eficácia de processos de trabalho, fazem-se uns jogos de tabuleiro ou vai-se ouvir fados ou comer caracois a um tasco, enche-se a mesa de esboços e pronto. Isto faz-se todos os meses. Ou todas as semanas. Conforme der. O tim bilding, aquela merda que tive de gramar anos a fio é bastante parecido mas só no guião. Por isso é só bilding. Uma vez por ano. Tim.
O tim bilding é uma tentativa frustada ( frustrante? ) de trazer uma empresa manhosa para a civilização. Faz-se um esforço brutal para juntar toda a gente uma vez por ano e o resto do ano mantém-se inalterada. Sendo Natal, a empresa espera portar-se bem durante 2 dias em Dezembro e safar-se. ( bom, aquele meu amigo foi despedido da empresa a um 23 de Dezembro. Se calhar não se esforçam muito ). Mas a falta de jeito não fica por aqui. O tim bilding é também aproveitado - já que é complicado juntar toda a gente em qualquer outra altura porque usam sempre a desculpa de que estão a trabalhar - para fazer aquela outra comunicação de Natal: Os mais afoitos citam JFK, os envergonhados pedem mais um esforço e que dêem mais à casa, um esforço extra, isto está pior, o mercado desce, a vida está complicada para todos, todos tivemos cortes, o guião que nunca foi outro.
O Team Building que andam aí a vender é uma fraude. Fraude como eu pedir um bitoque e dizer que sou vegetariano porque vem com salada.

Natal

Chega cada vez mais cedo, o Natal.
Não tenho saudades de fazer campanhas de Natal.
O Natal é sempre igual.
Há quem goste do Natal.

O Natal é sempre igual.
Para quem faz publicidade de Natal, é pior.
Quem vê publicidade de Natal pode achar que deu gozo a fazer. Mas não.
Ninguém gosta de fazer publicidade de Natal.

O Natal na publicidade é como um cancro recorrente.
Todos os anos aparece outra vez e temos de o tratar. Nunca mata. Mas moi.
Não há votos novos há 500 anos.
Gutenberg esgotou-os ainda a imprensa era uma industria jovem.

O Natal não traz nada de bom senão ceias a sem-abrigo.
O Natal é bom para a economia do Pingo Doce.
Não se devia falar de Natal com este sol e calor.
Não se devia gastar tempo a fazer coisas para o Natal.


sexta-feira, novembro 08, 2013

Aquele programa

Tenho de confirmar que o programa que mais revolucionou mentalidades em Portugal nos ultimos anos foi a Casa dos Segredos.
O que há poucos anos seria considerado por qualquer dona de casa e taxista uma pôca vergonha pegada entre uma cambada de putas e paneleiros é agora visto com tolerância e comentádo com alguma caotela. Num café já podemos ouvir alguém dizer "acompanhante de luxo" sem nenhuma entoassão a indissiar o real significado do termo e chega-ce a ouvir "é uma profissão como qualquer outra". E a burgesia de Lisboa pionaira da modernidade, entertem-se a indignar-se com o que se passa lá e fazer muitos juízos de valor que eram típícos de taxistas e marialvas. No futuro, e aqui é que tenho rezervas, estão por ver os estudos cientificos que mostrem os efeitos cequndários da expusissão a este tipo de porgramas, no entanto. Haver va-mos.

quinta-feira, novembro 07, 2013

50/50

Lisboa está a separar-se aos poucos. Entre os prémios que ganha todas as semanas e não ter dinheiro para mandar cantar um cego ou em específico, calar aquele do metro, dos batuques nos ferros:

O Cais do Sodré está separado como é hábito, desde que lhe pintaram o chão de cor-de-rosa de um lado ao outro que um deles está cheio de betos e o outro da fauna do costume, putas e divorciados da margem sul e da linha e betos mais afoitos. O arco do Musicbox, a meio, é um no-man's-land que só é usado em dias de chuva, como sempre.

O Intendente está separado como é hábito, desde que o renovaram que tem hipsters das tostas e dos brunchs aos sábados de manhã, tudo renovado menos da rua 40 metros ao lado para lá, onde o cheiro a ganza e a merda na rua mal calcetada a puxar para o acre mal dá para passar.

A Feira da Ladra está separada como é hábito, desde que passou a aparecer em roteiros turísticos. Tudo misturado, portugueses e turistas, bimbos e hipsters bimbos, betas e artistas, uns a vender, outros a comprar. Se ficar até mais tarde, lá para as 6, vejo que continuam a aparecer os agarrados a tentar aproveitar o que apanham do chão.

Na Assembleia tudo corre como é hábito, desde sempre. Uns estão lá decididos a foder-nos, outros estão-se a cagar. Mas de todos os que lá estão, não são todos iguais. São só parecidos e assim fica complicado separá-los.

sábado, novembro 02, 2013

Hoje

Riscos pedidos, hoje à tarde. À noite, os resultados.

terça-feira, outubro 29, 2013

O sentido da política

O sentido da política é bem mais complexo que o sentido da vida e por isso tenho usado bastante mais tempo a estudar a criar ideias que simulam um pensamento que se assemelha a um estudo da evolução da política. É portanto um estudo sólido e algo longo. Lanço aqui o desafio, caro leitor(a) a acompanhar as novidades do dia de hoje:

Uma lei definiria o número máximo de animais em casa de cada português.
Vou cruzar esta lei em vários vectores, tanto espectrais como temporais. Espectralmente: à esquerda, gozo. Ao centro, dizem que existe centro, eu acho que não existe, tudo ok. À direita, aparece um deputado do PP ( a lei é de uma ministra do PP ) a dizer que isto é fascismo. Deixei de perceber política. Temporalmente: A esquerda anseia historicamente por um estado social nórdico e pejado de regras civilizacionantes mas a uma regra que tem uma aparência nórdica tão simples e lógica, dizem não. A direita historicamente defende touradas e tradições. O que parece contraditório com a proibição de qualquer tipo de situação que piore a vida de qualquer animal. Podem sofrer mas só se for tradição, o que me parece demasiado específico. Noutros países, isto não tem nada a ver, a China tem uma política de filho-único que tem dado bons resultados, senão já estávamos a viver em caixotes de 26 andares. Os animal-lovers - que são de esquerda geralmente mas fascistas particularmente no que toca a animais vão falar em fascismo porque não se pode invocar a palavra animal em vão. Mas simultaneamente querem que este país volte a estar na vanguarda dos direitos animais não querendo implementar uma regra que protege os animais. ui disse animal. Em conclusão, o estudo efectuado concluí que quando se trata de definir regras o português é, da esquerda à direita, avesso a todas e sejam quais forem, podendo apenas ser implementadas respeitando ao princípio universal tuga das regras universais - "Até concordo que façam essa regra, em especial para o meu vizinho, mas eu não tenho necessidade de a seguir a toda a hora". Dado haver uma quantidade considerável de gente que não vota e não faz saber o que realmente pensa, o espaço ideológico ocupado por gente que; 1. aceita regras 2. não sabe as regras 3. faz o oposto ditado pelas regras; é distribuído equitativamente pelo todo desta República, permanecendo esta neste limbo entre o avanço tecnológico e o vintage-burlesco, terreno ideal para crescimento de bananas ad-aeternum.
Estudos indicam que sempre foi e sempre será assim, conquanto já foi pior.

