quarta-feira, março 11, 2009

Baixa

Sai-se cedo. Tira-se a senha. Vai-se à vida. Os modelitos sobem a rua do Carmo. Os ciganos de Gucci descem. Ouve-se fado. À Brasileira, cobram o pequeno almoço de rei, ao sol. Lê-se o jornal. Caga-se na crise. A miuda italiana com pinta desce a rua. Cobrem o chão com pedaços de pão para os pombos. Cab'ões. Sobe-se à Bucholz, passando pelo Parque Mayer, transformado em parque de estacionamento deprimente. Desce-se. Vê-se em que número vai. Vai-se à rua das Portas de Santo Antão. Pelas trazeiras de azulejo azul do Gambrinus, encontram-se os Almeidas a almoçar. Sentados à janela, de colete reflector. Passa-se pela Lua de Mel, fechada. Vai-se à Fernandes. Deprimente como o Parque Mayer, estacionamento de tias com jeito p'rós apliques. Vai-se à Igreja. Tem 3 pessoas. Sentam-se cá atrás, para não incomodar os santos. Pensa-se em profanar a pia baptismal. Sai-se. Vai-se ver em que número vai. Há um homem em sangue, com cinquenta mirones à volta. Ordenam-se de maneira a que todos consigam ver o sangue. Metade são doutores. É interessante ver como há tantas maneiras de tratar uma pessoa desmaiada, mas nenhuma passa por deixá-la em paz. Volta-se ao Chiado. Encontra-se uma cara conhecida. Um bocado de conversa. Sobe-se ao encontro do almoço com uma cara mais conhecida. Come-se. Fala-se. Ri-se. Come-se. Chega-se à concluão que o importante, mesmo, é não ter chatices e não pensar que as coisas são feitas para correr mal. No fundo, isto até é tudo muito simples.

1 comentário:

Rita Martelo disse...

um belo tipico dia tuga! que saudades