terça-feira, outubro 29, 2013

O sentido da política

O sentido da política é bem mais complexo que o sentido da vida e por isso tenho usado bastante mais tempo a estudar a criar ideias que simulam um pensamento que se assemelha a um estudo da evolução da política. É portanto um estudo sólido e algo longo. Lanço aqui o desafio, caro leitor(a) a acompanhar as novidades do dia de hoje:

Uma lei definiria o número máximo de animais em casa de cada português.
Vou cruzar esta lei em vários vectores, tanto espectrais como temporais. Espectralmente: à esquerda, gozo. Ao centro, dizem que existe centro, eu acho que não existe, tudo ok. À direita, aparece um deputado do PP ( a lei é de uma ministra do PP ) a dizer que isto é fascismo. Deixei de perceber política. Temporalmente: A esquerda anseia historicamente por um estado social nórdico e pejado de regras civilizacionantes mas a uma regra que tem uma aparência nórdica tão simples e lógica, dizem não. A direita historicamente defende touradas e tradições. O que parece contraditório com a proibição de qualquer tipo de situação que piore a vida de qualquer animal. Podem sofrer mas só se for tradição, o que me parece demasiado específico. Noutros países, isto não tem nada a ver, a China tem uma política de filho-único que tem dado bons resultados, senão já estávamos a viver em caixotes de 26 andares. Os animal-lovers - que são de esquerda geralmente mas fascistas particularmente no que toca a animais vão falar em fascismo porque não se pode invocar a palavra animal em vão. Mas simultaneamente querem que este país volte a estar na vanguarda dos direitos animais não querendo implementar uma regra que protege os animais. ui disse animal. Em conclusão, o estudo efectuado concluí que quando se trata de definir regras o português é, da esquerda à direita, avesso a todas e sejam quais forem, podendo apenas ser implementadas respeitando ao princípio universal tuga das regras universais - "Até concordo que façam essa regra, em especial para o meu vizinho, mas eu não tenho necessidade de a seguir a toda a hora". Dado haver uma quantidade considerável de gente que não vota e não faz saber o que realmente pensa, o espaço ideológico ocupado por gente que; 1. aceita regras 2. não sabe as regras 3. faz o oposto ditado pelas regras; é distribuído equitativamente pelo todo desta República, permanecendo esta neste limbo entre o avanço tecnológico e o vintage-burlesco, terreno ideal para crescimento de bananas ad-aeternum.
Estudos indicam que sempre foi e sempre será assim, conquanto já foi pior.

edit - a lei já existe. É uma regulamentação já antiga que engloba uma boa parte das regras em vigor sobre habitação e animais. Este projecto de lei é uma actualização dessas regras. Infelizmente a discussão chegou à net, onde o tema "animais" é sugado para um void troll. Um dos primeiros comentários que apanhei foi " se me quiserem tirar o meu cão, recebo-os a tiro ". Isto parece a mesma conversa da extrema direita americana, mas em vez de armas é com chinchilas.

segunda-feira, outubro 28, 2013

Triple standards

Se eu discutisse aqui a história de duas personagens da Casa dos Segredos, estaria abrigado da acusação do não-tens-mais-nada-que-fazer-do-que-falar-da-vida-dos-outros porque o pessoal da casa dos segredos é das barracas e são uma vergonha. Se discutisse a história do Carrilho, estaria abrigado da mesma acusação porque faria um aviso prévio, vieram lavar a roupa suja para os jornais e quem compactua com revistas sociais eventualmente colhe o que semeou. Se discutisse aqui a história de 2 bloggers conhecidos quaisquer, não havia abrigo que chegasse.
Mas como neste momento só interessa é a história do Carrilho, fico-me pela futurologia: Quem é que será que se safa mais limpo nesta história?
a) Um ex-deputado, ex-ministro, filósofo, com um nome que leva Maria pelo meio, com aquela cara e com um tom de voz suave e ligeiramente queque.
b) A Bárbara.
A resposta está nos comentários do Correio da Manhã Online.

domingo, outubro 27, 2013

Oldschool

No dia seguinte tinha um copo de imperial no bolso de dentro do casaco.

ok, tá bem

Vou ver a tal entrevista com o Sócrates.

