quarta-feira, julho 29, 2015

O Leão, um estudo com escala

Acho esta história do leão interessante porque toca em vários pontos sensíveis e insensíveis: Use-se uma escala linear de 0 a 100 para medir o que me estou a cagar para um leão em particular e poder-se-á ler um 74 nessa escala. O facto de lhe ter sido dado um nome deveria fazer diferença mas por hábito, limpo os animais das coisas que os humanos teimam em dar-lhes: nomes, emoções, valores. São bichos. Não são mais que isso. Por isso é que na escala linear de 0 a 100 para burrice absoluta, o caçador em causa está nos 90 e muitos.
Tenho de medir finalmente a escala da granularidade mediática, a importância disto: de 0 a 100, vivemos não sei bem onde, mas como estamos no começo disto da net, diria que nos 45, este tempo em que notícias de factos de cada vez menor impacto ( continua a ser um só leão ) conseguem atingir proporções gigantescas e poderão mudar realmente alguma coisa ( por exemplo, crianças nascidas em 2010 nunca vão imaginar que havia um tempo em que não havia polvos que adivinhavam resultados de jogos de futebol ) . Devia acrescentar-lhe outra dimensão para representar a lamechice.

terça-feira, julho 28, 2015

A insustentável leveza do estagiario

Aqui no trabalho há um monte de estagiários novos. De todas as teorias que ouço à volta dos estagiários - como alimentá-los, o que não podem comer, a que horas é mais indicado, se se lhes podemos ou devemos bater, se devemos dar-lhes pão de ló ou farinha sem gluten, se não podem comer muito senão ficam gulosos, se devem descansar mais ou menos que os outros, se devem ter prioridade para certo tipo de trabalhos - não consigo encontrar uma definitiva. Parece que são humanos, e como tal, multidimensionais. Não há um conjunto de caracteristicas comuns muito grande. É pequena, até: São novos. São relativamente parvos. Mais do que isto em comum, não encontro. A partir daí, não há formulas, porque tanto são capazes de feitos espantosos como das maiores burrices.
Trabalhar com gente é o inferno.

segunda-feira, julho 27, 2015

Mercados emergentes, um estudo


Ali ao pé de casa, abriu mais um café destinado a um público muito específico, mas em expansão. Conceptualmente seguidores da Ana Malhoa, antropologicamente situados entre ratos de ginásio e ratos de discoteca, grupos de casais modernos invadem o bairro. Normalmente vistos na Venda do Pinheiro e no Pacha Ofir, bisontes tatuados e porn-stars de selfie-stick estão agora a chegar à cidade.
Os ingredientes para os atrair são simples: Estética de videoclip de Hiphop, papel de parede com efeitos, preto ou branco. Umas cadeiras de plástico/vime com uma forma inusitada e candeeiros com leds tipo tunning, musica da orbital / lounge de pacote ( estes deram-se ao trabalho e ainda alcatifaram o passeio com um tapete vermelho ). O desafio é equilibrar estes elementos de forma a, com um orçamento (demasiado) baixo, se crie a ideia de que ali há uma sofisticação à parte dos restantes cafés de rua, uma espécie de pedantismo-de-carrinhos-de-choque, que afasta quem gosta só de beber um café em paz sem ter a mania que é esperto simultaneamente.
Conseguiram uma clientela fixa em pouco tempo.

segunda-feira, julho 20, 2015

Século 21

Esqueçam internet por fibra óptica, wireless, computadores, tablets, Smart TV, micro-ondas, video-calls, internet-of-things, NFC, telecomandos, tudo com bluetooth e essas tretas. A revolução tecnológica real chegou lá a casa agora.
Tenho em casa a tecnologia que me permite ter mais tempo livre, livrar-me de tarefas próprias de países subsaarianos e passar mais tempo no sofá.
A máquina de lavar louça ganha o prémio de gadget do ano.


quarta-feira, julho 15, 2015

Tenho mesmo dificuldades em acreditar nisso do Futuro


Essa cena do gin. Epá, não me chateiem com o gin e com as tretas do gin.
No fim de semana fui a casa dos meus pais para a tradicional almoçarada e fui ao bar ( nos anos 70 toda a gente tinha um bar ) confirmar uma memória de infância: sim, tinham copos de gin, colheres de gin, shaker, garrafa de gin, as tralhas todas para cocktails. Nunca vi um em casa. Toda a gente lá em casa fartou-se dessa treta rapidamente - eu não me lembro daquilo ser usado lá em casa - como qualquer outro hábito que surge por moda, pressão dos pares, falta de imaginação e não por gosto.

terça-feira, julho 14, 2015

Isto nunca esteve tão mal

Disseram-me no outro dia que Lisboa estava um perigo. Que a droga era um flagelo social gravíssimo em Lisboa. Pintaram-me um cenário dantesco, especialmente à volta do flagelo da erva.

- Mas Prezado, isso é droga na mesma, e é uma droga de entrada.

É capaz. O meu pai também usava esse argumento e fumava tabaco como uma chaminé. Nunca precisou de saltar para a erva ou para a heroina para ter um cancro e morrer com ele.

- A erva faz mal, claro que faz. Vais dizer que não?

É capaz. A mim até comer uma sandes de fiambre faz azia. Porque é que a erva há-de ser diferente? Mas nessa escala, acho que a erva está mais perto de tofu do que de um bife da vazia. Nesta mesma escala, heroina é um balde de banha de porco.

- Mas nunca vi tanta droga como agora. Até em gente da tua idade.

