domingo, setembro 30, 2012

Mínimo denominador comum

Fui ao Terreiro do Paço para pedir cumprimento de promessas e medidas inteligentes à nossa classe política. Infelizmente - eu sei, não sou urso - não me ouviram. Ouviram ( espero que não ) o pessoal que lá estava com altifalantes e tal. Tive de ouvir muita coisa muito alto, coisas que provavelmente a geração anterior à minha ouviu igual. Muito se enganou o zarolho ao situar os velhos no Restelo: Não há sinédoque onde caiba tanta gente. Se calhar é por isso que os sindicatos são tão populares como os políticos, agora. Tolerante como sempre, a manif acabou quando ouvi o apelo a uma manif "contra o desemprego". Haja paciência para estes mentecaptos todos.
Eu vou fazer uma pelo nascimento diário do Sol, já agora. Ou contra. Numa esplanada. É o mesmo.

Mas era preciso que saísse à rua. Quando for mesmo muita muita muita gente para a rua - já aconteceu e desta vez foi muita gente que não tem nada a ver com sindicatos, o metro esteve cheio  - não podem dizer que são só sindicalistas. 

7 comentários:

calhou calhar disse...

É verdade, os sindicatos estão muito impopulares.
Eu sou a favor do movimento sindical na sua génese solidarista e emancipatória, mas percebo a desconfiança no sindicalismo actual, que é muito segmentado e, no caso da CGTP, ainda muito ligada ao PCP...
Mas foi um Comício cheio de gente e cantorias, pelo que pude observar.
:D

calhou calhar disse...

Um texto que vale a pena ler, caso tenhas pachorra:

http://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/571_Valladolid%20EE%20FINAL%20jan08.pdf

Em sublinhado: "...Levantar a
dúvida e formular novas questões, fundadas na nova realidade, é um primeiro passo.
Continuar a apostar no velho sindicalismo industral-nacional, ou promover um
sindicalismo de movimentos aliando-se aos novos actores e movimentos sociais?
Continuar a intervir apenas nos planos sectorial e nacional, ou estimular cada vez mais
as redes de solidariedade transnacionais? Trabalhar em conjunto com as comissões de
trabalhadores (e, porque não, os conselhos de empresa europeus?) e promover a sua
eleição democrática, ou apenas trabalhar com elas quando se tornam um instrumento do
sindicato? Como renovar as lideranças sindicais aprofundando a democracia interna e
cooptando os sindicalistas mais jovens com base no critérios do mérito e da crítica
construtiva? Como fazer representar e promover o acesso das mulheres às posições
dirigentes, já que estamos num dos países mais feminizados da Europa na área laboral?
Apostar sobretudo nos sectores mais estáveis e com mais poder reivindicativo, ou
estender e intensificar a intervenção junto dos segmentos laborais mais precários e mais
difíceis de mobilizar como os imigrantes, os jovens e os desempregados, por exemplo?
Como combinar a acção de denúncia com a negociação e os meios institucionais, quer a
nível do quadro legal e dos tribunais quer das instâncias da inspecção do trabalho - Estas são algumas das interrogações que, em face do actual panorama social e laboral, deveriam ser objecto de reflexão e diagnóstico crítico por parte das estruturas
dirigentes e das instâncias representativas do movimento sindical..."

Jibóia Cega disse...

Eu a caminho de lá passei na exposição das sardinhas patrocinada por aquele banco cor de rosa e tenho a dar-te os parabéns pelos teus exemplares! :)

Prezado disse...

Calhou,

E que tal medidas menos abstractas e mais concretas e straight-to-the-point?
ex: sindicato com parceria cobrador do fraque, sindicato reportador dos abusos do patronato que um simples recibo-verde não pode denunciar sob pena de não ter mais trabalho em lado nenhum... etc etc. Sim, a emergência social não está neste momento com a qualidade do trabalho, mas com tê-lo, e pago.

Jiboa, Obrigado obrigado. Ainda lá estavam? Pensava que isso já tinha acabado há meses.

Jibóia Cega disse...

Estavam mas era o último dia. Nem fazia ideia que tinha havido um concurso desses e depois uma exposição. Eheh

calhou calhar disse...

O texto era um paper de um investigador do CES. As questões que deixa são pertinentes e desafios lançados aos sindicatos.
Este, então, é fundamental: "promover um
sindicalismo de movimentos aliando-se aos novos actores e movimentos sociais".

calhou calhar disse...

É a única maneira de não ficar ninguém de fora e se parar com o sindicalismo de capelinhas.