terça-feira, março 27, 2012

BILF

Duas coisas andam a chatear-me bué. Está na altura de falar delas. Bom, agora que tenho a vossa atenção, é isto:
São os telejornais em particular e os media em geral. No telejornal passa esta peça, com a qual eu devia ter alguma empatia. Mas não. O projecto Amelie é um misto pequeno-ponei + street art. Como há boa street art com pequenos poneis, vou-me concentrar na má, como esta. Porquê? porque estou ressabiado. É que o projecto amelie, como é feito por pequenos poneis, é noticiado. No entanto, não passa de autocolantes em propriedade pública. E o autor até dá a cara ao Jornal da noite. A ironia é, em 2 pontos:

  • autocolantes fofos colados em todo o lado é um projecto positivo e fofo pelo qual se dá a cara
  • autocolantes não-fofos colados em todo o lado é street art e é um vandalismo do caralho, tudo cagado cabrões do caralho

Depois, estou eu descansado a odiar estes paspalhos e vem a SIC e faz isto. Aqui a ironia não é muita, é mais uma questão actual que vejo repetida. Também em 2 pontos:

  • A SIC propõe que "profissionais ou curiosos" da publicidade, participem gratuitamente - diz o artigo "A participação neste desafio é gratuita" - num concurso de criatividade onde o prémio são 2 mil euros. Sublinho que 2 mil euros é pouco, reparem. Tenho de vincar isto porque começa a ser vulgar ouvir frases como "aqueles a fazer greve? mas eles ganham alguns 1300 euros!!" e fico doente.
  • A quantidade de concursos que surgem remetendo ao campo da "curiosidade" e do sorteio o que muitas pessoas têm como profissão leva-me a propor que se façam mais concursos para mais áreas, uma espécie de turbo-mérito. Podia aplicar-se em médicos, advogados, engenheiros ou gestores de público-privadas. Esqueçam, estes últimos já funcionam assim.

14 comentários:

  1. A ideia que o trabalho criativo não precisa de ser remunerado é assustadora. A leviandade com que se fazem "concursos" em que se põe um número absurdo de pessoas a trabalhar, para apenas uma ser remunerada... concursos em que o que é produzido nem é a ideia vencedora mas um aglomerado das milhentas ideias desenvolvidas por pessoas que não recebem um tostão. Cada vez mais o trabalho criativo é considerado como um privilégio, e não como trabalho efectivo. Nâo passa pela cabeça de ninguém encomendar 20 pratos num restaurante, e depois de olhar para eles só comer e pagar um.
    E essas reportagens de favor são cada vez mais comuns e dão vómitos. Mas a populaça engole tudo.

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  2. Ah, ser designer. São João, palavras para quê?

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  3. ahahahaha li uma merda kk sobre isso no DN e3 pensei que era mesmo uma ideia tolinha...righ on bro!

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  4. Tou cheio do jornalismo actual, descobrem a pólvora todos os dias.

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  5. Acho que nem li bem. 2000 euros? Que pechincha! 1000 para mim, 1000 para ti. Isto está ganho! Na tua casa ou na minha? Mas olha que tem de ser uma rapidinha, uma espécie de campanha expresso, tipo copiar qualquer coisa de um canal de outro país, como se usa agora...

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  6. Alexandra,
    70/30, na tua, 2 horas, copiamos uma cena que vi num canal marroquino que ninguém vê e não se fala mais nisto.

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  7. o teu post fez-me lembrar um prémio de inovação muito publicitado, atribuído a uma ideia para recuperar o centro degradado das cidades "a custo zero".

    os projectos seriam efectuados por estudantes de arquitectura, as especialidades por estudantes de engenharia, os materiais fornecidos "pro bono" (com isenções fiscais) por empresas que quisessem publicitar-se dessa forma.

    por fim, os estudantes acabam o curso e juntam-se às hordas de arquitectos e engenheiros desempregados, porque o pouco trabalho em construção é feito por estudantes, à palóvski. resta saber à responsabilidade de quem, que a lei ainda não permite que estudantes assinem projectos de arquitectura.

    proprietários privados e câmaras municipais deixam de gastar dinheiro com profissionais em troca de um serviço e ganham edifícios de rendimento recuperados. tudo isto salpicado de inovação e smarties.

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  8. /0/30... se os 30 são para mim só faço o copy. Tu executas. It's a deal. Margem sul, não te esqueças.

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  9. Zé,
    Essas propostas do mundo dos pin&pons, nunca percebi como é que 1. há quem "pense" nelas, 2. há quem vote nelas. Não há almoços grátis. Gostei dos smarties.

    Alexandra,
    Xana, por 30% ainda fazes copy? eu não ia fazer nada por 70%. Margem sul... irgh.

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  10. Cá no Norte, quer a CEC 2012 quer a CEJ 2012 funcionam assim:
    trabalho físico: *voluntariado*
    trabalho criativo: *concursos*

    Se ganhares o concurso, ganhas quantias exorbitantes como as que referencias.
    Se não ganhares o concurso, ganhas um certificado que podes usar para "enriquecer" o cv -.-'

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  11. Criatividade a preço de uva mijona é o prato do dia. Reza a lenda que as próprias agências estão a baixar tanto as calcinhas, para além de chutarem malta para canto, que muitas empresas contratam directamente profissionais do ramo para lhes fazerem o trabalho directamente a preços ainda mais insultuosos, porque há quem se sujeite a tudo (é certo que alguns por já estarem tão à rasca que vale tudo).

    Quanto a street art e projectos da tanga, como sempre valem os contactos e o encher-o-chouricismo. O teu projecto é sempre fixe desde que conheças as pessoas certas...

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  12. Estou a pensar, depois de ver tanta gente com ideias tão próximas - brilhantes e esclarecidas como poucas, devo dizer - em criar um Projecto Pin&Pin, onde frases com caralhadas seriam coladas nos maus concursos divulgados por aí.

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  13. eu já tinha votado em ti, a sério, não era preciso tanta merda...

    quanto aos 'concursos' parece que a última moda é as grandes marcas lançarem 'concursos' para determinadas escolas (IADE, ETIC e afins, tudo alinha no esquema) e os alunos ficam todos felizes de poderem criar a campanha da Sagres ou outras empresas dessa dimensão. A marca fica feliz e ainda mais rica, os profs ficam alegres e com menos trabalho, as escolas ficam orgulhosas. É uma win-win-win-win situation.

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  14. Marta, a denuncia está feita no post seguinte.

    Isso dos concursos com alunos, sabemos como é habitual, já nos tempos do IADE isso acontecia, mas a uma escala pequena, comparada com a de hoje... Só o mercado é que se fode, porque como sempre um trabalheco muito manhoso e gratuito - os clientes nunca têm problemas com o "manhoso" se logo a seguir a frase acabar com "gratuito" - vai para a rua em vez de um trabalho com pés e cabeça.

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