quinta-feira, novembro 06, 2008

Cidade, perdido pela

Sobe-se do Alto de São João, em direcção à Penha de França. Já é noite, os prédios antigos estão com as luzes das águas furtadas acesas. Dá ideia que todos os outros andares estão por ocupar, por glamour em defeito. O emigrantes paquistaneses passam, de turbante. A chinesa engoma, de lá de dentro vem o cheiro a vapor. Na porta a seguir, o cyber-café xunga, cheio de indianos - interessante como aqui em Lisboa, digo "xunga", mas em Londres nunca entrei em nenhum melhor que aquele - todos à volta do skype, de auricular ok-teleseguro. Desce-se daí, a ver os prédios antigo forrados a azulejo e a ver as luzes da cidade mais ao fundo, até ao bairro das colónias. De caminho, uma familia de indianos muda de casa. Milhentos caixotes à porta de casa, no rés-do-chão, onde ainda se viam posters e quadros de deuses azuis, cor-de-rosa, de tromba e machado na mão. De passagem pelo Socorro e pelo Intendente, há muitas pessoas na rua. Há negócios menos próprios, as discussões associadas, os mirones, os sem-abrigo a ver televisão da porta do tasco. Entras, levas um tabefe. Logo.
A chegar ao Rossio, vejo senhoras, já de idade, vestidas de víuvas, aprumadas como avózinhas, uma sentada numa caixa de SuperBocks, outra ao lado, em pé, encostada à grade de uma loja fechada. Nem percebi logo o que faziam ali.
Mas sim, eram mesmo... Perfeitamente medieval.

2 comentários:

  1. Não tenho tido tempo para ler as coisas com calma, mas gostei muito muito deste teu texto. Parabéns!

    ResponderEliminar
  2. Eu sei, eu sei. Ando a alongar-me um bocado.

    Obrigado, Vee.

    ResponderEliminar