quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Odisseia IV

Saimos da cidade rumo ao Ribatejo.
Já tinha ouvido falar de um daqueles sítios perdidos para o meio dos arrabaldes e desta vez o amigo do Januário, o Pascoal, ia servir de cicerone. Pelo caminho, A8 acima, enquanto o carro ia aquecendo e absorvendo o cheiro dos hamburgueres, o Pascoal ia fazendo a introdução ao tema casas-de-meninas, enquanto contava do companheiro de poker que não veio e das meninas com quem trocava SMS's.
- Mas trocas sms's com ela?
- Sim ela gosta mesmo de mim, parece-me.
- Mas vêem-se cá fora?
- Sim, até vamos ao café.
Aquilo não batia muito certo, não se deve misturar prazer com negócios e muito menos com cafés mas o Pascoal seguia. Na relação e no caminho. Depois da auto-estrada, as secundárias, as primárias, os baldios, os casais, chegamos a uma vivenda com uma estátua neoclássica à porta, daquelas estilo, não sei bem, bidé, estatuária de bidé, não, estatuária de jardim, mas aquilo só serve para base de bidé, o carro entra no jardim e é um sortido de estátuas de bidé, o menino-aguadeiro, a venus-de-versalhes, o pastor, tudo a distrair-me da entrada. Casa da Kikas, era o sítio. A entrada era um misto de Horta2 com um matadouro, sem nexo e sem deixar adivinhar o interior.
Pista de dança enorme e vazia, só 2 ou 3 mulheres a dançar, 30 marmanjos e velhos encostados as paredes e ao balcão. Uma ou duas sentadas no balcão e um russa que apesar de parecer que está sentada no balcão, não está: tem mesmo quase 2 metros.
Primeiro estranhei o gosto especial por estarem todos os gajos aos magotes uns em cima dos outros, sem dançar e praticamente sem falar, mas depois percebeu-se o porquê. Num bar onde não tem de impressionar nenhuma mulher para facturar, um gajo não tem de se divertir: pode ficar a fazer o que lhe apetece, nada. Há um episódio do Luky Luke que fala disto, lembrei-me.
Entra a dona Kikas. Matrona do século XXI, vem de microfone colado à cara e é rápida a cumprimentar todos os homens: penso que primeiro nos apelidou de pixas-moles e depois de paneleiros. Ou foi ao contrário.
Abertas as hostilidades - e aqui quando digo hostilidades é no verdadeiro sentido do termo - começa por apresentar um strip. A audiência continua imóvel, se apresentassem o fim do mundo a reacção era igual. Vamos ao balcão pedir uma imperial. Não há. Só minis. Só se bebem minis. Do lado de lá do balcão, neons e uma fonte gigante com um menino-a-fazer-xixi - manneken pis é pra lisboetas -  com uma base de golfinhos e alguns anões de jardim pintados. No palco a Vanessa torce-se toda e ao varão com piruetas e com vontade. A Fabiana ia aprender umas coisas aqui.
Continua

2 comentários:

Xuxi disse...

E os gajos a cagar?? Isto ta curtinho querem is os pormenores escatologicos pa....

Prezado disse...

Tavas com pressa!