domingo, março 04, 2012

Exercício cliché

Do ginásio não há muito a contar, os clichés repetem-se, nada se passa que não seja o esperado: em todos os ambientes há cromos, há descompensados, tacanhos, mentecaptos, dedicados. Para cada kg levantado há um episódio já visto. Até que chegou aquela senhora já velha.
A senhora colecciona tatuagens.
Nenhuma tem mais de 1 ano.
Fá-las porque pode, junta-as, sem um pensamento comum ou uma ideia, como é hábito agora, tatuagens são moda também, as do ano passado não são as deste ano. Junta-as, como marcações da sua façanha de se tatuar. Cumprem-se. A tatuagem do golfinho marca o evento da tatuagem de um golfinho. E o escorpião. E a estrela. Junta-as na nuca, em fila e em grelha, a fazer uma linha de bingo. Quatro delas encarreiradas, como alvos abatidos, na pele já gasta. Na canela mais duas, somadas parecem dingbats.

5 comentários:

  1. parece-me que, no caso dessa senhora, a tatuagem é só mais uma forma dela modificar o corpo. de facto, sem perceberes - ou percebendo - fizeste um belo paralelismo e/ou associação.
    tal como há de tudo no ginásio e na farmácia, também há várias motivações para se tatuar o corpo. curiosamente, ambas as práticas podem ser viciantes.

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  2. Eu faço tudo sem querer.

    Bonito paralelismo.

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  3. ...também pode ser uma forma de lutar contra a morte. sentir-se jovem e com vitalidade...
    eu gosto de inscrições coloridas, já tenho umas quantas e comecei cedo... eu posso e faço no meu corpo...cubro e descubro quando me apetece e para quem me apetece... ah, ah, sim, é viciante! :D

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  4. Agora sei que há vida para lá da sardinha.

    ( eu vou pela ideia da senhora provar que ainda é uma jovem )

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  5. Eu acho que a senhora anda à procura da melhor textura da cor da tinta.
    Aquilo deve dar-lhe uma pica.

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