edit - a lei já existe. É uma regulamentação já antiga que engloba uma boa parte das regras em vigor sobre habitação e animais. Este projecto de lei é uma actualização dessas regras. Infelizmente a discussão chegou à net, onde o tema "animais" é sugado para um void troll. Um dos primeiros comentários que apanhei foi " se me quiserem tirar o meu cão, recebo-os a tiro ". Isto parece a mesma conversa da extrema direita americana, mas em vez de armas é com chinchilas.

segunda-feira, outubro 28, 2013

Triple standards

Se eu discutisse aqui a história de duas personagens da Casa dos Segredos, estaria abrigado da acusação do não-tens-mais-nada-que-fazer-do-que-falar-da-vida-dos-outros porque o pessoal da casa dos segredos é das barracas e são uma vergonha. Se discutisse a história do Carrilho, estaria abrigado da mesma acusação porque faria um aviso prévio, vieram lavar a roupa suja para os jornais e quem compactua com revistas sociais eventualmente colhe o que semeou. Se discutisse aqui a história de 2 bloggers conhecidos quaisquer, não havia abrigo que chegasse.
Mas como neste momento só interessa é a história do Carrilho, fico-me pela futurologia: Quem é que será que se safa mais limpo nesta história?
a) Um ex-deputado, ex-ministro, filósofo, com um nome que leva Maria pelo meio, com aquela cara e com um tom de voz suave e ligeiramente queque.
b) A Bárbara.
A resposta está nos comentários do Correio da Manhã Online.

domingo, outubro 27, 2013

Oldschool

No dia seguinte tinha um copo de imperial no bolso de dentro do casaco.

ok, tá bem

Vou ver a tal entrevista com o Sócrates.

Campanha ajude um cérebro

As pessoas gostam de ser solidárias, mas ao mesmo tempo têm dois impedimentos importantes: são preguiçosas e são humanas. Depois há as pessoas que recolhem tampinhas.
Acredito que as pessoas que recolhem tampinhas estão no grupo demográfico das que acreditam em anjos e gostam de golfinhos. É infelizmente algo próximo de um problema cognitivo. Alguém teve uma ideia que explora esse problema cognitivo sem querer e fez uma campanha que tem cobertura na televisão de tempos a tempos e não há forma de acabar.

Portanto, uma tonelada de tampinhas, uma cadeira de rodas. Parece parvo? não as cadeiras de rodas, isso acho óptimo que aconteça. Mas espera. A mim sempre me pareceu parvo. Vamos medir o esforço. Portanto as tampinhas são plástico, plásticos reciclam-se, mas quando meto uma garrafa de plástico na reciclagem já lá vai a tampa. E está feito. Erodes lava as mãos satisfeito.
Mas eu quero ajudar alguém a ter uma cadeira de rodas. Meto a garrafa na reciclagem, tiro a tampa, guardo a tampa num outro sítio, junto tampas, quando tenho um monte delas vou a qualquer lado depositar as tampas, vou de carro, vão lá mais pessoas de carro com mais tampas, outras pessoas juntam quantidades maiores de tampas, até fazer uma tonelada, um monte de tampas, têm de ocupar a garagem com isto, armazenam isto no lugar do Fiat Punto, cada tampinha umas 2 ou 3 gramas, arranjam forma de transportar toneladas de tampas até à reciclagem e depois as empresas de reciclagem em Santa Cona do Assobio separam as tampas novamente porque são vários tipos de plástico, dão 600 euros por tonelada, umas quantas toneladas, 5, 6, uma cadeira de rodas. E a esta altura o Erodes já meteu uma bala nos cornos. Ou várias.

E assim um processo ineficaz de ajudar que é uma perda de tempo, recursos e dinheiro vai seguindo, porque o som de "tampinhas" é quentinho e é só uma tampa pequenina com cores. Não custa nada.


sexta-feira, outubro 25, 2013

Surf Report

Após alguns meses de Surf:
Ser surfista já foi cool. Agora faz-se surf porque se gosta.
Os surfista oldschool ainda não encaixaram que não são cool se se comportarem como surfistas.
Realmente, fazer bodyboard é uma merda. É tipo deixar o surf a meio.
Já surfei ao lado de pessoal de topo mundial.
Surfar faz ganhar massa muscular. Muita. Vai essencialmente para a pança e ombros.
Não vejo a hora de começar a praticar Jet-ski.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Odisseia pode ter sequela

O Pascoal adiantou-me que o Januário contou que há novidades no Vale de Santarém. A versão tuga da segunda parte do Hangover pode estar em pré-produção.

quarta-feira, outubro 23, 2013

Tenho um desafio

O design tem de ser um desafio. Há anos nisto e só descobri há dias.
Dois cenários, primeiro o habitual:
Prezado desenha algo a pensar que deve ser entendido e lido correctamente, de forma natural e intuitiva. Espera que o que apresenta como solução passe como que despercebido, sem atrito, que simplesmente seja apreendido com uma fluidez natural, ergonomia visual em acção. Espero feedback e há sempre falhas. Alguém nota sempre qualquer coisa. Alguém tem sempre uma dica, até.
Cenário dois:
Prezado está a pensar numa folha de papel gigante onde vai gatafunhando todos os eventos que se lembra, ligando meio à bruta a informação que depois vai incorporar num layout posterior, seguindo regras, convenções e soluções gráficas pré-concebidas, com a máxima acuidade possível, de maneira a que toda a gente entenda o pretendido. Alguém olha para a folha. Adianto "não ligues. Isto é só um esquema para saber tudo o que entra no layout. Não vais perceber nada.". Não espero feedback. Mas tenho-o: "Tás a dizer que não consigo ler isso? deves achar.".
Proponho então este novo método. Bauhaus com os porcos Gestalt é boa prós cágados, passo a apresentar layouts à-chico-esperto-de-Alfama:

- Já acabaste o layout?
- Já. Nem te conto. Este é mesmo lixado.
- Mostra lá isso.
- Quero ver se percebes este, tenta lá.
- ... Espera... Acho que estou a chegar lá.
- Dúvido.
- Juro. Isto aqui não é um headline?
- Tenta outra vez.
- Foda-se, és fodido, é sempre a mesma coisa. Facilita, meu.
- Tenta lá outra vez. Dou-te uma pista. Quando há fontes a menos de 8 pontos é uma nota de rodapé.
- Ok, tou a gostar mais disto. É aqui o headline?
- Tu vais lá.


