quarta-feira, julho 31, 2013

O preconceito

O Prezado dá-se com todo o tipo de gente. O único preconceito que não faz um esforço para acabar é o que aplica contra pessoas preconceituosas, o que o deixa com poucas hipóteses de conhecer pessoal fascizoide, burros, taxistas e neo-liberais a fundo. Um dia destes teve a oportunidade de começar um debate daqueles que sabe que não vai dar a lado nenhum, nomeadamente mostrar a um beto que o mundo que ele acha que é tudo o que existe é só um quintal. Mas como é que há gente que diz que o tuga não é preconceituoso, que aceita outras raças e modos de vida, que é uma sociedade aberta, que integra todas as raças igualmente, que não tem nada a ver com esses países do norte, esses sim, racistas, preconceituosos e xenófobos?
Xuxi, ajuda-me nisto. Parto-lhes a cabeça?

O desafio

Pessoal que em vez de pedir logo o que quer resolve lançar "desafios": saibam que são uns bananas do caralho. Ninguém dá valor aos vossos desafios. Os vossos desafios não são desafios. São apenas mais uma tarefa na lista. Só na vossa cabeça de koala pardal burro é que acham que alguém está a tentar activar magicamente algum esforço extra para resolver um problema que tirando ter um cognome, é só mais um trabalho como os outros todos. Ninguém está a fazer um esforço extra. Encaixem isto. Querem esforço extra numa tarefa? Colaborem nela. Até lá, vão mamar, já que é o que toda a gente pensa no segundo seguinte.

segunda-feira, julho 29, 2013

Estudos indicam I

a) Gráfico inter-relacional socio-temporal


Patrocinado pela Fundação, publico um paper sobre a saída de sexta à noite, uma área de estudos em franca expansão. Saindo à noite com pessoal mais novo, observam-se fenómenos ontológicos interessantes: Se a miúda confirma que não estou morto para o universo útil, ao mesmo tempo confirma que ser mais velho é, além de uma variável constante relativamente a alguém mais novo, uma queda na foleirice. Talking heads já não é bom, nem é vintage: é musica de velhos. Dizer "está aqui muita gente de publicidade" não é um sinónimo de "está aqui muita gente espetacular" mas "isto está cheio de velhos". Assumir não saber o nome de nenhuma banda posterior a 2008 só tem piada entre pessoas nascidas na mesma década que eu. Cure já não é bom. Nem para velhos. Pensar "Strokes! é-a-nova-banda-cool!" por default mas saber que a música já tem 12 anos já é só deprimente e é coisa de velhos. Mais: todos os velhos dançam da mesma forma quando a música tem pinta, mas só alguém vindo de décadas posteriores é capaz de o ver. A explicação é simples mas novamente, deprimente: Pessoal que cresceu a ouvir Metal e que ainda associa - Pavlov, esse génio - uma grande malha a abanar a cabeça à anos 80. Visto de fora, é estranho. Segundo o gráfico a), podemos visualizar que a soma de 2 angulos em planos perpendiculares origina este desfazamento: alpha, definindo o angulo de divergencia temporal e beta, para o angulo de divergência existêncial - Diz Deleuze, o "ângulo bimbo" - definindo o plano omega, de onde o observador mais novo pode confirmar, dado viver num futuro relativo, que faço a chamada figura-de-urso muito facilmente.

domingo, julho 28, 2013

Novo template

Podia fazer uma daquelas tretas online, um pool para picar os 3 milhões de fãs que este blog tem, perguntando que tipo de novo visual gostariam de ver, podiam deixar um comentário e assim conseguiria comentários, um comentário neste blog é tão provável como termos ministros sérios.

Ficar velho

Ficar velho é uma ilusão fruto do corpo não corresponder às expectativas a que nos habituamos. Não deixa de haver noitadas à grande, nem deixo de resistir ao cansaço. O problema é levar pelo menos 2 dias - que me seriam bastante úteis porque tenho de trabalhar e tal - a recuperar. Isto é: fosse rico, nunca me sentiria velho.
Ultimamente tenho percebido que há um monte de problemas que desaparecem se um gajo for rico. Mas também, o meu lema sempre foi "Mais vale rico e com saúde que pobrezinho e doente".

sexta-feira, julho 26, 2013

Caos ignorância e apatia

Habituei-me a algo invulgar nos últimos tempos: trabalho com pessoal racional e raramente há choque de opiniões ou gostos pessoais e egos. Sim, discute-se. Mas uma discussão típica corre assim:

- Eu acho que isto fica melhor assim.
- Eu acho que fica melhor assado.
- Porquê assado?
- Porque ( razão A ) e ( razão B ). Porquê assim?
- Porque ( razão C ) e ( razão D ). Não achas melhor assim?
- Não. Por várias razões.
- Eu também acho que faltam aí uns items.
- Ok, estamos a entrar em loop. Tu dizes assim eu digo assado, não saímos daqui. Vamos fazer qualquer coisa e já voltamos a falar, com ideias novas.