Campanha ajude um cérebro

As pessoas gostam de ser solidárias, mas ao mesmo tempo têm dois impedimentos importantes: são preguiçosas e são humanas. Depois há as pessoas que recolhem tampinhas.
Acredito que as pessoas que recolhem tampinhas estão no grupo demográfico das que acreditam em anjos e gostam de golfinhos. É infelizmente algo próximo de um problema cognitivo. Alguém teve uma ideia que explora esse problema cognitivo sem querer e fez uma campanha que tem cobertura na televisão de tempos a tempos e não há forma de acabar.

Portanto, uma tonelada de tampinhas, uma cadeira de rodas. Parece parvo? não as cadeiras de rodas, isso acho óptimo que aconteça. Mas espera. A mim sempre me pareceu parvo. Vamos medir o esforço. Portanto as tampinhas são plástico, plásticos reciclam-se, mas quando meto uma garrafa de plástico na reciclagem já lá vai a tampa. E está feito. Erodes lava as mãos satisfeito.
Mas eu quero ajudar alguém a ter uma cadeira de rodas. Meto a garrafa na reciclagem, tiro a tampa, guardo a tampa num outro sítio, junto tampas, quando tenho um monte delas vou a qualquer lado depositar as tampas, vou de carro, vão lá mais pessoas de carro com mais tampas, outras pessoas juntam quantidades maiores de tampas, até fazer uma tonelada, um monte de tampas, têm de ocupar a garagem com isto, armazenam isto no lugar do Fiat Punto, cada tampinha umas 2 ou 3 gramas, arranjam forma de transportar toneladas de tampas até à reciclagem e depois as empresas de reciclagem em Santa Cona do Assobio separam as tampas novamente porque são vários tipos de plástico, dão 600 euros por tonelada, umas quantas toneladas, 5, 6, uma cadeira de rodas. E a esta altura o Erodes já meteu uma bala nos cornos. Ou várias.

E assim um processo ineficaz de ajudar que é uma perda de tempo, recursos e dinheiro vai seguindo, porque o som de "tampinhas" é quentinho e é só uma tampa pequenina com cores. Não custa nada.


sexta-feira, outubro 25, 2013

Surf Report

Após alguns meses de Surf:
Ser surfista já foi cool. Agora faz-se surf porque se gosta.
Os surfista oldschool ainda não encaixaram que não são cool se se comportarem como surfistas.
Realmente, fazer bodyboard é uma merda. É tipo deixar o surf a meio.
Já surfei ao lado de pessoal de topo mundial.
Surfar faz ganhar massa muscular. Muita. Vai essencialmente para a pança e ombros.
Não vejo a hora de começar a praticar Jet-ski.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Odisseia pode ter sequela

O Pascoal adiantou-me que o Januário contou que há novidades no Vale de Santarém. A versão tuga da segunda parte do Hangover pode estar em pré-produção.

quarta-feira, outubro 23, 2013

Tenho um desafio

O design tem de ser um desafio. Há anos nisto e só descobri há dias.
Dois cenários, primeiro o habitual:
Prezado desenha algo a pensar que deve ser entendido e lido correctamente, de forma natural e intuitiva. Espera que o que apresenta como solução passe como que despercebido, sem atrito, que simplesmente seja apreendido com uma fluidez natural, ergonomia visual em acção. Espero feedback e há sempre falhas. Alguém nota sempre qualquer coisa. Alguém tem sempre uma dica, até.
Cenário dois:
Prezado está a pensar numa folha de papel gigante onde vai gatafunhando todos os eventos que se lembra, ligando meio à bruta a informação que depois vai incorporar num layout posterior, seguindo regras, convenções e soluções gráficas pré-concebidas, com a máxima acuidade possível, de maneira a que toda a gente entenda o pretendido. Alguém olha para a folha. Adianto "não ligues. Isto é só um esquema para saber tudo o que entra no layout. Não vais perceber nada.". Não espero feedback. Mas tenho-o: "Tás a dizer que não consigo ler isso? deves achar.".
Proponho então este novo método. Bauhaus com os porcos Gestalt é boa prós cágados, passo a apresentar layouts à-chico-esperto-de-Alfama:

- Já acabaste o layout?
- Já. Nem te conto. Este é mesmo lixado.
- Mostra lá isso.
- Quero ver se percebes este, tenta lá.
- ... Espera... Acho que estou a chegar lá.
- Dúvido.
- Juro. Isto aqui não é um headline?
- Tenta outra vez.
- Foda-se, és fodido, é sempre a mesma coisa. Facilita, meu.
- Tenta lá outra vez. Dou-te uma pista. Quando há fontes a menos de 8 pontos é uma nota de rodapé.
- Ok, tou a gostar mais disto. É aqui o headline?
- Tu vais lá.


terça-feira, outubro 22, 2013

Há uma linha que separa

Há linhas de baixo e linhas de lado. Há a linha continua e a linha alinhada. Há  linhas curvilíneas e a linha rect... espera mas se é uma linha curva é curvilínea por definição e etimologia isso é como dizer que um círculo é circular ah espera agora é que estou a ver, estou a meio dum daqueles anúncios ui vou continuar, a miúda é gira, só não curto é aquelas bandas horizontais cortadas, gamadas de vídeos de anos 90 combinadas com visuais de videoclips modernaços Há a linha ofensiva e a linha ofendida, há linhas comprometidas linhas perdidas linhas que nem comento. Há alguém da Linha está? só um momento. Há a linha de fogo, a linha dura e a de alta costura. Alta costura? linha de apoio? mas espera é só rimar é que há bocado parecia um cliché de spoken word aquela pausa pseudo cool e parecia que ia a qualquer lado, agora é só rimar ah assim é mais fácil espera já volto há linhas de avião de legumes bordados e cortumes há linhas de papeira vinhos pianolas e madeira, há linhas semanais linhas de meloa linhas a ligar Berlim com a Brandoa. Há linhas de crédito linhas de pó linhas de guitarra e linhas de meter dó.
Há linhas. E há uma linha que separa um copy de um poeta. Essa linha acaba aqui:

Poeta, qualquer
________________

Televisão generalista, todas

domingo, outubro 20, 2013

Simbolismo

Há anos que isto acontece assim: Há uma manifestação, eu e mais 5 mil pessoas estamos mesmo cheios do Passos/Sócrates/Cavaco/corja e vamos para à porta da assembleia. É simbólico. Não está ninguém na assembleia. Vamos mostrar-nos, só. Cada um tem razões diferentes para mostrar que está ali. Depois, há 30 polícias a tapar as famosas escadas da assembleia. Só as escadas. As escadas da assembleia são simbólicas, também. Há 3 crenças em volta das escadas: os deputados da oposição acreditam que o governo deve demitir-se caso as escadas sejam invadidas. Os jornalistas acreditam que passadas as escadas, estamos na Grécia. E os manifestantes acreditam que passadas as escadas, invadem a assembleia e o poder é restituído ao povo legitimamente. São escadas portanto com um poder simbólico muito grande. Convenção sem acordo, todos cumprem a tradição da escada, a cada manif. Uns comenta-na, outros protegem-na, outros tentam invadi-la.
Ontem a CGTP criou um novo paradigma de manif. Elevou a fasquia da manif simbólica para um patamar já conceptual e trouxe-a para o sec. XXI.
Começou pelo simbólico: A Ponte 25 de Abril. Uma marcha pela ponte, ao jeito de uma marcha pela Avenida da Liberdade e a relembrar os episódios da ponte doutros tempos. Com isto tornou-a uma manif CGTP/Almada-centrica. Quantos é que de Lisboa iriam a Almada de propósito?
Mas foram invocadas razões de segurança e proibida a passagem da ponte a pé.
Aqui entra parte do novo paradigma: A marcha de autocarros. Um ersatz de uma manif para cortar o trânsito da ponte a um Sábado - repara, o simbolismo - do sul para o norte. Fez-se.
Os autocarros fizeram a sua marcha lenta, ocupando apenas a faixa direita da ponte. Novamente o simbolismo em acção. Uma ponte invadida com uma faixa lenta de autocarros não é o mesmo que uma ponte cheia de autocarros em todas as faixas. Mas foi filmada, como sempre. Uma marcha sem pessoas, para televisão ver. E isso é a saída para o século XXI:
Esta manif foi totalmente pensada para redes sociais. A ponte filmada tem muito para ser um viral. A distância entre o tabuleiro/palco e as pessoas em Almada e Lisboa é tanta - mesmo que seja só mental - que só procurando fotografias e videos da manif no youtube e afins é que se teria tido uma ideia do que tinha sido a marcha a pé. Mal se ouvem. E à vista desarmada, de Alcântara, uma fila de autocarros na ponte não é uma boa performance.