terça-feira, outubro 22, 2013

Há uma linha que separa

Há linhas de baixo e linhas de lado. Há a linha continua e a linha alinhada. Há  linhas curvilíneas e a linha rect... espera mas se é uma linha curva é curvilínea por definição e etimologia isso é como dizer que um círculo é circular ah espera agora é que estou a ver, estou a meio dum daqueles anúncios ui vou continuar, a miúda é gira, só não curto é aquelas bandas horizontais cortadas, gamadas de vídeos de anos 90 combinadas com visuais de videoclips modernaços Há a linha ofensiva e a linha ofendida, há linhas comprometidas linhas perdidas linhas que nem comento. Há alguém da Linha está? só um momento. Há a linha de fogo, a linha dura e a de alta costura. Alta costura? linha de apoio? mas espera é só rimar é que há bocado parecia um cliché de spoken word aquela pausa pseudo cool e parecia que ia a qualquer lado, agora é só rimar ah assim é mais fácil espera já volto há linhas de avião de legumes bordados e cortumes há linhas de papeira vinhos pianolas e madeira, há linhas semanais linhas de meloa linhas a ligar Berlim com a Brandoa. Há linhas de crédito linhas de pó linhas de guitarra e linhas de meter dó.
Há linhas. E há uma linha que separa um copy de um poeta. Essa linha acaba aqui:

Poeta, qualquer
________________

Televisão generalista, todas

domingo, outubro 20, 2013

Simbolismo

Há anos que isto acontece assim: Há uma manifestação, eu e mais 5 mil pessoas estamos mesmo cheios do Passos/Sócrates/Cavaco/corja e vamos para à porta da assembleia. É simbólico. Não está ninguém na assembleia. Vamos mostrar-nos, só. Cada um tem razões diferentes para mostrar que está ali. Depois, há 30 polícias a tapar as famosas escadas da assembleia. Só as escadas. As escadas da assembleia são simbólicas, também. Há 3 crenças em volta das escadas: os deputados da oposição acreditam que o governo deve demitir-se caso as escadas sejam invadidas. Os jornalistas acreditam que passadas as escadas, estamos na Grécia. E os manifestantes acreditam que passadas as escadas, invadem a assembleia e o poder é restituído ao povo legitimamente. São escadas portanto com um poder simbólico muito grande. Convenção sem acordo, todos cumprem a tradição da escada, a cada manif. Uns comenta-na, outros protegem-na, outros tentam invadi-la.
Ontem a CGTP criou um novo paradigma de manif. Elevou a fasquia da manif simbólica para um patamar já conceptual e trouxe-a para o sec. XXI.
Começou pelo simbólico: A Ponte 25 de Abril. Uma marcha pela ponte, ao jeito de uma marcha pela Avenida da Liberdade e a relembrar os episódios da ponte doutros tempos. Com isto tornou-a uma manif CGTP/Almada-centrica. Quantos é que de Lisboa iriam a Almada de propósito?
Mas foram invocadas razões de segurança e proibida a passagem da ponte a pé.
Aqui entra parte do novo paradigma: A marcha de autocarros. Um ersatz de uma manif para cortar o trânsito da ponte a um Sábado - repara, o simbolismo - do sul para o norte. Fez-se.
Os autocarros fizeram a sua marcha lenta, ocupando apenas a faixa direita da ponte. Novamente o simbolismo em acção. Uma ponte invadida com uma faixa lenta de autocarros não é o mesmo que uma ponte cheia de autocarros em todas as faixas. Mas foi filmada, como sempre. Uma marcha sem pessoas, para televisão ver. E isso é a saída para o século XXI:
Esta manif foi totalmente pensada para redes sociais. A ponte filmada tem muito para ser um viral. A distância entre o tabuleiro/palco e as pessoas em Almada e Lisboa é tanta - mesmo que seja só mental - que só procurando fotografias e videos da manif no youtube e afins é que se teria tido uma ideia do que tinha sido a marcha a pé. Mal se ouvem. E à vista desarmada, de Alcântara, uma fila de autocarros na ponte não é uma boa performance.

Edit: Acho que foi tudo só uma ideia mal pensada da qual já não dava para voltar atrás.

Carros

Manifs a pé é coisa da Disney

Ontem vi umas imagens da manif da CGTP na ponte. Helicópteros a filmar, carros a entrevistar carros. Parecia um filme.

quinta-feira, outubro 17, 2013

Urso Tech

Após meses, fiz como os putos: fui no autocarro de tablet a fazer de mp3. É o maior leitor de mp3 que já usei. Como é um bocado figura de urso ir a ouvir musica com um ecran daquele tamanho, meti-me a ver um Stand-Up do Carlin. E depois fiz figura de urso a rir-me sozinho.

Porno para neo-liberais

Vejo a novela americana lá longe, a extrema direita contra a direita extrema ( tomada por marxista pela extrema direita americana, tomada por socialista pela esquerda portuguesa e uma utopia pelo PP, por um povo a escolher entre direita e direita espera isso é mais ou menos o que temos cá mas encoberto com bandeiras às cores, lá simplificam metem azul ou vermelho e pronto ) e lembro-me que temos cá as mesmas pessoas mas mais caladas. Nem toda a gente quer ser um João César das Neves a exibir-se à solta na rua. Mas eles topam-se. Eu recomendo o teste abaixo, resultado de um estudo realizado por cientistas de. Exposição a porno neo-liberal. Uns não aguentam a pressão e entregam logo o jogo. Outros dão mais luta e disfarçam melhor. Também pode e deve ser usado em almoços de negócios, jantares com amigos e reuniões com clientes. Por ordem de tesão e fetiche:

Masturbação

Dizer com que idade o Belmiro ganhou o primeiro milhão

 
Pão com manteiga
Discutir o horário de trabalho de um funcionário público.


À bruta
Dizer quanto de um ordenado vai para o estado, há quanto tempo se desconta para a segurança social sem falta, quanto tempo um desempregado tem direito a subsídio e quanto é que se paga numa consulta numa urgência que demora 6 horas.

Bondage
Relatar o tempo em que uma empresa ficou parada à espera de uma licença camarária.

Sado Maso
Relatos de atendimento em repartições públicas.

Bestialidade
Citar o João César das Neves.

quarta-feira, outubro 16, 2013

Capitalingo globamisto

- Boa tarde.
- Boa tarde, é um Cappuccino. Grande.
- Como é que se chama?
- Prezado.
- co-como?
- Prezado.
- Prezado?
- Sim.

