quinta-feira, agosto 12, 2021

Mais descobertas a caminho

Eu percebo que quando um tipo pouco se lembra do que aprendeu na escola, no tempo em que aprender era memorizar para a frente e para trás, por ordem de tamanho, alfabética e onomatopeica listas de factos muito restritas, a história dos descobrimentos seja tão importante. O meu pai, com muita facilidade, debitava:
  • Nomes dos rios, onde nasciam e quais os afluentes principais,
  • Linhas de comboio
  • Dinastias, os seus reis e os seus cognomes
Tudo coisas que nunca teve a modéstia de admitir que só davam jeito para responder ao Quem Quer Ser Milionário sem ir ao Google ou como truque que impressiona pouca gente hoje em dia. Eu sei, como herdeiro de um décimo desses factoides, que sempre que uso um, fico mais quente cá dentro, mas nunca arranquei de ninguém um "sabes isso? és um génio" ou um "foda-se és um individuo muito culto, caramba". No máximo apanho um "foste ver isso ao google agora?" e é o máximo da satisfação que posso tirar desses factoides.

Só isto justfica a maneira como toda a gente se agarra aos sacrossantos Descobrimentos como se tivessem sido um milagre operado por santinhos e não um franchise global começado por uns tipos dispostos a tudo (está escrito), brutos como casas (está escrito) e com o senso antropológico de uma bigorna (Está escrito). Tenham calma, há pessoas a tentar falar de coisas sérias e ninguém deixa ouvir.

terça-feira, agosto 10, 2021

Comentários censurados, quem nunca?

 Destranquei os comentários no Blog, depois de ter encontrado uma secção "comentários por aprovar". Não aprovei todos nem me dei ao trabalho de aprovar mais de meia dúzia deles.  Parei em de 2020, eram muitos mais. Mais que isso é torturar-me, como abrir um chat de alguém com quem deixei de falar há 10 anos e tem lá uma mensagem pendurada. O passado é um país distante, os comentários antigos do blog pertencem a um tempo sem Covid, com copos com amigos, manteiga com sal, tascos sebosos abertos e idas ao Galeto improvisadas.

Venha o spam.

terça-feira, agosto 03, 2021

Notícias da Grunhelândia

Tenho saudades do tempo em que passava tardes inteiras a fazer posts a falar mal do Passos, há uns 8 anos. Perdia muito tempo nisto, demasiado tempo. Tanto que era suspeito. Eu explico. Agora que a internet é só grunhos e o Passos até já foi reabilitado, quero explicar.

Eu nunca fui PSD numa casa em que todos eram PSD. O Passos foi o primeiro tipo do PSD que me pareceu ter um discurso consistente, a dada altura. Parecia real. E durante algum tempo, sem dizer nada a ninguém, eu pensava "queres ver que ainda vais votar neste gajo?".

Quando chegou a altura de votar, lá fui. Não podia ser de outra forma.

Passado algum tempo do Passos ganhar, ele faz uma que eu não esperava que ele fizesse. Eu tinha ali uma fé secreta que o gajo era diferente. Vil traidor, o gajo lá fez uma das muitas que se fizeram na altura da Troika, e eu, traído por mim mesmo por ter dado o benefício da dúvida ao senhor, fiquei lixado.
O que vale é que nunca cheguei a votar no gajo. Lembro-me bem, no momento de meter a cruz no sítio, não fui capaz. Não podia viver com a minha consciência se o Passos ganhasse.

Hoje em dia já não posso perder tempo a insultar grunhos online. Na altura do Passos eram poucos, molinhos e ainda não eram brainwashed pelo whatsapp.