quinta-feira, maio 28, 2015

Portugal dos pequeninos

Resistência à mudança é o produto nacional.
É o que andamos a vender.
Sardinhas. Em salmoura, azeite ou vinagre. Enlatadas.
Tuc Tucs.
Moteis Vintage.
Restaurantes Vintage.
Comida Vintage.
Vinhos Vintage. ( Esses são bons. )
Bolo do Caco.
Hamburguers.
Sabonetes.
Azeite.
Casas em Alfama.
Moteis em Alfama.
Cortiça.
Socas Vintage.
Pasteis de Nata de Sardinha.
E tudo em forma de iman de frígorifico.
Vendemos o tempo parado a turistas vindos de países modernaços que nos acham cómicos na nossa inocência.
Só consigo ver Portugal alcatifado.
Estão a estragar isto tudo.

quarta-feira, maio 27, 2015

Desabafo ressabiado

O neo-liberalismo tuga é como qualquer outro - a minha referência é o dos E.U.A. -  uma fantasia auto-centrada de quem tem um ressabiamento qualquer com a humanidade. Devem ter apanhado demasiada porrada quando eram putos e numa mentalidade de praxe, acham que agora que são adultos e leram mais 3 ou 4 livros paperback com muitas letras na capa são senhores de um conhecimento que infelizmente, só lhes ilumina a sua própria estrada, deixando o resto do mundo nas trevas. Infelizmente, não podem pagar essa iluminação em larga escala porque isso seria subsidiar malandros que não querem trabalhar. Mas podem fazê-lo de bom grado, se o estado subsidiar a coisa.

Não.

Pessoas que dizem "beijos no coração".
É ofensivo.

terça-feira, maio 26, 2015

Lições de vida para gente burra

A maneira mais fácil de ficar rico é chular os mais pobres e eu ando sempre a tentar chular os mais ricos.

quinta-feira, maio 21, 2015

Maria Capaz, falta de noção e trabalho especulativo

Primeiro, era um concurso pago com "visibilidade", em que o vencedor era escolhido por votação online.
Depois, era um concurso cujo vencedor era pago uma quantia desconhecida. Uma emenda pouco melhor que o soneto porque é claramente uma emenda feita sob pressão.
Finalmente, era um problema ao qual respondem de uma maneira intelectualmente desonesta:
Lamentar não poder pagar a todos os participantes de um concurso lançado online, num post de um blog, é atirar areia de má qualidade para os olhos.

Pelo mundo fora, o trabalho especulativo é usado para obter trabalho de forma gratuita ou barata. Em áreas criativas, é uma pratica bastante vulgar. Ao abrigo da crise, os concursos multiplicam-se e as pessoas que os aceitam também, - A crise tem este efeito secundário - desvalorizando mais e mais o seu esforço e a sua profissão.

Adenda: sou um mercenário e aceito que haja clientes mercenários. Aceito concursos onde projecto e dinheiro combinados compensam o esforço de participar e o risco de perder. Claro que também têm de dar gozo, mas isso dá a ideia que não gosto de dinheiro. E de ganhar.

segunda-feira, maio 18, 2015

PSP, Benfica e Manifs

Em Portugal só há 3 situações em que a PSP tem simultaneamente pessoas contra e a favor da sua actuação:

  • Quando intervem em confrontos entre adeptos de futebol
  • Quando intervem em manifestações
  • Quando intervem em descatos em bairro problemáticos

As pessoas dos bairros problemáticos não têm muita visibilidade nas notícias - vou chamar a isto racismo - por isso nem sei quem é que pode estar contra isso e esse tema acaba aqui. O trabalho da polícia nos restantes casos já pode ser analizado: Os adeptos de futebol apoiam a polícia quando dispersa manifs de mandriões que não querem trabalhar, e os manifestantes apoiam a polícia quando esta dispersa trogloditas do futebol.
Já eu, não entendo estarem contra a polícia agredir indescriminadamente um cidadão "em frente aos filhos". A circunstância da presença de filhos deve ser tida em conta aquando de agressões? Se sim, porquê? Se sim, exijo tabela publicada em diário da República que descrimine a que grau de parentesco se deixam de considerar as suas presenças circunstâncias especiais, nomeadamente:

  • Em frente a uma sogra
  • Em frente à mulher
  • Em frente a um tio avô
  • Em frente a representações de antepassados, como fotografias em perfis online


quarta-feira, maio 13, 2015

Sobre a net, a idade média

eh men hoje nem-de prepozito exta cena do akordo ortográfiko e a kantidade de poxts kom as miudax à xapada parexe de porposito nem dah pa pcber se é do akordo ou brrice, fikei boe a rir parecem defs eh idade media otra vez parece do tempo dos reix e o crlh naum se apanha nada ya boe atrofio é tipo um raioxis da sossiedade e tal neh mas toda a gente aí haxa que teim razão mas nepia estas krianças ke axam k s boe adultox max só falam como os bebes e dizem sem jeito e cenas. LOL pensam k a internet e o youtube fasem diferenssa mas nop forever alone ya.

segunda-feira, maio 11, 2015

Espera, espera. Vamos falar de publicidade.


