quinta-feira, junho 05, 2008

A queda do Império

Noite.
Taxista.

-"Sabe, está para haver uma revolução..."
-"mmm desculpe?"
-"Uma guerra civil."
-"mm.... cá?" digo com cara de cá-não-acontece-nada-pá.
-"e para breve. Os pobres vão cortar a cabeça aos ricos. Eu pensava que seria daqui a dez anos, mas pela conversa que tive ontem com uma senhora no taxi, percebi que será daqui a 4 anos."
-"ah, ainda vai demorar. Mas isso até faz falta." Eu à espera que ele fosse o cabecilha da guerra civil e afinal nada.
-"Mas sabe que isto me assusta, sabe porquê? porque faremos outra revolução sem sentido e o país não vai encontrar o rumo, e vamos continuar à deriva. Estude história, meu amigo."

Ok.

Imaginar longa dissertação sobre a queda do império português, metendo Filipes, guerras liberais, e a Inglaterra de 1820 e o Sebastianismo.

Encontrado um taxista tão douto e de calibre intelectual à minha altura, tive de partilhar a minha opinião. Resumi a existência do português à sua burrice, ingovernabilidade e talento para se queixar da vida. O gajo ficou ofendido, afinal parece que tinha fé que um dia ainda damos a volta por cima.

4 comentários:

  1. Uma amiga minha contou-me a brilhante (que mais poderia ser, sendo Ela a contar?!) história:

    Taxista: "Olhem meninas, vocês é que têm sorte, porque são mulheres! Porque vai rebentar aí uma guerra civil e nós vamos limpá-los a todos..."

    (a este ponto, a minha amiga perguntava-se quem eram "nós")

    Meninas: "Ahhhhh... pois!..."

    Taxista: "É que eles acham que nós não sabemos onde estão as granadas... mas nós sabemos! Nós vamos tomar conta disto..."

    (a este ponto a minha amiga perguntava-se quem eram "Eles")

    Meninas: "Ahhhhh... pois!"

    Taxista: "Nós fizemos o ultramar..."

    (a esta altura a minha amiga estava quase a chegar ao destino e não teve oportunidade de perguntar ao Sr. Taxista se o "nós, que tinhamos feito o ultramar" era a grande família taxista, ou se havia outro "Nós" que ela não tinha conseguido apanhar na conversa...)

    De todo o percurso, o que a minha amiga mais gostou foi do facto do cavalheirismo ainda imperar na classe taxista... Nem em revolução se bate em meninas...mesmo que seja com flores!

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  2. É só perolas... obrigado pela partilha..

    Quero deixar aqui o apelo: comentem com a vossa historia-de-taxistas favorita, acho que está na altura de assumir a importancia destes senhores no nosso quotidiano.

    Quem sabe não abro um estaminé só para este fenomeno social...

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  3. não serão esses senhores detentores de maquinas do tempo? e que vem avisar a malta mascarados de taxistas? tipo os 12 macacos?

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  4. Lamento, mas nisto não posso contribuir: não ando de taxi - muito caro.

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