quarta-feira, fevereiro 24, 2016

O Cliente Português

Há que dizê-lo:
O cliente português é uma besta. É um burro.
O cliente português é naturalmente egocêntrico. Como todos os clientes portugueses de todas as nacionalidades.
O cliente português anda a brincar aos escritórios. Vibra quando compra clips, fotocopiadoras ou correntes de plástico vermelhas e brancas para impedir a passagem. O cliente português não tem noção.
O cliente português, habituado a um mundo pequeno e uniforme, espelho dele mesmo, assume a sua posição de cliente como um Gargantua que se senta à mesa.
O cliente português vê-se como um nobre. O mundo é seu.
O cliente português sabe que o tempo é igual para todos, mas o seu tempo pode ser preenchido de reuniões umas atrás das outras, quanto mais longas melhores e quanto menos decisivas melhor. Ai do cliente português que tenha de decidir algo numa reunião, fechando um ciclo que se quer aberto.
O cliente português não quer ser cliente: quer fazer parte da empresa.
O cliente português não quer ser cliente: quer ser um amigo.
O cliente português não quer ser cliente: quer ser ouvido.

O cliente português reclama em diferido. O cliente português acha que paga sempre a mais.

O cliente português é uma nódoa.
Todos somos clientes portugueses.




sexta-feira, fevereiro 12, 2016

A Galp

Só agora reparei nos mupis com o novo logotipo da Galp.
A Galp, pronta a avançar para novos mercados, avança a todo o vapor para a joalharia: o novo logo parece um daqueles berloques para pulseiras das betas. Mas como queriam apelar a outros mercados, transmuta-se em berliindes e em relva. No fim, parece um pechisbeque barato.
Terem convencido o cliente que aquilo tem alguma lógica deve ter sido um granda broche.

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Vamos lá ver

Não me lixem com a conversa anti-GMO's. Se não papam a conversa de sites manhosos sobre refugiados, usem os mesmo critérios para as notícias sobre outros temas. Geneticamente modificado não é veneno, é comida. Se acham que daqui a 20 anos ainda vai andar tudo a comer truta selvagem, desenganem-se.
Agora ponho aqui aquele som do disco riscado e passo a dar-vos a conhecer alguns pontos interessantes de um pitch a que pude assistir o ano passado, de uma startup cheia de boas intenções:
Claramente, daqui a uns anos o planeta deixa de ser sustentável, se continuarmos a comer o que andamos a comer. Temos de mudar de dieta. Dizem vocês, "ah, isso sei eu, só ando a encher-me de chanfana e escabeche de frango" e que deviam comer outras coisas e mais frutinha. Esperem.
Ao que parece, a tal da comida biológica é pouco sustentável: na verdade ocupa terrenos bons com produções nada rentáveis. Ser vegetariano não-GMO também está fora de questão. Cada humano precisaria de 3 toneladas diárias de pistachio, nozes, alpiste, tofu e maçãs do tamanho de nozes para sobreviver, triste e cabisbaixo, - sim, que não comer bifes ia deixar tudo cabisbaixo - um cenário apócaliptico sem bomba H.
A solução apresentada pela startup, era simples, barata e eficaz: Insectos. Farinha de insectos. Google it.
Eu ouvi o pitch, percebi que o mundo tem de mudar rapidamente, saí e fui a correr comer um bitoque.

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Reunite

Uma doença típica dos humanos que se acham importantes - não vou dizer "tugas" porque posso confirmar que é um mal presente em todos - é a reunite. A reunite tem origem numa infância mal resolvida, dizem estudos feitos por.
Se o chefe precisa de marcar muitas reuniões onde aparentemente há pouco a decidir ou já está tudo decidido, dica: poupa tempo da tua vida, pede-lhe ajuda e opiniões diariamente. Mesmo que seja sobre a cor ou densidade do papel higienico, o número ideal dos agrafadores ou a melhor password para o wifi. Qualquer coisa serve, inventa. Tudo para que sinta que afinal querem jogar às escondidas, aos polícias e aos ladrões, à macaca, seja, com ele.
Nota: A Reunite é contagiosa da cabeça para os pés, seguindo a hierarquia da empresa. Na forma ascendente, somatiza.

terça-feira, fevereiro 02, 2016

Groupies são sempre groupies

Introdução: Fui a um concerto muito pequeno, agora dito intimista, do Sérgio Godinho. Este post é dedicado às groupies desse senhor. Pode ser trauteado fora de salas de espetáculo.

Alto lá, que vejo eu
A groupie nem bebeu
Está sóbria vejo bem
antes fosse, minha mãe
metam-lhe uma mordaça
ai o tempo não passa

A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala
A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala

Desengane-se quem vem
ouvir o Sérgio Godinho
vão ouvir cantar baixinho
o segredo já sabido
a zumbir-me no ouvido
"Sérgio faz-me um filho"

A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala
A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala

Bebem-lhe cada palavra
vão sempre vê-lo ao Avante
40 anos vão-se num instante
Desafinando pela causa
as groupies na menopausa

A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala
A groupie não se cala
A groupie não se cala
incomoda toda a sala

Mandem-na calar
A groupie não se cala
meta-lhe uma mordaça
A groupie não se cala
cortem-lhe o pio
A groupie não se cala
Deitem-na ao rio
A groupie não se cala.