Edit: Acho que foi tudo só uma ideia mal pensada da qual já não dava para voltar atrás.

Carros

Manifs a pé é coisa da Disney

Ontem vi umas imagens da manif da CGTP na ponte. Helicópteros a filmar, carros a entrevistar carros. Parecia um filme.

quinta-feira, outubro 17, 2013

Urso Tech

Após meses, fiz como os putos: fui no autocarro de tablet a fazer de mp3. É o maior leitor de mp3 que já usei. Como é um bocado figura de urso ir a ouvir musica com um ecran daquele tamanho, meti-me a ver um Stand-Up do Carlin. E depois fiz figura de urso a rir-me sozinho.

Porno para neo-liberais

Vejo a novela americana lá longe, a extrema direita contra a direita extrema ( tomada por marxista pela extrema direita americana, tomada por socialista pela esquerda portuguesa e uma utopia pelo PP, por um povo a escolher entre direita e direita espera isso é mais ou menos o que temos cá mas encoberto com bandeiras às cores, lá simplificam metem azul ou vermelho e pronto ) e lembro-me que temos cá as mesmas pessoas mas mais caladas. Nem toda a gente quer ser um João César das Neves a exibir-se à solta na rua. Mas eles topam-se. Eu recomendo o teste abaixo, resultado de um estudo realizado por cientistas de. Exposição a porno neo-liberal. Uns não aguentam a pressão e entregam logo o jogo. Outros dão mais luta e disfarçam melhor. Também pode e deve ser usado em almoços de negócios, jantares com amigos e reuniões com clientes. Por ordem de tesão e fetiche:

Masturbação

Dizer com que idade o Belmiro ganhou o primeiro milhão

 
Pão com manteiga
Discutir o horário de trabalho de um funcionário público.


À bruta
Dizer quanto de um ordenado vai para o estado, há quanto tempo se desconta para a segurança social sem falta, quanto tempo um desempregado tem direito a subsídio e quanto é que se paga numa consulta numa urgência que demora 6 horas.

Bondage
Relatar o tempo em que uma empresa ficou parada à espera de uma licença camarária.

Sado Maso
Relatos de atendimento em repartições públicas.

Bestialidade
Citar o João César das Neves.

quarta-feira, outubro 16, 2013

Capitalingo globamisto

- Boa tarde.
- Boa tarde, é um Cappuccino. Grande.
- Como é que se chama?
- Prezado.
- co-como?
- Prezado.
- Prezado?
- Sim.