Experiência atroz, o Starbucks. Faço a publicidade porque não adianta publicitá-lo: A experiência de um café destes não é para portugueses de 30 anos. Não é uma experiência de um café. É uma experiência americana. E eu gosto de cá estar.
Só procuram esta trampa porque foi vista em filmes. Quem se cola a uma cultura - baixa - com filmes e procura repetir a experiência do filme - basicamente a parte de chacha - são os miudos que enchem o youtube de cabelo nos olhos e calças nos joelhos. Sim, estou velho e eles estão a tomar o mundo, mas hei-de ter cafés à antiga, eu e o grupo de gajos-velhos-que-gostam-de-cafés-portugueses-à-antiga e que conseguem usar o hifen de hei-de com mestria.
Porque é que um café português é bom? porque não tem mestria. Não é um negócio. É só uma forma de adiar a morte. Vou a um café e não me tentam vender nada. Só querem viver em paz. Num Starbucks apanho com marketing estudado de ponta a ponta a justificar os preços de aeroporto e eu vejo-o, cancro do mundo vejo-o em raio-x, a puta dos copos Grande, Tall e Vasetti ou uma treta qualquer a armar a um pingarelho italiano que para nós não quer dizer nada. Dizia Grande, Gigante, Giganorme. Mas, são cafés, são só cafés, não usamos cafés para medir pilas. Isso fazemos com quantidades de super bock e histórias de grégo e gajas. Vi também Cappuccino, Latte, Mocha não sei quê e mais uns quantos. Ah, variedade? não brinquem. Carioca, escorrido, descafeinado, garoto, duplo, meia de leite - normal ou de máquina, bica, cimbalino. Como? em chávena fria, chávena escaldada ou abatanado? Espera. Curto, normal, cheio, com cheirinho? E se é pela cena de experimentar coisas diferentes, é para isso que serve o abatanado: Ninguém consegue explicar o que é aquilo afinal.
A atrocidade aumenta: Juntar tudo isto e somar-lhe o atendimento. Eu gosto de ser atendido por humanos, apesar de tudo. Mas Portugueses a seguir um guião americano não me convencem. Mas quero ser bem atendido. Mas não quero sair do café com mais amigos do que entrei. Mas só do lado de lá do balcão.
Depois, a cena do nome. Eu não quero dar uma palavra-passe para receber o meu café. Isto não é uma sessão de sado para ter uma safe-word para me poder levantar da cadeira e ir buscar o café ao balcão. Orgulho-me de ter alguma compreensão de linguagem corporal e perceber quando um empregado tem o café pronto só de olhar e ver que tem um café na mão. Sim, depois disso um simples "ó amigo" ou um "ó chefe" basta.
Finalmente, é tudo de pacote. Croissants de pacote, bolos de pacote, sandes de pacote. "Pode ser uma torrada.". Hosana, vem por barrar. Não, pessoal do marketing. Cá em Portugal um Starbucks está vazio seja a que horas for e vocês não são pagos só com gorjetas mandatórias. Imagino que tenham tempo de barrar a puta da manteiga na torrada. Não me custou muito fazer isso, é certo. Mas como sou um nazi capitalista, gosto de gente servil.

terça-feira, outubro 15, 2013

Mensagem do futuro

Vou ali a passar à escola de betos ao pé do trabalho à hora de almoço e estão uns 15 a fumar uns quantos canhões nas traseiras da escola. Tive uma tarde mais calma só a conta de ter enchido os pulmões a passar na rua.
Pessoas do passado, toda a gente percebe que vocês estão todos queimados. Os vossos pais só disfarçam para não se chatearem. Eles também lhe deram com força quando eram putos.

segunda-feira, outubro 14, 2013

Comentaródromo

Ler jornais online e ver os comentários tira-me a fé na humanidade. Parece haver uma probabilidade estatística que favorece o acesso de labregos a teclados. Será que têm um mindinho mais comprido que carrega no Enter sem lerem o que escrevem? escrevem com a testa?
Proponho a criação de divisórias no-meu-tempo™ na internet. Como que estábulos virtuais, separam-se os comentadores por faixa etária:  60/70, 50/60, 40/50 e assim por diante, subdivididas em boxes para cada par de anos.

sábado, outubro 12, 2013

O tal do empreendedorismo, visto daqui

É complicado ser ex-bloquista e anarco-primitivista e ao mesmo tempo andar na senda do empreendedorismo. Seria fácil comparar-me com, por exemplo, um político do PC de uma terra aí algures que simultaneamente é empresário, dono de uma fábrica, mas onde não são permitidas greves ( é de Peniche ).
Aqui o pessoal do 5 Dias, que vou seguindo, relata umas verdades sobre o empreendedorismo que não são a verdade toda. Cito:

"Não há jornal ou revista que nos últimos três anos não tenha apresentado uma ou mais reportagens sobre “empreendedores” de sucesso vário. Normalmente a reportagem apresenta X portugueses que triunfaram na sua área / abriram um pequeno negócio de sucesso / tiveram uma ideia genial / regressaram da emigração (riscar o que não interessa)."


Eu próprio digo isto dentro da empresa. É verdade. E enjoa. Não estimula o espirito critíco. Qualquer trampa é vista como uma ideia genial, uma ideia de chacha mas visível é promovida como a ultima coca-cola no deserto. Mas os telejornais começaram a passar conteudos de qualidade a partir de quando?
O português é Saloio e não é de hoje. É um fascinado.

"O “empreendedorismo” não é a renovação do tecido empresarial do país, a excelência criativo-técnica da sociedade ou o sentido de aventura dos jovens, mas sim a crise, a austeridade e a precariedade pintadas de amarelo e azul com o lettering em helvetica neu."

Verdade. A renovação não está no empreendedorismo. Está nas universidades e depois está nas empresas. Mas, disseste Helvetica Neu. Sim, de facto, é melhor usar helvetica neu e renovar a imagem das empresas. A começar por qualquer coisa, porque não pela imagem? Sim, um político dirá que se começa pelas políticas, eu digo que se começa pela imagem. É que a imagem actual é uma miséria. O pouco que de melhor se desenha nas empresas ora cai no neo-vintage que nunca tivemos ( não tinhamos produção industrial nessa altura) e limitamo-nos a copiar o estilo americano dos anos 50 ou vamos para pós-pós-moderno dos hipsters em que seja o que for que se venda, o logotipo mete cruzes, ancoras, triangulos e é sempre a preto. Mas é melhor que o resto do cenário.
 E agora a parte da desonestidade intelectual, cruzada com a falta de noção como remate nesta tirada ( esta é a parte que eu gostei mais ):

"PS: Na altura de postar procurei no google images “empreendedor”. O resultado é profundamente sinistro, cínico e esclarecedor.  O momento empreendedor de orgasmo divino no escritório é todo um novo programa de alegria no trabalho.


(...)"


Meu mas que ideia de merda para acabar com um post que tinha lógica e vais dissertar sobre umas imagens sacadas da net, semiótica para deputados é isso? porra mete a mão na consciência eu sei que não curtes a conversa dos betos que nunca se viram à rasca com dinheiro mas assim não dá. Eu até estava quase a acabar de ler o post e a pensar "é isto, ele tem razão, vou mas é emigrar para a Holanda para uma comuna vegetariana" E dou com isto.
Mas alguém com cabeça usa estas imagens de merda?
As minhas discussões diárias com clientes são à conta deste tipo de mentalidade de mínimo denominador comum. Discuto e discuto e discuto e apanho com um "ah, mas o Zé usou na apresentação dele". Por isso é que se fala da tal renovação do tecido empresarial. Estas imagens são usadas por vendedores de carros de Frielas em acções de team-building no Natal. As tais empresas de chacha é que usam isto, cliparts 3D é uma casse particularmente mal vista, até por aqueles que usam cliparts. E como são a maioria, o Google entrega o que a maioria gosta: Merda.


nota: O autor tem uma opinião séria sobre empreendedorismo, renovação de tecido empresarial e preconceitos. Mas isso não é para aqui.

