Noite.
Taxista.
-"Sabe, está para haver uma revolução..."
-"mmm desculpe?"
-"Uma guerra civil."
-"mm.... cá?" digo com cara de cá-não-acontece-nada-pá.
-"e para breve. Os pobres vão cortar a cabeça aos ricos. Eu pensava que seria daqui a dez anos, mas pela conversa que tive ontem com uma senhora no taxi, percebi que será daqui a 4 anos."
-"ah, ainda vai demorar. Mas isso até faz falta." Eu à espera que ele fosse o cabecilha da guerra civil e afinal nada.
-"Mas sabe que isto me assusta, sabe porquê? porque faremos outra revolução sem sentido e o país não vai encontrar o rumo, e vamos continuar à deriva. Estude história, meu amigo."
Ok.
Imaginar longa dissertação sobre a queda do império português, metendo Filipes, guerras liberais, e a Inglaterra de 1820 e o Sebastianismo.
Encontrado um taxista tão douto e de calibre intelectual à minha altura, tive de partilhar a minha opinião. Resumi a existência do português à sua burrice, ingovernabilidade e talento para se queixar da vida. O gajo ficou ofendido, afinal parece que tinha fé que um dia ainda damos a volta por cima.
Uma amiga minha contou-me a brilhante (que mais poderia ser, sendo Ela a contar?!) história:
ResponderEliminarTaxista: "Olhem meninas, vocês é que têm sorte, porque são mulheres! Porque vai rebentar aí uma guerra civil e nós vamos limpá-los a todos..."
(a este ponto, a minha amiga perguntava-se quem eram "nós")
Meninas: "Ahhhhh... pois!..."
Taxista: "É que eles acham que nós não sabemos onde estão as granadas... mas nós sabemos! Nós vamos tomar conta disto..."
(a este ponto a minha amiga perguntava-se quem eram "Eles")
Meninas: "Ahhhhh... pois!"
Taxista: "Nós fizemos o ultramar..."
(a esta altura a minha amiga estava quase a chegar ao destino e não teve oportunidade de perguntar ao Sr. Taxista se o "nós, que tinhamos feito o ultramar" era a grande família taxista, ou se havia outro "Nós" que ela não tinha conseguido apanhar na conversa...)
De todo o percurso, o que a minha amiga mais gostou foi do facto do cavalheirismo ainda imperar na classe taxista... Nem em revolução se bate em meninas...mesmo que seja com flores!
É só perolas... obrigado pela partilha..
ResponderEliminarQuero deixar aqui o apelo: comentem com a vossa historia-de-taxistas favorita, acho que está na altura de assumir a importancia destes senhores no nosso quotidiano.
Quem sabe não abro um estaminé só para este fenomeno social...
não serão esses senhores detentores de maquinas do tempo? e que vem avisar a malta mascarados de taxistas? tipo os 12 macacos?
ResponderEliminarLamento, mas nisto não posso contribuir: não ando de taxi - muito caro.
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