Intermédio é o novo programa do Nilton.
O Nilton é uma daquelas pessoas que o Bill Maher chama de "smart-stupid". Se ele tem vários programas de rádio, televisão, livros e trabalha consistentemente em humor, tem de ser um tipo inteligente. Mas assim que abre a boca, prova o contrário. Deve ser de propósito, só pode.
As pessoas precisam daquele gajo-com-piada, terra-a-terra. Mas isso não é desculpa para fazer aquele programa.
Funciona assim: É um noticiário satírico onde, seguindo uma estrutura muito rígida - introdução da locutora, video da notícia, comentário do Nilton, risos - , assistimos a notícias que não têm grande piada frente a um cenário a fazer lembrar o Iraque, durante tempo demais.
Uma desgraçada que largou o Porto Canal lê uma notícia da maneira mais longa e objectiva possível, ( a escolha das notícias parece-me que passa por critérios de um miudo de 12 anos ) passam um clip da notícia que passou no telejornal, mais longa ainda, corta para Nilton, Nilton diz uma piada muito rápida e curta - sempre algo como "ah, a Angela Merkel esteve em Frankfurt? espero que tenha trazido salsichas!" - e as pessoas riem-se. Esta parte para mim é a mais complicada de analisar. Eu nem sequer sorri durante quase um episódio inteiro.
Corta para nova notícia, estrutura repete-se, Nilton agora usa props, - prop comedy não é bom -, o livro-grande-com-lista-infindável, depois o maço-de-folhas-com-lista-infindável, só para chegarmos à conclusão que andava à procura de uma punchline.
Humor é muito difícil de fazer. Há ali guionistas, actores, cómicos, cenografistas, editores, realizadores, muita gente a trabalhar para que tudo aconteça, e o resultado final é aquilo.
3 comentários:
Sempre me espantou o sucesso desse Nilton. É que no humor, supostamente a coisa tem de acontecer, mas afinal até o riso pode ser "resultado induzido".
Não acredito que se consiga fazer isso com humor. É demasiado visceral para se induzir. Há um publico para os malucos do riso...
O português está habituado a ser servido de muito "resultado induzido", mas isto é demasiado.
Então como justificas o sucesso de cromos como este? É que eu também não lhe consigo encontrar um pinguinho de piada.
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