sexta-feira, outubro 11, 2013

Geek alert


Não impressiona ninguém. Parece uma treta para afinar travões de Skodas
Esta faz o mesmo mas com ar de ser uma cena modernaça. Isso paga-se.
3D printing é uma área que sigo há uns 5 anos e que finalmente está a chegar a preços que uma pessoa honesta consegue ponderar comprar. As impressoras são cada vez mais - até há uma portuguesa no mercado - e já não é preciso um curso de engenharia para operar uma. Claro que há uma relação inversamente proporcional entre nabice e preço da máquina: quanto mais nabo, mais afinada e self-contained tem de ser a máquina, logo, mais cara. São uber-geeks? aí há maquinas baratas.
Esta parece-me que é a máquina do momento porque não é preciso ser engenheiro e já não é brutalmente cara. Só cara. ). E um dia, quando for grande, perco o amor ao guito ( ou espero 5 anos e gasto 1/3 do guito ) e meto uma cena destas em casa.
Isto é uma de filamento, há mais 2 ou 3 tipos de impressão 3D, este é um dos métodos mais acessíveis e mais fáceis de operar.




quinta-feira, outubro 10, 2013

Toda a verdade sobre

Bicicletas em Lisboa.
Aquela conversa de "Lisboa? faz-se bem." é uma tanga. Lisboa é uma merda. Nem falo dos declives. Falo dos taxistas, dos camiões, das grelhas, dos buracos, das ciclovias feitas a pensar em carros, do pessoal que usa as ciclovias como passeio, os pinos de merda em todo o lado, as passagens de peões, as putas das linhas do elétrico, as ruas em calçada à moda antiga, as tampa de esgoto no meio da estrada. Depois, os declives: Lisboa faz-se bem o caralho. Ou vivem no planalto no eixo saldanha-S. Sebastião com as putas das bromptons ou então fazem como manda a lei, andam por todo o lado com BTT's e parecem preparados para a rampa da Falperra.
Finalmente, a impossibilidade de um gajo ser um individuo e ter uma bicicleta simultaneamente. Há bares para pessoas com carros? porque é que fazem cafés para pessoas com bicicletas? Ca perda de tempo, Deus. Vão falar de quê? Carretos e manetes? ah, vão falar da vida. Então um bar dos outros não serve? Foda-se.

segunda-feira, outubro 07, 2013

domingo, outubro 06, 2013

Net, Porno, Gatinhos e privacidade

E um quadro da cabeça do Camões numa teia de aranha.
Não gosto quando generalizam e dizem mal da internet. É das melhores invenções da história. Vejamos:
Ontem passei pela feira da Ladra. Entre muitas outras bancas, havia uma com cassetes de video de porno - ainda há quem veja porno em VHS e não é retro, é mesmo falta de guito / imaginação  - onde fiquei um bocado a ler as capas. Isto é pela ciência, óbvio. Fui lendo até chegar ao título "O meu cão é uma bomba sexual"e afastar-me da banca. É aí que se percebe 1. a importância da Internet 2. a importância da privacidade: Como é que um gajo preso ao ano de 1984 faz, se gostar daquele filme?

- Bom dia. A quanto é que são os filmes?
- É 3 euros cada.
- Levo aquele ali, o "o meu cão é uma bomba sexual"... É para o meu mais novo, o que o rapazeco gosta de animais.

ou

- Bom dia. Quanto é que é ali o "O meu cão é uma bomba sexual"?
- ehhhh esse é 5 euros.
- Tem mais destes assim?
- Tenho aí da Lassie.
- Esses já vi todos.
- Tenho o do Castelo Branco.
- Que nojo.

Net: só vantagens. Para todos.

Um sábado médio

Acordar ainda cedo* para ir à feira. Ir de autocarro buscar a bike ao emprego. Ir de bike Almirante Reis abaixo. Ver o novo Intendente. Esbarro em mais um designer ex-Iade de bicla. Rua errada no intendente: tudo putas e manfios na mesma. Valores antigos não se perdem. Lembrou-me as Ramblas de Barcelona.
Martim Moniz em 5 minutos. Santa Apolónia e subir com a bike às costas até à Feira da Ladra. E uma volta à feira. Pensei seriamente em comprar uma perna de pau. O homem queria que eu a levasse porque também percebeu que era só para gozar, visto eu ter duas pernas normais ainda. Palácio Sinel de Cordes. Outra volta pela feira. Portas do Sol. Mau piso para andar de bike. Chiado. Almoçar a casa. Bulir umas horas. Dormir uma sesta antes de sair para jantar. Ir de bike ao emprego buscar o telemóvel que ficou lá de manhã. Jantar para os lados das Portas de Santo Antão. O grupo de chinesas no restaurante pede bebidas exóticas: Sangria. Esperei que pedissem bitoques.
Crashar numa festa de anos na Calçada do Combro.
Matrecos e minis até às 4 com pessoal que nunca vi.
Discoteca. Descobrir quem é que afinal fazia anos já na fila para entrar.
Deixar a discoteca fechar. Cais do Sodré. Taxi. Taxista muito efusivo por 20 centimos de gorjeta. Já fora do taxi confirmei se não tinha dado 20 euros de gorjeta. Não.

* Só possível porque dormi sexta.

quinta-feira, outubro 03, 2013

Neo-liberalismo de pacote

Não consigo deixar de achar piada a quando vejo um daqueles empresários que como é habitual vê o estado como uma sanguessuga muito pesada e cheia e se indigna quando esta não lhe apara um golpe. O estado é uma sanguessuga, mas é uma sanguessuga boa, apesar de tudo. Uma sanguessuga capitalista a sério não é isto. Até os neo-liberais de cá faziam cocó nas cuecas caso apanhassem com anarco-capitalistas a sério. Aqui fica o remédio para neo-liberais portugueses, porque a vida dá muitas voltas.

Repitam baixo o Mantra,


Eu sei lá se um dia fico no desemprego.
Eu sei lá se um dia fico doente e no desemprego.
Eu sei lá se um dia fico doente, no desemprego e sem dinheiro.


O neo-liberalismo de pacote caracteriza-se por ser defendido irracionalmente por pessoas que, a ser aplicado, seriam as primeiras a morrer à fome por falta de competência para se safarem por elas. Depois choram.

Não temos segredos

Hoje apanhei um daqueles casais "não temos segredos".
Como assim não temos segredos?
Isso não existe, meu.

Podem partilhar muita coisa, escovas de dentes, a água do bidé, as passwords do facebook, chinelos de enfiar no dedo. Até pijamas com coelhinhos, como a menina do trombone. Mas isso de "não temos segredos" é como qualquer outra ideia totalitária: Impossível de aplicar em humanos.

Quem tiver uma relação dessas acuse-se e relate.
( só para confirmar os zero comentários habituais )

terça-feira, outubro 01, 2013

Vantagens de ter trabalhado uns anos só com mulheres

Eu sei o que quer dizer "Oh, isso parece-me uma optima ideia! Obrigada!".