3 minutos. 3 minutos dura este épico que vem revolucionar o sentimentalismo pós-titanic. A normalização do lamechas foi completamente ignorada neste anúncio revolucionário. Rasgado o manual e esmagado o canone, vamos tentar perceber melhor o que se passa neste épico sentimental:
Primeiro, o piano. 10 dias depois do piano ter sido inventado, este tipo de melodia atingiu o seu expoente máximo. Desde aí, limitam-se a bastardizar o trabalho que esse pioneiro teve, emprestando esse som a más elipses temporais.
Depois, o monólogo. "Aqui sou eu, aos seis. As minhas primeiras memórias, como pessoa.". Começamos então a conhecer este personagem dono de um problema neurológico. Numa espécie de Alzheimer infantil, este pobre só lembra a sua vida depois dos seis anos, e pior, só reconhece brinquedos do tempo do seu próprio pai. Soldadinhos de chumbo? Este tipo deve ter tido pós-produção com Photoshop para parecer tão novo.
Relata as sábias palavras do seu pai, aos 20. Conta que quando uma manhã, chega dos copos a casa, se cruza com o seu pai, a preparar-se para ir trabalhar. Este ter-lhe-á dito "Bom dia" quando lhe disse boa noite, um episódio com que toda a gente se poderá relacionas mas com este p Este "bom dia" terá sido o mais revelador bom dia jamais dito na história humanidade, tanto fez um jovem a ressacar às 8 da manhã ponderar em algo que não aterrar a tromba na cama.
Depois de fazer umas dissertações estranhas sobre a condição de pai, outro momento chave: Neste ponto só posso dizer que é nobre da parte do banco BIC promover a adopção por homossexuais. Só um habitual do Finalmente é que afaga uma foto projectada numa parede com aquele jeitinho.
Finalmente, a revelação. Face a uma foto sua que aparenta ter sido tirada numa má cabine de photomatom enquanto fugia à polícia ou quando estava ainda a curar a tuberculose, reage com uma surpresa ponderada, como quem se assusta em camara lenta.
A fechar, a sabedoria possível: "se chegar lá, já é bom sinal.", 2 versos de um fado pouco optimista, especialmente para quem está a vender bancos.

Como não estão a vender um PPR, não sei bem porque é que perderam tanto tempo a vender esta ideia do banco que para a vida. Toda a gente sabe que os bancos são caducos.

quinta-feira, maio 07, 2015

Trabalho real, um estudo.

Em conversa, disseram-me agora:

" Não precisa de ser um trabalho altamente. Neste momento os critérios são: Pagarem a horas. Decentemente. Não fazer noitadas.  Gostar do trabalho."

Esta pessoa veio do mundo da publicidade.
Temos aqui um caso neuropatológico típico: a vítima, incapaz de se relacionar com a realidade, persegue expectativas surrealistas, que embora não confesse com medo de ser julgada, lhe devem estar a ser ditadas por um banco da cozinha vivo ou uma celebridade que lhe aparece em sonhos. Este unicórnio dos tempos modernos, o "trabalho pago decentemente e com horários", está sempre presente em relatos históricos, que embora o tom documental, se provam cada vez mais obra de ficção, de fantasia, criados por escritores que de facto nunca foram contemporaneos nem conterraneos desses avistamentos. Taxistas juram avistar regularmente este fenómeno, mas trata-se de uma mera acepção enviezada de profissões que não entendem completamente, própria de pobres de espiritos, tolos e pessoas de fé.

sábado, maio 02, 2015

Não posso continuar com isto

Acordei Sábado passado com o despertador. Levantei-me, estiquei-me, olhei pela janela as traseiras dos prédios vizinhos a fazer de aldeia, com limoeiros e estendais, vi o tempo e fiz 10 flexões. Comi um pequeno almoço substancial: cereais, sumo, café, ovos mexidos. Fiz a cama. Meti os sapatos de corrida, liguei o iPod e fui correr.
Subi para o alto de São João, meti-me lá em 3 minutos. A descer em direcção a Santa Apolónia, encontrei mais gente a correr, ultrapassei todos. Eram candidatos a presidentes da república. Dizem que dá azar.
Pisei um pombo inocente. Os ossos estalaram debaixo do sapato, derrapei como quem pisa um figo maduro cheio de nozes, mas safei-me: não fiquei debaixo de um carro - corro sempre no meio da estrada - e o pombo, agora repasto para condores dos andes, não sofreu. Cheguei ao Tejo. Paro para beber água mais à frente, ao pé da esquadra, enquanto vejo os candidatos à presidência a passar, agora um grupo maior. Atrás vão alguns reporteres e um carro vassoura. Devem seguir pelo rio, onde é mais plano, calculei. Resolvo subir Alfama e dar a volta ao castelo, passando pelas portas do sol, o chapitô, a Graça e a Senhora do Monte. Desço pela Baixa, subo o Chiado. Vou ultrapassá-los descendo pelo Adamastor, enquanto passam no Cais do Sodré. Quando cheguei à rua de São Paulo olhei para trás: Já são um grupo que deixo de conseguir contar. São muitos mais candidatos, já enchem a rua de lado a lado, já há reporteres recolhidos no carro vassoura, pisam-se restos de camaras de video e telemóveis, há algumas crianças a serem distribuidas para beijar, deitam-nas à berma, há vieiras com espuma de caril na berma também e pisei outro pombo. A cabeça abriu-se como uma ameixa de Santo António debaixo do meu pé, sem dizer um piu. Acelerei o passo até ao largo de Santos, mas só depois da D. Carlos I é que dou com pelo menos mais 3 multidões de apoiantes aos candidatos, agrupados por chusma, lobby e monopólio, hurros e vivas, cartelas, sms's e bidons de sangue de virgens para ofertar. Empurrei-os todos para o Tejo, afinal só vinha para correr em paz e já bastavam os candidatos. A custo lá se afogaram, nisto pisei um pombo terceiro, e é por isto que desisti de fazer corrida.