Experiência atroz, o Starbucks. Faço a publicidade porque não adianta publicitá-lo: A experiência de um café destes não é para portugueses de 30 anos. Não é uma experiência de um café. É uma experiência americana. E eu gosto de cá estar.
Só procuram esta trampa porque foi vista em filmes. Quem se cola a uma cultura - baixa - com filmes e procura repetir a experiência do filme - basicamente a parte de chacha - são os miudos que enchem o youtube de cabelo nos olhos e calças nos joelhos. Sim, estou velho e eles estão a tomar o mundo, mas hei-de ter cafés à antiga, eu e o grupo de gajos-velhos-que-gostam-de-cafés-portugueses-à-antiga e que conseguem usar o hifen de hei-de com mestria.
Porque é que um café português é bom? porque não tem mestria. Não é um negócio. É só uma forma de adiar a morte. Vou a um café e não me tentam vender nada. Só querem viver em paz. Num Starbucks apanho com marketing estudado de ponta a ponta a justificar os preços de aeroporto e eu vejo-o, cancro do mundo vejo-o em raio-x, a puta dos copos Grande, Tall e Vasetti ou uma treta qualquer a armar a um pingarelho italiano que para nós não quer dizer nada. Dizia Grande, Gigante, Giganorme. Mas, são cafés, são só cafés, não usamos cafés para medir pilas. Isso fazemos com quantidades de super bock e histórias de grégo e gajas. Vi também Cappuccino, Latte, Mocha não sei quê e mais uns quantos. Ah, variedade? não brinquem. Carioca, escorrido, descafeinado, garoto, duplo, meia de leite - normal ou de máquina, bica, cimbalino. Como? em chávena fria, chávena escaldada ou abatanado? Espera. Curto, normal, cheio, com cheirinho? E se é pela cena de experimentar coisas diferentes, é para isso que serve o abatanado: Ninguém consegue explicar o que é aquilo afinal.
A atrocidade aumenta: Juntar tudo isto e somar-lhe o atendimento. Eu gosto de ser atendido por humanos, apesar de tudo. Mas Portugueses a seguir um guião americano não me convencem. Mas quero ser bem atendido. Mas não quero sair do café com mais amigos do que entrei. Mas só do lado de lá do balcão.
Depois, a cena do nome. Eu não quero dar uma palavra-passe para receber o meu café. Isto não é uma sessão de sado para ter uma safe-word para me poder levantar da cadeira e ir buscar o café ao balcão. Orgulho-me de ter alguma compreensão de linguagem corporal e perceber quando um empregado tem o café pronto só de olhar e ver que tem um café na mão. Sim, depois disso um simples "ó amigo" ou um "ó chefe" basta.
Finalmente, é tudo de pacote. Croissants de pacote, bolos de pacote, sandes de pacote. "Pode ser uma torrada.". Hosana, vem por barrar. Não, pessoal do marketing. Cá em Portugal um Starbucks está vazio seja a que horas for e vocês não são pagos só com gorjetas mandatórias. Imagino que tenham tempo de barrar a puta da manteiga na torrada. Não me custou muito fazer isso, é certo. Mas como sou um nazi capitalista, gosto de gente servil.

terça-feira, outubro 15, 2013

Mensagem do futuro

Vou ali a passar à escola de betos ao pé do trabalho à hora de almoço e estão uns 15 a fumar uns quantos canhões nas traseiras da escola. Tive uma tarde mais calma só a conta de ter enchido os pulmões a passar na rua.
Pessoas do passado, toda a gente percebe que vocês estão todos queimados. Os vossos pais só disfarçam para não se chatearem. Eles também lhe deram com força quando eram putos.

segunda-feira, outubro 14, 2013

Comentaródromo

Ler jornais online e ver os comentários tira-me a fé na humanidade. Parece haver uma probabilidade estatística que favorece o acesso de labregos a teclados. Será que têm um mindinho mais comprido que carrega no Enter sem lerem o que escrevem? escrevem com a testa?
Proponho a criação de divisórias no-meu-tempo™ na internet. Como que estábulos virtuais, separam-se os comentadores por faixa etária:  60/70, 50/60, 40/50 e assim por diante, subdivididas em boxes para cada par de anos.