Clientes do Inferno

A cena que me faz ter vontade de lhes arrancar a cabeça com uma pá é entrarem em detalhes com as minhas opções depois de já terem conseguido foder quase tudo.
Senhores: Se já está tudo desvirtuado, não é com um linha de texto que a coisa deixa de vender.

contabilidade

Primeiro caderno, capa preta, 200 folhas, umas alinhadas por datas outras não. Desenhos 163, todos a preto. Deixei o branco com as folhas. Segundo caderno, mais pequeno que preto, menos folhas, furadas com argolas. Desenhos 40, está a meio. Canetas, uma fina de feltro e um pincel retratam no branco jardins bancos de jardim, casais na relva de papo para o ar, postes, gente a ler na praia distraísa, gente em bancos da frente do autocarro, nucas e orelhas especialmente.

segunda-feira, setembro 30, 2013

Fui ao tasco do costume

No Tasco forjam-se alianças. Marcam-se jantares. Fazem-se inimigos. Comenta-se a bola. Fazem-se reuniões  de trabalho. Comenta-se a política. Acontecem revoluções. Até há mini-pratos. Vivem-se dramas. Ouvem-se conversas importantes. O chefe da divisão é uma besta.
Mas uma coisa eu não consigo: é que aquele cabrão traga o que eu lhe peço sem regatear outro prato que lhe interessa despachar e que mesmo depois de saber que quero uma bica cheia, fale em cafézinhos.
Hoje deve ter percebido qualquer coisa, porque pela primeira vez trouxe uma meia-dose que consegui comer até ao fim.
Estava aqui a tentar fazer uma alegoria com a história da lista do Isaltino ter ganho mas depois percebi que há coisas que não têm piada nenhuma. Francamente, com tanto tumor no cérebro que aterra onde não dá jeito.

sábado, setembro 28, 2013

Telejornais: um estudo

Estudos efectuados em minha casa chegaram a descoberta da melhor forma de ver as notícias da noite.
As notícias devem ser vistas a partir das 21:00 horas. Depois dessa hora, deve aceder-se à smartbox da TV e activar "ver este programa do início". Agora em fast forward em 64x, podemos assistir a uma versão mais útil das notícias diárias. Desprovidas de som, com os oráculos ditando em segundos os tópicos em destaque e percebendo quais o principais intervenientes na actualidade, consumidas em 3 minutos, podemos perceber rapidamente como a realidade nãos nos interessa mas simultaneamente entender plenamente onde nos encontramos. Terminado o telejornal, podemos mais rapidamente ditar bardamerda para estes cabrões e ir votar amanhã em consciência: branco.

Performance Bienal

Produzi e executei uma performance há uns dias.
Entrei a correr numa loja com uma missão muito bem pensada e estudada, visualizei os passos todos:

Fui comprar roupa.

 Eu até tinha isto bem estudado. Mas assim que esbarrei no Slim Fit skinny relaxed e raistaparta 9 tipos de calças e eu quero umas calças de ganga já me lixaram o esquema mas que por que mas tem e é mas porque é que é tão complicado de se meterem na cabeça de uma pessoa normal?

- Aqui estão, as calças acabadas de fazer. O que é que achas?
- Parece-me bem. Mas esta ganga assim, dá ideia que são umas calças acabadas de fazer. Não podes fazer nada quanto a isso?
- ah, tudo bem. Vou já ali martelá-las com pedra pomes durante 2 dias.

E há gente que faz isto por gozo: tira sapatos tira calças mete calças tira camisola mete camisola troca calças troca camisola tira calças mete sapatos vai buscar calças despe camisola abre o cinto tira sapatos tira calças devolve camisola essa não a outra devolve camisola certa paga cala outra loja tira sapatos tropeça nos sapatos tira calças poe calças tira sapatos tira calças mete calças tira camisola mete camisola troca calças troca camisola tira calças mete sapatos vai buscar calças despe camisola abre o cinto tira sapatos tira calças devolve camisola essa não a outra devolve ca camisola certa paga cala outra loja tira sapatos tropeça nos sapatos tira calças põe calças.

Gente que voluntariamente entra em lojas, tendo roupa a sobrar em casa. Esta gente deve votar no Passos, é isso. E a cena da "moda". As lojas já me pareceram mais simples de entender. Tinham tudo igual, por cores. Pólo, preto, verde, azul. Camisola, preta verde azul. Agora já não chega só isto. Há mais dimensões.

- O que achas destas camisolas lisas?
- Demasiado lisas. Não podes lixá-las com um padrão fatela de 83?
- Ah, tudo bem. Vou já ali copiar uns catálogos alemães de 2003.

E para fechar, entrar numa loja com 40000 KW de Holofotes para comprar um blusão. É como ir às Bermudas fazer o Test Drive de um trenó.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Lembrei-me disto

Reality show é um formato que não gosto. Acho que isto é bem melhor: Standup Designers.
O nicho existe.

quarta-feira, setembro 25, 2013

Herança digital, pergunta para o queijo da ética:
Morreu alguém. Tinha, além da sua vida de lá de fora, a vida daqui das interwebs. Fotos, posts, textos, buscas, musicas, videos favoritos. As redes sociais só têm 5 anos por isso ainda não perderam muito tempo ( alguns já perderam algum ) a pensar no que acontece a tudo o que foi colocado online.
Deixem todos escolher. Mas e quem não escolheu, o que é o melhor?

  1. Apagam-se a contas.
  2. Dão-se as passwords à família.
  3. Dão-se as passwords à mulher.
  4. Zipa-se tudo e mete-se no Hi5.


terça-feira, setembro 24, 2013

Ruído de fundo

Estava aqui a pensar, moribundo na cama, um ano de surf a fazer frio ou calor, nem uma constipação apanhei, nem nada duche gelado no inverno nada nem uma constipação apanhei e agora dou uma volta de bicicleta e estou a morrer a constipação apanhou-me, e a olhar para o tecto reparei que não tenho nada para dizer. Reparei que passo o dia a trabalhar num método que raramente encontrei.
Lembrei-me de que as coisas mais inspiradas que produzia encontravam-se nos cantos dos cadernos. Aquele ruido de fundo do professor a explicar coisas que não me diziam muito metia-me a pensar. Enchia cadernos de desenhos a bic preta e aquele ruído de fundo ajudava-me a focar.
E agora que estou com pouco para refilar ou para teorizar uma fuga, acho que uma boa parte da culpa é do trabalho: não é ruído de fundo e ocupa-me o cérebro.

segunda-feira, setembro 23, 2013

Eu sei

Este fim de semana fui passear de bicicleta. Sim, tenho um alter-ego que anda de bicicleta. Faz parte de ser designer, como faz parte ser surfista quando se é director de arte. Isto é, é uma tanga. Esta ideia de atribuir hobbies certos e atempados a cada profissão é de uma tacanhez mental tão grande que não consigo explicar. Vou tentar fazê-lo com uma infografia:

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=  unidade de tacanhez mental relativa a passatempos obrigatórios
* =  tacanhez mental habitual