É quase um milagre, dois adultos discutem como resolver uma ideia, apresentam argumentos, se os argumentos não conseguem convencer o outro é porque não estão bem fundamentados. Logo, passa-se à frente. Mas, há sempre um mas, no meio deste oásis de racionalidade, descobri a criatura mais burra à face da terra. Sim. Pensava que já a tinha conhecido o ano passado, mas não. Assim como a pessoa mais velha do mundo está sempre a morrer, também o gajo mais burro do mundo está sempre a mudar. O anterior era Umbeliciano Rodriguez, um guatemalteco responsável por uma cafetaria vintage em Figueiró dos Vinhos, agora é este gajo. Infelizmente é algo próximo do autismo funcional e calhou lembrar-se de trabalhar como designer.
Há dias percebi a gravidade da situação, quando depois de enviar uma template em Photoshop, descobri que o animal não consegue usar uma template / não percebe o conceito de template, e faz o que entende.

terça-feira, julho 23, 2013

Surf de pessoas que não fazem surf, um tipo de ensaio

O surf continua apesar da crise.
O surf tem momentos altos.
As ondas têm momentos altos.
Eu caio do alto.
Das ondas.

No surf é na boa.
No surf não há acidentes, é raro.
É só ter cabeça.
Quase todos os dias levo com a prancha na cabeça.
Mas é na boa.
Só não é raro.

O mar bate-me na cara.
A cara bate no mar.
A vida está cara.
Mas passo a vida no mar.
O mar não tem preço.

Fico na água de facto.
Fico na água de fato.
O fato é quente.
Segundo o acordo.
Mas passo frio de facto.


Faço surf como o Adamastor.
Olha uma onda que lá vem.
Olha bateu-me na cara.
Levei com a prancha na cabeça.
Olha a rocha Manel.

quinta-feira, julho 18, 2013

ah o empreendedorismo

Há o empreendedorismo, há a ideia do empreendedorismo e há o que passa nas notícias.
O que passa nas notícias é uma fábula engraçada:

Um tipo tem uma ideia genial quando está a cagar, junta-se com mais outro que sabe preencher formulários de candidaturas a incentivos da união europeia, lançam a empresa e no mesmo dia são simultaneamente um caso de sucesso e visitados pelo Cavaco e pelo Passos. Nunca fizeram um tusto na vida.

A ideia do empreendedorismo é semelhante à da antiga ideia da publicidade no que toca à mistica da criatividade:

Uns betos muita criativos e malucos juntam-se num sítio qualquer com outros betos - todos fazem surf e caso tenham a idade certa, usam um anel no polegar - e têm ideias geniais, rezam todos os dias voltados para um deus qualquer, publicitários voltavam-se para a Archive, empreendedores voltam-se para TEDtalks, um Angel Investor qualquer ou Palo Alto, qualquer coisa, juntam-se em conversas só sobre o empreendedorismo, uma coisa entre serviço religioso e conversa de pescador e são todos pró-activos e tal. Trabalham de borla todos os dias. Fazem muitas maratonas.

O empreendedorismo real:

Basicamente é um trabalho como os outros.

segunda-feira, julho 15, 2013

Autismo

2 imagens opostas, quando se fala de autismo: Os lovers, aquele pessoal que ainda acredita em fadas e anjos e golfinhos e assim que ouvem "autismo", a caixa de serradura que usam no lugar do cérebro lembra-se logo de personagens de filmes de há 20 anos, esperando capacidades fantásticas - mas que não servem para nada - como decorar baralhos de cartas com 17 naipes, trautear todas as musicas de elevador que ouviram até hoje e lembrarem-se do cheiro do orvalho da manhã de 25 de Outubro de 1983 em Salvaterra de Magos. Não.
No outro extremo, aquela corrente de pensamento medieval imagina putos a viver debaixo da mesa da cozinha desde os 2 anos e a bater com a cabeça nas paredes. Não.
Eu penso no gajo que apanho no trabalho que deve ter escapado a todos os diagnósticos, ainda conseguiu tirar a carta, enganar a mulher, os filhos, o patrão e os professores mas que esbarra todos os dias na distinção entre a Helvetica e a Georgia e o que é que quer dizer "espaço em branco" e "grelha tipográfica". Isto sim, são problemas graves.