sábado, outubro 12, 2013

O tal do empreendedorismo, visto daqui

É complicado ser ex-bloquista e anarco-primitivista e ao mesmo tempo andar na senda do empreendedorismo. Seria fácil comparar-me com, por exemplo, um político do PC de uma terra aí algures que simultaneamente é empresário, dono de uma fábrica, mas onde não são permitidas greves ( é de Peniche ).
Aqui o pessoal do 5 Dias, que vou seguindo, relata umas verdades sobre o empreendedorismo que não são a verdade toda. Cito:

"Não há jornal ou revista que nos últimos três anos não tenha apresentado uma ou mais reportagens sobre “empreendedores” de sucesso vário. Normalmente a reportagem apresenta X portugueses que triunfaram na sua área / abriram um pequeno negócio de sucesso / tiveram uma ideia genial / regressaram da emigração (riscar o que não interessa)."


Eu próprio digo isto dentro da empresa. É verdade. E enjoa. Não estimula o espirito critíco. Qualquer trampa é vista como uma ideia genial, uma ideia de chacha mas visível é promovida como a ultima coca-cola no deserto. Mas os telejornais começaram a passar conteudos de qualidade a partir de quando?
O português é Saloio e não é de hoje. É um fascinado.

"O “empreendedorismo” não é a renovação do tecido empresarial do país, a excelência criativo-técnica da sociedade ou o sentido de aventura dos jovens, mas sim a crise, a austeridade e a precariedade pintadas de amarelo e azul com o lettering em helvetica neu."

Verdade. A renovação não está no empreendedorismo. Está nas universidades e depois está nas empresas. Mas, disseste Helvetica Neu. Sim, de facto, é melhor usar helvetica neu e renovar a imagem das empresas. A começar por qualquer coisa, porque não pela imagem? Sim, um político dirá que se começa pelas políticas, eu digo que se começa pela imagem. É que a imagem actual é uma miséria. O pouco que de melhor se desenha nas empresas ora cai no neo-vintage que nunca tivemos ( não tinhamos produção industrial nessa altura) e limitamo-nos a copiar o estilo americano dos anos 50 ou vamos para pós-pós-moderno dos hipsters em que seja o que for que se venda, o logotipo mete cruzes, ancoras, triangulos e é sempre a preto. Mas é melhor que o resto do cenário.
 E agora a parte da desonestidade intelectual, cruzada com a falta de noção como remate nesta tirada ( esta é a parte que eu gostei mais ):

"PS: Na altura de postar procurei no google images “empreendedor”. O resultado é profundamente sinistro, cínico e esclarecedor.  O momento empreendedor de orgasmo divino no escritório é todo um novo programa de alegria no trabalho.


(...)"


Meu mas que ideia de merda para acabar com um post que tinha lógica e vais dissertar sobre umas imagens sacadas da net, semiótica para deputados é isso? porra mete a mão na consciência eu sei que não curtes a conversa dos betos que nunca se viram à rasca com dinheiro mas assim não dá. Eu até estava quase a acabar de ler o post e a pensar "é isto, ele tem razão, vou mas é emigrar para a Holanda para uma comuna vegetariana" E dou com isto.
Mas alguém com cabeça usa estas imagens de merda?
As minhas discussões diárias com clientes são à conta deste tipo de mentalidade de mínimo denominador comum. Discuto e discuto e discuto e apanho com um "ah, mas o Zé usou na apresentação dele". Por isso é que se fala da tal renovação do tecido empresarial. Estas imagens são usadas por vendedores de carros de Frielas em acções de team-building no Natal. As tais empresas de chacha é que usam isto, cliparts 3D é uma casse particularmente mal vista, até por aqueles que usam cliparts. E como são a maioria, o Google entrega o que a maioria gosta: Merda.


nota: O autor tem uma opinião séria sobre empreendedorismo, renovação de tecido empresarial e preconceitos. Mas isso não é para aqui.

