domingo, outubro 24, 2010

A noite está a ficar maior que o dia

Saí de casa directo à Culturgest, para ir ao doclisboa, depois de ter estado parte da tarde na ronha a ver outra referência do documental, o Zorro. Esperava-me um grupo de meninas não muito amante do documental, dada a displicência com que apreciaram o Galeto, onde fomos antes da sessão começar. Depois, Culturgest.
- Filme: My Joy, de Sergei Loznitsa. É uma ironia, disse o director do festival. Tinha razão. O filme é cru, árido, longo, feito a golpes de machado. A vastidão do cenário a tomar uma grande parte da tensão. Uma ficção feita por um documentarista. Um filme que gostei. Uma história muito simples, um conjunto de retratos feios. -
Com a vizinha do lado esquerdo a desesperar de sono e a não conseguir ver o filme, algumas pessoas a sair a meio, comecei a achar que planos de 3 minutos de estradas com neve podem realmente dar cabo da paciência de um santo. Mas é assim que também se ganham palmas em Cannes. Depois, Bairro Alto. De carro. Tarde. Isto equivaleu a percorrer o mesmo bloco de edifícios durante 45 minutos, aos círculos, até finalmente o carro ficar em cima de uma passadeira. Depois, subir a pé até à Mercearia. O género de bar que nunca entraria sem intermediários. Depois, o diálogo da noite, entra em cena a romântica de um metro e vinte:
- Hoje estive a ver um filme que é capaz de os surpreender, amei aquilo, é surpreendente, vão ficar chocados. - Prezado desperta logo, quando dizem isto, porque já viu 70% da internet que ninguém quer ver.
- Força. Duvido que me consigas chocar, mas chuta. - Prezado confiante, a certeza, a convicção inabalável.
- É uma obra genial. Não sei se são do género romântico - oh merda - mas é o... Twilight.
Segue-se longa e apaixonada descrição sobre as qualidades cinematográficas, estéticas, narrativa e apreciação estética sobre os actores. Imaginem alguém a descrever a cinematografia de um Wong Kar-Wai ou de um Coppola, mas no fim descobrem que estão a falar do Twilight. Ainda fiz saber de vários modos que gostos não se discutem. Enfim, ganhei uma fan e descobri que há trepanações que correm mal.
Já em desespero, dado o espancamento que é ouvir "Twilight é um grande filme", recebo o sms que me salva a noite, um amigo numa discoteca gótica ao pé do Saldanha.
Grande sessão de metal, industrial e afins, a fechar com o Final Countdown com uma discoteca inteira a rir-se. Genial.
Deixo aqui o que foi o momento alto da noite de ontem, no seu todo:


E ainda passei pelo grande Jorge Palma, sóbrio.
(eu, não ele )

7 comentários:

  1. juro que a inspiração não veio daqui.
    mas é bom ver que lutamos pelo mesmo lol

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  2. iPod hasta la victoria!

    Carrega lá no botão, não penses que escapas...

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  3. Saíste com alguém de 16 anos? Twilight? Eu confesso que fui ver, mas depois até me senti mal porque era a única que ria. Aparentemente as miúdas (que suspiravam) atrás de mim não acharam que aquilo era uma comédia.

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  4. Não! até acho que era mais velha que eu.
    Eu até devia achar espantoso haver gente que tem convicções tão fortes sobre algo que é tão fraquinho.

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  5. Não há nada que o Final Countdown não salve. Isso, sim, é que é uma obra genial!
    (quais Twiligth quais quê)

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  6. Já vi o dito filme porque um grupo de alunas resolveu fazer um trabalho sobre as criaturas sugadoras! SOCORRO! :)
    Mas tu trabalhas à 2º feira? É que essa noite não parece ter tido fim! ;)

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  7. Malena, ninguém merece. Mas acima de tudo, eu não mereço, mesmo não sendo um cinéfilo de primeira, não mereço ouvir falar tão bem de um filme que é uma valente merda, em bom português.

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