domingo, julho 14, 2013

Groundhog day

Os diálogos com a minha avó estão a ficar mais interessantes de dia para dia, à medida que ela fica cada vez mais repetitiva. Prevejo ficar igual, se tiver sorte.
Uma conversa normal passa por 3 ou 4 temas triviais, mas baralhados e repetidos várias vezes. Cada vez que repete uma conversa, não se lembra que já tinha rezingado que a vizinha do lado é chata há 4 minutos atrás. Hoje experimentei mudar a abordagem, já que também não se lembra do que eu digo: Em vez de responder sempre da mesma forma, vou mudando o texto e o tom. Até ter a resposta certa afinada.

sábado, julho 13, 2013

Rock on

O cartaz não é muito longo, não ligo muito a bandas com menos de 10 anos. Ou 20.

sexta-feira, julho 12, 2013

Festivais e bilhetes

Geralmente compro bilhetes para festivais com alguma antecedência, mas este ano só me lembrei à última. Também me lembrei de perguntar pelo facebook se alguém tinha algum pra vender. Desse dia até hoje, estou a pensar que tipo de contracto é preciso firmar para conseguir que me vendam o bilhete.

- Boas. Tens bilhete pra vender então?
- Tenho. Queres?
- Quero.
- Ok, vou ver, o bilhete não é meu, é de uma amiga.
- Ok, vê lá. Avisa como é.
- Na boa.
- Já tens o bilhete?
- Não, ainda não. Queres mesmo?
- Quero.
- Ok, vou perguntar.
- Manda contacto para combinar.
- Ok.
- Já conseguiste?
- Ah, ainda queres?

O que é isto, candongueiros procrastinadores?

Adenda:
O esquema cigano - e aqui uso "cigano" porque é mesmo um esquema de feirante, não é ilegal mas é chico-esperto - que as promotoras de concertos usam é uma vergonhaça: Como o cigano da historieta, vendem o cavalo por 30 euros, na condição de levarmos também o coelho. Mas o coelho custa 200 euros. Também num concerto, para um gajo assistir a uma banda ou duas que gosta, tem de comprar bilhete para 36 bandas em 17 palcos diferentes. O que pode indicar um pensamento próximo da falcatrua, visto que só consigo estar em frente a, no máximo, um palco de cada vez.

quinta-feira, julho 11, 2013

Splash

Inspirado por programas de televisão manhosos e com a fama no youtube em mente, mergulhei de cabeça para uma boia numa piscina, marcando 3 pontos. Pelo caminho ou no fim dele, consegui afocinhar no fundo da piscina, que não tinha os habituais 2 metros e meio de profundidade. Facepalm.
Detalhe: Algo aconteceu e ninguém filmou.

terça-feira, julho 09, 2013

OCD

Fui com o pessoal do escritório jantar a um tasco ali para Arroios. Não o habitual. No habitual, como já temos alguma confiança com o dono do restaurante, calha fazer algo típico do tasqueiro tuga: obriga-nos a comer o que não queremos. Peço secretos, diz-me que não é isso que quero, que vou é gostar da petinga frita com arroz de grelos. Peço petinga, diz-me que o arroz de pato está daqui - aperta a orelha - e que posso confiar. Só de tempos a tempos, usando um tom (demasiado) remitente digo que vou mesmo querer o que queria e o homem lá concede.

- Boa noite, façam favor de se sentar. Vou ligar a televisão.
- Deixe estar, não é preciso. Não queremos ver notícias.
- Mas posso meter noutro canal.
- Não é preciso, obrigado.
- Eu vou ligar na mesma.
- Deixe estar, vamos ter uma reunião de trabalho e isso é um distracção. Deixe lá estar, obrigado.
E ligou. Indo buscar imperiais ao balcão, alguém pegou no comando e desligou a televisão.
Volta.
- ( em surdina ) ó, mas está desligada. - já de comando na mão.
- Deixe estar.
- Assim fica melhor. - e sai da sala, endireitando todos os talheres, copos e toalhas de mesa ortogonalmente.
Encontrámos assim um restaurante onde nos deixam escolher a comida mas não temos hipóteses de escolher não ver televisão porque o empregado é obsessivo-compulsivo.

domingo, julho 07, 2013

A novela

Não há problema com alterações, normalmente

Mas não gosto de perder tanto tempo.

