Sobe-se do Alto de São João, em direcção à Penha de França. Já é noite, os prédios antigos estão com as luzes das águas furtadas acesas. Dá ideia que todos os outros andares estão por ocupar, por glamour em defeito. O emigrantes paquistaneses passam, de turbante. A chinesa engoma, de lá de dentro vem o cheiro a vapor. Na porta a seguir, o cyber-café xunga, cheio de indianos - interessante como aqui em Lisboa, digo "xunga", mas em Londres nunca entrei em nenhum melhor que aquele - todos à volta do skype, de auricular ok-teleseguro. Desce-se daí, a ver os prédios antigo forrados a azulejo e a ver as luzes da cidade mais ao fundo, até ao bairro das colónias. De caminho, uma familia de indianos muda de casa. Milhentos caixotes à porta de casa, no rés-do-chão, onde ainda se viam posters e quadros de deuses azuis, cor-de-rosa, de tromba e machado na mão. De passagem pelo Socorro e pelo Intendente, há muitas pessoas na rua. Há negócios menos próprios, as discussões associadas, os mirones, os sem-abrigo a ver televisão da porta do tasco. Entras, levas um tabefe. Logo.
A chegar ao Rossio, vejo senhoras, já de idade, vestidas de víuvas, aprumadas como avózinhas, uma sentada numa caixa de SuperBocks, outra ao lado, em pé, encostada à grade de uma loja fechada. Nem percebi logo o que faziam ali.
Mas sim, eram mesmo... Perfeitamente medieval.
Não tenho tido tempo para ler as coisas com calma, mas gostei muito muito deste teu texto. Parabéns!
ResponderEliminarEu sei, eu sei. Ando a alongar-me um bocado.
ResponderEliminarObrigado, Vee.