domingo, agosto 26, 2007

Intelectual de serviço

Morreu o arquétipo do intelectual em Portugal, Eduardo Prado Coelho. Há muitos anos que acompanhava as crónicas no Público religiosamente, mesmo quando ( ou especialmente) numa teorização sobre as banalidades da vida conseguia abarcar metade dos pensadores contemporâneos franceses, 3 humanistas, Platão e 2 sociólogos alemães, lançando a confusão numa cabecinha pequenina como a minha. O excesso do EPC afastava-me, mas prendia-me pela coincidência em posições politicas ( tinha dias) , pela cultura e pela argumentação certeira.

2 comentários:

  1. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.

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  2. Levantas uma boa questão, que muito me fascina. O haver pessoas como EPC ( vai fazer falta ), que apesar de homem da cultura, consegue ainda escrever sobre bola. ( eu sou dos tais que detestam futebol ).

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