sexta-feira, outubro 11, 2013

Geek alert


Não impressiona ninguém. Parece uma treta para afinar travões de Skodas
Esta faz o mesmo mas com ar de ser uma cena modernaça. Isso paga-se.
3D printing é uma área que sigo há uns 5 anos e que finalmente está a chegar a preços que uma pessoa honesta consegue ponderar comprar. As impressoras são cada vez mais - até há uma portuguesa no mercado - e já não é preciso um curso de engenharia para operar uma. Claro que há uma relação inversamente proporcional entre nabice e preço da máquina: quanto mais nabo, mais afinada e self-contained tem de ser a máquina, logo, mais cara. São uber-geeks? aí há maquinas baratas.
Esta parece-me que é a máquina do momento porque não é preciso ser engenheiro e já não é brutalmente cara. Só cara. ). E um dia, quando for grande, perco o amor ao guito ( ou espero 5 anos e gasto 1/3 do guito ) e meto uma cena destas em casa.
Isto é uma de filamento, há mais 2 ou 3 tipos de impressão 3D, este é um dos métodos mais acessíveis e mais fáceis de operar.




quinta-feira, outubro 10, 2013

Toda a verdade sobre

Bicicletas em Lisboa.
Aquela conversa de "Lisboa? faz-se bem." é uma tanga. Lisboa é uma merda. Nem falo dos declives. Falo dos taxistas, dos camiões, das grelhas, dos buracos, das ciclovias feitas a pensar em carros, do pessoal que usa as ciclovias como passeio, os pinos de merda em todo o lado, as passagens de peões, as putas das linhas do elétrico, as ruas em calçada à moda antiga, as tampa de esgoto no meio da estrada. Depois, os declives: Lisboa faz-se bem o caralho. Ou vivem no planalto no eixo saldanha-S. Sebastião com as putas das bromptons ou então fazem como manda a lei, andam por todo o lado com BTT's e parecem preparados para a rampa da Falperra.
Finalmente, a impossibilidade de um gajo ser um individuo e ter uma bicicleta simultaneamente. Há bares para pessoas com carros? porque é que fazem cafés para pessoas com bicicletas? Ca perda de tempo, Deus. Vão falar de quê? Carretos e manetes? ah, vão falar da vida. Então um bar dos outros não serve? Foda-se.

segunda-feira, outubro 07, 2013

domingo, outubro 06, 2013

Net, Porno, Gatinhos e privacidade

E um quadro da cabeça do Camões numa teia de aranha.
Não gosto quando generalizam e dizem mal da internet. É das melhores invenções da história. Vejamos:
Ontem passei pela feira da Ladra. Entre muitas outras bancas, havia uma com cassetes de video de porno - ainda há quem veja porno em VHS e não é retro, é mesmo falta de guito / imaginação  - onde fiquei um bocado a ler as capas. Isto é pela ciência, óbvio. Fui lendo até chegar ao título "O meu cão é uma bomba sexual"e afastar-me da banca. É aí que se percebe 1. a importância da Internet 2. a importância da privacidade: Como é que um gajo preso ao ano de 1984 faz, se gostar daquele filme?

- Bom dia. A quanto é que são os filmes?
- É 3 euros cada.
- Levo aquele ali, o "o meu cão é uma bomba sexual"... É para o meu mais novo, o que o rapazeco gosta de animais.

ou

- Bom dia. Quanto é que é ali o "O meu cão é uma bomba sexual"?
- ehhhh esse é 5 euros.
- Tem mais destes assim?
- Tenho aí da Lassie.
- Esses já vi todos.
- Tenho o do Castelo Branco.
- Que nojo.

Net: só vantagens. Para todos.