 Eu sei, andar de bicicleta é cena de designer. Mas, pode calhar ele sempre ter gostado de andar de bicicleta. Mais, pode calhar gostar de surfar. E agora? será que as otites da água salgada nas orelhas interferem com a capacidade de ouvir as buzinas dos carros? ou o atrofio dos músculos dos braços de só pedalar interfere com a remada no surf? ou ajuda? Mais: continuo a combinar isto com o ocasional urbansketching-a-solo, uma modalidade conhecida normalmente como "desenhar". Desenhar é a versão anti-social e desprovida de glamour do urban-sketching. Usam-se canetas e blocos na mesma, mas não se fazem ajuntamentos com outras pessoas que também são capazes de combinar o uso destes objectos e não se usam - isto é importante - Moleskines. Sim, há cadernos que custam menos de 15 euros e são feitos de papel na mesma.
Com o pessoal das bicicletas, apanho o mesmo tipo de fenómeno. Andar de bicicleta não é o que os move, é ter Aquela bicicleta - invariavelmente é cara demais para o uso que lhe dão - e andar de bicicleta naquela bicicleta, naquele dia, com aquelas pessoas que também andam com a mesma bicicleta. Isto dito assim até pode parecer ressabiamento, mas depois lembro-me de que quem tem uma religião, partido, filosofia de vida ou pertence à espécie humana, acaba por embarcar nesta treta do rótulo e da caixa em pouco tempo.
Já disse que curto bué andar de bicla?

domingo, setembro 22, 2013

Post à antiga

Saí daí da Alameda e fui pela Almirante Reis abaixo. Já não fazia o caminho há uns tempos.
Há uns anos - isto da idade está a ter o efeito de me lembrar de coisas de há 15 anos como se fossem ontem - a avenida tinha muitas lojas de móveis. Foram fechando. A concorrência sueca matou as de móveis baratos e lisos mas falha no nicho casa-de-alterne. Vou descendo e contando a quantidade de merda prateada e dourada com tapetes de zebra e candeeiros de leds tipo pintelho abstracto que se consegue por numa casa. Alguns prédios vazio já resolveram o problema dos sem-abrigo: meteram grades nas arcadas. Continua a dormir muita gente nas arcadas ainda abertas.
Passo pelo primeiro Kebab da rua, agora são muitos. Por cada um deve haver uma loja de telemóveis.
Ao pé da sopa dos pobres um hotel que parece de luxo aproveitou as arcadas para fazer uma espécie de Lounge na rua. Vazio. Deve ser chato beber imperiais numa avenida principal e levar com gente a cravar cigarros e trocos a cada 5 minutos.Já no Intendente, a mistura habitual de Lisboa. Renovaram o Largo, as pessoas continuam a ser as mesmas e ainda vão durar uns anos. Putas e agarrados com hipsters e meninas de sabrinas. O raio de acção da renovação funciona como um sinal de wifi, 40 metros e a coisa começa a falhar. Aquilo é uma zona pobre mesmo. Come-se atum por ser barato e não por ser conserva.
Para a esquerda fica o caminho que leva à feira da Ladra.
Mais Kebabs. Muitas esplanadas. Até os Kebabs mais pequenos fazem uma esplanada à porta. Chego ao Martim Moniz, há muita gente na rua e até aqui só cruzei com 6 pessoas que podiam ter nascido, sem dúvida nenhuma, em Barcelos.

quinta-feira, setembro 19, 2013

Matrix

Estudos referem que podemos reter informação ouvida durante o sono.
Com o hábito de adormecer a ver documentários no youtube em autoplay, temo acordar um dia destes com um conhecimento profundo sobre batalhas da segunda guerra, teoria das cordas e gatinhos.

terça-feira, setembro 17, 2013

O meio é a mensagem

A teoria é velha, mas não é muito falada. Diz o senhor que o meio ( de comunicação ), seja rádio, televisão, jornais revistas e afins, e todos os formatos que possam ser divulgados nesses meios, influenciam a mensagem que veiculam. Isto é: vender batatas na rádio é uma coisa, vender batatas na televisão é outra coisa, e o peso ( ou ausência dele ) do meio condiciona o receptor. Neste momento, 2013, televisão por cabo youtube blurays netflix jornais e revistas, calha haver designers a trabalhar em todos estes meios. E qual é a coisa que todos os designers notam?
Não é de agora, mas ninguém perde tempo a ver as batatas com olhos de ver e limita-se a ligar-se ao meio. Ver televisão é ver séries ver séries é ver séries americanas ver séries americanas é ver as mesmas sequencias e tipos de planos. Ver youtubes é ver videos de gatinhos, há videos de gatinhos com mais gatinhos, ha videos de gatinhos com menos gatinhos, há videos de gatinhos que não usam gatinhos. Ler revistas é ler artigos, ler artigos é ler estórias ler estórias sempre contadas pela mesma ordem ler estórias que só mudam as personagens, ler estórias que só muda a altura em que se passam.
No meio disto, há a publicidade.
Que nisto é como o design:
Todos sabem fazer publicidade.

Uma mensagem que é rápida de consumir, só pode ser fácil de fazer. E é tão fácil, que nem precisa de ter nexo. Basta parecer real, como quem olha para algo de olhos semi-cerrados para ver se a mancha está porreira - aqui só colegas de profissão percebem, lamento. É uma técnica para perceber se os elementos numa página estão equilibrados sem a influência do conteudo - mas que, abrindo os olhos,  a tal mancha mantém-se. Não há uma ideia, há só uma mancha de uma ideia, não há um headline, há só uma frase, não há a fotografia que conta a estória, há só uma fotografia qualquer.
A pergunta que fica no ar é se isso faz assim tanta diferença: alguns notam, a maior parte não ( conscientemente não, mas inconscientemente sim? ), e no entanto, ninguém morreu. Se calhar é mesmo assim.

segunda-feira, setembro 16, 2013

Isto pode ser vantajoso, mas não tenho a certeza

Aos olhos de quem chega cá, este país está desenhado para ser retro-compatível. Tirando multibancos e telemóveis, isto é um atraso. As lojas vintage multiplicam-se, qualquer dia recuperam todas as fábricas de vassouras organicas, as lojas de bicicletas com bigode victoriano são cada vez mais, os cafés que eram lounge e agora são hipster, mas não passa disto. A minha dúvida é se é melhor mudar para melhor ou ser assim e ter um nicho de mercado global, assim como temos a Alemanha país dos carros caros, a China dos relógios baratos, a Suiça dos chocolates, e Portugal poder ser a Lisboa das mercearias de conservas enlatadas.

sexta-feira, setembro 13, 2013

Isto dá voltas

É complicado fazer a transição de vender sabonetes e chocolates para vender tecnologia.
Vender sabonetes é complicado porque é preciso manter tudo simples e idealmente, genial. É muito raro bater nesta tecla do genial:
  • não é para todos
  • não é preciso genial para vender sabonetes ( mas ajuda )
  • há um cliente que mata a parte do genial porque o que é genial geralmente quebra uma barreira inesperada

Já vender tecnologia e serviços de forma genial é mais complicado ainda:

  • não é para todos
  • é preciso estar perto de genial ( tem de ser )
  • não há um cliente a matar a parte do genial e assim não posso dizer que é complicado por culpa dele mas porque é mesmo complicado e não tenho um outro alibi a jeito para falhar o genial

quarta-feira, setembro 11, 2013

Tenho uma ideia para uma App

só um botão, 99 cêntimos de cada vez e ficava rico

Stargate

Descobri ali para os lados da Baixa um buraco para outra dimensão. Há uma quinta pedagógica e trance a menos de 50 metros do Coliseu dos Recreios. Acho que fazem lá o aquecimento para o Boom.