sábado, julho 06, 2013

Sobre o tempo

Parece que por predisposição genética, quando não temos nada para falar, falamos do tempo.
O tempo anda a foder-nos. Primeiro ataca os comandos de ar condicionado. Depois dá cabo dos miolos dos deputados. Faz o Porta numero 2 do governo. Aquece os capôs dos carros até deixarem de ser em francês. Faz os teclados quentes. As mesas quentes. As cadeiras quentes. Já nem venho à internet. Estou a perder as impressões digitais à conta de polir os dedos nos copos de imperial. Mas finalmente e ao fim de não sei quantos anos, cumpro o destino que este tempo dita: estico-me no sofá a beber litros de água gelada à frente da televisão e da ventoinha. Foi para isto que este tempo foi evocado.

sexta-feira, julho 05, 2013

Fica bem

Fui a um concerto de jovens promessas hipsters. Réplicas de B-Fachada mas em pequeno, se calhar tão grandes como ele mas com menos gramática nas letras. Ouvi com atenção, apesar de tudo - "tudo" é nunca afinarem, pedirem ajuda para afinar a guitarra, a métrica, sempre a métrica essa merda as melodias perlim-perlim - e acho que percebi. Letras de quem é puto e se vê às aranhas num mundo grande demais e sem futuro. E assim fiz as pazes com esta miudagem hipster: são só um género de punks acústicos sem jeito.

Leia-se: bué fixe mas lá longe.

quinta-feira, julho 04, 2013

Isto é complicado

A história com o Portas e o Governo está a esgotar-me. Lembra-me os tempos do Santana Lopes, em que tinhamos piada fácil todos os dias, mas que a partir de certo ponto já era infertil fazer piadas porque a realidade a cru era bem mais eficaz para chamar o riso. Quando a realidade já é muito absurda, é complexo exagerá-la e mostrar o exagero como elemento disruptor, como intervenção cómica: perdemos a vantagem sobre a realidade, a tensão, a explosão depois do inesperado acontecer. Tudo é permanentemente inesperado, já nada tem piada. É assim isto tudo. Estou esgotado.

quarta-feira, julho 03, 2013

Não há nada para ver

De tempos a tempos acho que as coisas podem mudar.
Mas as coisas só mudam de 2 formas, digo eu: ou com um levantamento popular, ou com cabeça.
O levantamento popular é complicado. Implica muitas coisas. Tem muitas variáveis. Implica sair do sofá, para começar. Infelizmente para sair do sofá é preciso alguma consciência social, que só se ganha com educação.
Mudar as coisas com cabeça, é complicado. Implica muitas coisas. Tem muitas variáveis. Implica usar os instrumentos que a democracia fornece e reclamar processos legislativos e administrativos mais transparentes, a responsabilização de todos os intervenientes e já agora que estou aqui a delirar com o calor, uma justiça célere. Infelizmente para isso é preciso consciência política, que só se ganha com educação.
Este não é um desses tempos em que ache que isto pode mudar.

Conspiração!

Eu já sabia que isto ia acontecer, os sinais estavam lá os chemtrails os reptilianos o Darpa o Karma a NRA o Carlucci os Zionistas e o Seguro. E o Portas.

http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/06/09/paulo-portas-e-antonio-jose-seguro-estiveram-no-clube-de-bilderberg

segunda-feira, julho 01, 2013

Apesar de tudo

Gaspar corta a eito
Passos na perpendicular
Swaps de casino
Orçamento a derrapar

A troika leva o sol
A sina de um fado
Maria diz está mole
Cavaco fica calado

Marques Mendes comenta
Sousa Tavares comenta
Marcelo comenta
Sócrates comenta
( não ouço )

O Benfica morre na praia
O IVA mata milhões
Querem factura da bica
Larguem-me os colhões

Isaltino lá foi preso
Relvas ficou mudo
Alberto João aguenta
não se pode ter tudo

Tirem de lá estes bimbos
Mas comparem os dois
Ficando lá o Seguro
Só mudam as moscas pois

Praia

Constatações depois de um dia de praia na Fonte da Telha:
Há cada vez menos com pessoas sem tatuagens. Uma ida à praia em Lisboa parece um desfile de más tatuagens. Vi de tudo, desde biomech-da-amadora a neo-tribal-da-brandoa. Gostei das casas dos pescadores que, apesar de os entender como uma espécie de taxista naval, comprovam um sentido de humor saudável. São só casas de pescadores forradas de lixo apanhado na praia, mas ter uma com um busto do batman de pistola de caça submarina na mão rendeu o dia. Andei que chegue para torcer um pé e para chegar aos nudistas. Como previa, é uma cena deprimente. Se quando era puto as praias de nudistas eram assim uma cena estranha, hoje que fazem depilação integral ainda é mais. Finalmente, e isto é realmente estranho, reparei a dada altura, milhares de pessoas a mijar na mesma água, não havia gritos, não havia discussões, nenhum tijolo a bombar musica que não gosto e ainda pensei "este país é mesmo um descanso".