Um sábado médio

Acordar ainda cedo* para ir à feira. Ir de autocarro buscar a bike ao emprego. Ir de bike Almirante Reis abaixo. Ver o novo Intendente. Esbarro em mais um designer ex-Iade de bicla. Rua errada no intendente: tudo putas e manfios na mesma. Valores antigos não se perdem. Lembrou-me as Ramblas de Barcelona.
Martim Moniz em 5 minutos. Santa Apolónia e subir com a bike às costas até à Feira da Ladra. E uma volta à feira. Pensei seriamente em comprar uma perna de pau. O homem queria que eu a levasse porque também percebeu que era só para gozar, visto eu ter duas pernas normais ainda. Palácio Sinel de Cordes. Outra volta pela feira. Portas do Sol. Mau piso para andar de bike. Chiado. Almoçar a casa. Bulir umas horas. Dormir uma sesta antes de sair para jantar. Ir de bike ao emprego buscar o telemóvel que ficou lá de manhã. Jantar para os lados das Portas de Santo Antão. O grupo de chinesas no restaurante pede bebidas exóticas: Sangria. Esperei que pedissem bitoques.
Crashar numa festa de anos na Calçada do Combro.
Matrecos e minis até às 4 com pessoal que nunca vi.
Discoteca. Descobrir quem é que afinal fazia anos já na fila para entrar.
Deixar a discoteca fechar. Cais do Sodré. Taxi. Taxista muito efusivo por 20 centimos de gorjeta. Já fora do taxi confirmei se não tinha dado 20 euros de gorjeta. Não.

* Só possível porque dormi sexta.

quinta-feira, outubro 03, 2013

Neo-liberalismo de pacote

Não consigo deixar de achar piada a quando vejo um daqueles empresários que como é habitual vê o estado como uma sanguessuga muito pesada e cheia e se indigna quando esta não lhe apara um golpe. O estado é uma sanguessuga, mas é uma sanguessuga boa, apesar de tudo. Uma sanguessuga capitalista a sério não é isto. Até os neo-liberais de cá faziam cocó nas cuecas caso apanhassem com anarco-capitalistas a sério. Aqui fica o remédio para neo-liberais portugueses, porque a vida dá muitas voltas.

Repitam baixo o Mantra,


Eu sei lá se um dia fico no desemprego.
Eu sei lá se um dia fico doente e no desemprego.
Eu sei lá se um dia fico doente, no desemprego e sem dinheiro.


O neo-liberalismo de pacote caracteriza-se por ser defendido irracionalmente por pessoas que, a ser aplicado, seriam as primeiras a morrer à fome por falta de competência para se safarem por elas. Depois choram.

Não temos segredos

Hoje apanhei um daqueles casais "não temos segredos".
Como assim não temos segredos?
Isso não existe, meu.

Podem partilhar muita coisa, escovas de dentes, a água do bidé, as passwords do facebook, chinelos de enfiar no dedo. Até pijamas com coelhinhos, como a menina do trombone. Mas isso de "não temos segredos" é como qualquer outra ideia totalitária: Impossível de aplicar em humanos.

Quem tiver uma relação dessas acuse-se e relate.
( só para confirmar os zero comentários habituais )

terça-feira, outubro 01, 2013

Vantagens de ter trabalhado uns anos só com mulheres

Eu sei o que quer dizer "Oh, isso parece-me uma optima ideia! Obrigada!".

Clientes do Inferno

A cena que me faz ter vontade de lhes arrancar a cabeça com uma pá é entrarem em detalhes com as minhas opções depois de já terem conseguido foder quase tudo.
Senhores: Se já está tudo desvirtuado, não é com um linha de texto que a coisa deixa de vender.

contabilidade

Primeiro caderno, capa preta, 200 folhas, umas alinhadas por datas outras não. Desenhos 163, todos a preto. Deixei o branco com as folhas. Segundo caderno, mais pequeno que preto, menos folhas, furadas com argolas. Desenhos 40, está a meio. Canetas, uma fina de feltro e um pincel retratam no branco jardins bancos de jardim, casais na relva de papo para o ar, postes, gente a ler na praia distraísa, gente em bancos da frente do autocarro, nucas e orelhas especialmente.