180 debates

Tirarem as autárquicas da televisão é um golpe muito grande para todos. É tirarem muitas horas de televisão realmente boa e rara. O Garcia Pereira, lembro-me bem disto, queria que todos os partidos tivessem debates na televisão, a bem da democracia participativa. É meio complicado porque não sobrava tempo para mais nada - embora isso nao seja necessariamente mau - e os canais não ganham dinheiro à conta de dar tempo de antena grátis a todos. Um eleitor não é um consumidor. A não ser que os boletins de voto passem a incluir vales de desconto ou cada candidato faça endorsement de um produto qualquer - Seguro, cola para a placa, Passos, tratamento capilares, magnésio, Isaltino limas e grosas para metais, Seara, preservativos efeito retardante e assim por diante até chegar a Cinfães - dizia o Garcia Pereira é que levantou esta lebre há anos e agora lixou-se e lixou o esquema a todos. O que aconteceu é a confirmação de um fenómeno cognitivo português, o contentamento descontente, mais vale um passaro na mão que 2 a voar, se o Garcia Pereira estivesse calado iam comendo todos agora não come ninguém, e para cumulo, vamos ter apenas os tempos de antena - que realmente aguardo sempre com expectativa, espero mais por isto do que qualquer segunda season de qualquer treta americana - para apreciar.

domingo, setembro 08, 2013

Eficácia, inc.

Foi-me pedido que, em 150 caracteres, descrevesse o meu maior feito. Coisas de trabalho. Daquelas coisas que sabemos a resposta certa mas que vai soar a falso mas que o pessoal das entrevistas se pela por ouvir, como confirmação de que as suas entrevistas têm importância para mais alguém.
Não me vejo como um herói em nenhuma categoria que interesse a alguém saber, por isso fiquei indeciso entre:

Criei um happening com as gémeas do Kubrik.
Desenhei um cavalo decentemente.
Há quem goste do que escrevo.
Já li metade da wiki.
Conheço Lisboa exaustivamente.



Infelizmente o que queriam era algo como " em 2010 criei uma campanha com X de relevância e que aumentou em X a notiriedade da marca X e só em si gerou um lucro de X". Mas se as campanhas eram todas feitas pelo cliente, como é que eu saberia que parte do lucro era minha?

Uma viagem na mente de...

Um cliente.

Ao fim de tantos anos, pude finalmente ver ao vivo algo como a mente de um cliente a funcionar. O diálogo:
- Curte, vai ao teu mail. Vê a foto do carro que vi há bocado.
- Ah, é porreiro.
- Esses carros assim nesse cromado ficam uma loucura.
- Cromado?
- Sim, esse efeito na chapa, não vês?
- Isto é preto matte. Cromado é tipo mercurio, prata.
- Cromado, matte, vai dar ao mesmo.

Cromado
Matte
E é por isso que quando faço um orçamento, o factor pela-tua-cara-já-sei-que-vou-perder-muito-mais-tempo-do-que-é-normal é tido em conta.

sexta-feira, setembro 06, 2013

Facto

Não posso mentir aqui: Não tenho nada para escrever porque estou cansado, o que geralmente é um ponto de partida para começar a escrever uma coisa que não tem conteúdo e que é só um continuum de palavras vazias até que a consciência eventualmente esbarra num factoide, uma memória qualquer do dia, como o facto de ter descoberto a cura do cancro enquanto estava a cagar, ou uma tanga qualquer.

quinta-feira, setembro 05, 2013

Lisboa

Grupo de alemães em Lisboa, pela primeira vez.
- Então,  o que estão a achar? aproveitem a comida.
- Estamos a aproveitar, tudo muito bom.
- Mas isto é muito parado.
- Ah, ainda é Agosto, na prática.
- Fui aos bares e estava tudo vazio.
- Essas ruas enchem até não se poder andar. É Agosto.
- Porque é vocês pintam as ruas de cor-de-rosa?
- eh... Bom, o Cais do Sodré não é uma zona gay, se é essa a pergunta.
- ah, então é porquê aquilo?
- Longa história. Basicamente para "limpar" um bocado o ambiente. Prostitutas, o pessoal associado a elas, porrada. Foi uma ideia para cortar com o passado...
- ah, entao agora já não tem nada disso?
- não, agora tem isso tudo MAIS todo o tipo de gente. É porreiro.

Em 100 metros temos de tudo. É dificil explicar isto.

quarta-feira, setembro 04, 2013

Cultura de banana

Estudos indicam que ser português é extremamente simples, em termos cognitivos. O português sabe pouco sobre tudo e como tal não tem opinião formada sobre nada - Infelizmente outro estudo indica que à opinião não formada ou desinformada o português aplica-lhe um mesmo remédio, o preconceito - e não procura acabar com essa desinformação. Há um desinteresse endémico que não passa com o tempo: Fenómenos culturais conhecidos noutros países há anos são tomados como perdas de tempo bizarras. Se noutros países podemos acompanhar e estimular passatempos constructivos, actividades didáticas - dou exemplos, urbansketching, DYI, geocaching, self-publishing, KAP - O conceito de hobbie mais popular em Portugal ainda é a masturbação. Tirando isso, qualquer pessoa que embarque num hobbie mais de uma semana de seguida arrisca-se a ter de aparecer no telejornal para ser visto como uma ave rara, avessa a esgalhar o pessegueiro como toda a gente.

segunda-feira, setembro 02, 2013

A Coutada

Tenho um problema generalizado com a cultura como conteúdo: seja boa ou má, alta ou baixa, se me dá seca, não vejo. À conta disso tenho perdido muito filme, série, musica para coisas mais light e que consigo consumir enquanto estou a ler comer tremoços beber um café desenhar uns bonecos ler uns blogs e ouvir documentários. No outro dia vi como era o canal Q. Há muito tempo que não via uma coisa tão secante. Seria como ter um canal generalista em que todos os intervenientes eram sempre os mesmo 20 personagens, imaginem que o Marcelo Rebelo de Sousa fazia comentários no telejornal, fazia de mordomo na novela, fazia de menina da meteorologia e fazia de que não era do PSD no mesmo canal, no mesmo dia. Nem o Manel João - que sigo há 20 anos - aguenta este ritmo e só tem de fazer de Manel João em 10 programas diários diferentes.
Mas e daí, talvez o problema tenha sido tentar ver mais que 3 minutos daquilo de seguida: talvez tenha sido pensado para pessoal com o meu attention-span e não convém forçar.