segunda-feira, outubro 08, 2007

Impossível contar

Fiquei quase em Espanha ( parece que tenho uma fixação por pousadas esquecidas na fronteira com Espanha), ali perto de Paredes de Coura. Um descanso.
Podia ficar aqui a descrever o verde interminável das encostas forradas de fetos, o céu e as estrelas que não acabam, a paz que é andar no meio de nada, what a wonderfull world como musica de fundo, montanhas, vacas, a comida ( vacas ), o vinho verde, os espigueiros. Mas não. Tanta paisagem e ainda assim o ponto alto ( ou baixo ) da viagem não tem nada de natural. O que nunca vai ser apagado da minha memória é:

A Quinta de Santoinho

Vou esquecer-me de muitas coisas, mas cá vai: A quinta é um "restaurante" para 3000 pessoas 3000. É onde os velhinhos atestados de viagra vão para se divertir. É onde as velhinhas de mini-saia vão encontrar os velhinhos. Onde vão todos comer sardinhas assadas e beber tinto baptizado à descrição. Onde há 2 pistas, uma com 12 cantadeiras de malhão e outra com uma desfolhada ao vivo, debaixo de um funil gigante. Onde ia ficando surdo. Onde há marchas populares com arquinhos e balões. E cabeçudos. O Apocalipse num bailarico.

Fui ao engano, claro. Dito isto, digo que vale a pena. (Sublinho pena) É que isto foi mais do que um case study de sociologia, isto chega para 3 cadeiras de antropologia na Sorbonne. Detalhes como o culto da personalidade do falecido fundador do império em estátuas e retratos espalhados pelo complexo ( ao lado de chaimites e comboios decrépitos ) fazem-me acreditar que há aqui material para uma tese.
Enfim.. Do site da quinta, vem o resumo:

Impossível contar
O que vi e o que senti
Neste INÉDITO ARRAIAL:
-"Quem vier ao Minho
E não for a Santoinho
Não conhece Portugal".

António Cunha


É tão triste isto ser verdade...


Antes de me ir deitar, disse que não ia conseguir dormir com a quantidade de informação que tive de encaixar. Enganei-me. Dormi, mas com uns sonhos kitsch só com cores e barulho e mais cores. Pesadelo.

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