É capaz. Eu também. Ninguém andava aí a fazer publicidade a heroina há 10 ou 20 anos. Agora os putos são uns desavergonhados, fumam erva à vista de todos. Quanto aos adultos, desde que a paguem e eu não tenha de aturar crises psicóticas, parece-me ok.

- Dizes isso porque não tens filhos.

É capaz. Por isso vejo-me como um entidade reguladora da normalidade, quando isso de ser pai serve como pala dos burros. Lembro-me da curraleira e do casal ventoso, do pessoal que ainda novo se metia por-maus-caminhos. E da quantidade de vezes que fui roubado por carochos. Não tenho saudades desse tempo.

- Estás a ficar velho.

É capaz.

Sobre a Grécia, gosto de puré

Todas as pessoas informadas ( de extrema esquerda, esquerda, centro, direita e extrema direita ) que conheço já partilharam um link com um artigo que explica definitivamente o que se passa com a Grécia.
Como tenho mais que fazer, não tenho interesse em ter uma opinião mais sólida que isto:
Os jornais andam a informar pouco e mal.

segunda-feira, julho 13, 2015

E andamos de carro voador

Estava aqui a andar pela net a pensar que daqui a uns anos os alvos das piadas de standup deixam definitivamente de ser os políticos e passam a ser só grupos económicos, marcas globais, fundos de investimento... Que têm tanto poder que um tipo se vê obrigado a só fazer piadas com políticos.

Ser atendido é o inferno

Andei a sair de restaurantes e bares de Lisboa. É um novo método de exploração urbana que descobri este fim de semana: quando vi ou ouvi qualquer coisa que não gostei, saí. Este fim de semana, saí porque não me atendem como cliente, mas como um bacano, tratam-me por tu, não me aceitam o multibanco, não me oferecem soluções, não me pedem desculpa, não dizem boa noite, água vai ou até amanhã, anunciam-me como é que vai ser o meu jantar sem me dar a escolher, o restaurante tem regras de uso, tentam que seja eu a ajudar a pagar a renda do restaurante e não o prato que ia comer, vendem velho como antiguidade e falta de jeito como excentricidade. Enfim, não facilitam um caralho.
É por isto que gosto de tascos, sei ao que vou e tratam todos os clientes por igual.

sexta-feira, julho 10, 2015

Viva o zapping


Anda aí um fenómeno que me anda a chatear e não passa.
Chateia-me a omnipresença em cada conversa de bar, pré-reunião, café ou almoço, das séries de televisão e em especial, o Game of Thrones.
Eu explico: venho de um tempo longinquo em que não ver televisão era bem visto. Por uma parte da população, pelo menos.
Roupar uma série com "qualidade", como os espectadores de séries gostam de vincar que estas séries têm, não me diz muito: Na verdade não gosto de histórias escritas propositadamente de maneira a manter gente em frente ao ecran durante anos. Numa hora e meia conta-se uma história com a tal qualidade do Game of Thrones ( e mais variedade ), chama-se cinema.
Vi 5 minutos de um episódio há 2 semanas. Foi a primeira vez que vi alguma coisa. Confirmei o meu desinteresse. Ressalva: Não gosto de fantasia. Só vi o primeiro Senhor dos Aneis por peer pressure e vi todas crónicas de Narnia, Harry Potters e afins porque fico no sofá dos meus tios a bezerrar em frente a televisão todos os natais.
A televisão lá em casa não é para seguir nada: ou está ligada à net ( Chromecast, melhor uso que vão dar a 35 euros ) e vai puxando youtubes de gatinhos ou filmes, um fio contínuo de conteudo, ou mudando para o modo televisão que começa a ser algo datado, faço zapping.
Ver televisão com 200 canais é cada vez mais comparável a uma experiência científica, como no SETI, um tipo a vasculhar o universo à procura de vida inteligente, de canal em canal. De tempos a tempos há uns falsos positivos, e isso é que tem piada na televisão, neste momento.


quinta-feira, julho 09, 2015

Era simples.

Andava aqui a matar a cabeça, a discutir a discutir a discutir e a chatear-me, impossível, impossível, cansaço, cansaço, discussão discussão, repetir, repetir, repetir, repetir e depois dizem-me que se calhar ela tem a hormonas alteradas...

Foda-se, um gajo não aprende.

terça-feira, julho 07, 2015

Estado social, explicado a crianças de 5 anos

Pessoa A reclama ajuda do estado para pagar propinas.
Pessoa A diz que lhe pedem que apresent o IRS.
Pessoa A tem bons rendimentos.
Pessoa A diz que isso não quer dizer nada e que inclusivamente, está mal.
Pessoa A vota liberal.

É assim.

quinta-feira, julho 02, 2015

Os diálogos da prancha

- Não, não vás nessa!
- Deixa, tenho de ir, o mar chama-me, tu não o ouves.
- Meu, és maluco, o mar tá impossível hoje!
- Tenho de ir, se não for eu não vai mais ninguém. Uma onda não o chega a ser se não for surfada.
- foda-se meu, queria ter essa vontade.
- Não é para todos. Mas acredita em ti e consegues.
- Vou tentar.
- Não tentes, faz. É só ir. Mas tens de acreditar. Se vais a pensar que não consegues, não dá mesmo.
- Ya, é isso.

O pior do surf é que há uma confusão na cabeça de muitos surfistas: uma ideia estranha de que uma actividade física, um hobbie, um desporto, pode preceder uma filosofia de vida obrigatoriamente, um só tipo de pensamento, até originar uma espécie de superioridade moral que chega a dar-lhes a ideia que adultos cumprimentarem-se com gestos à tarataruga ninja pode ser cool. Não é.