quarta-feira, outubro 28, 2009

Ao campo das cebolas

A dona Beatriz benze-se. Passa as mãos na caixa, feita numa amalgama de madeira e placas de metal a agradecer graças concedidas. Desde doenças a exames passados, o todo da caixa é coberto de placas de metal, como cartoes de visita. O vidro da caixa deixa ver uma figura de ar languido que faz de santa. Depois de contar às vizinhas assertivamente como a mãe, irmã e filho morreram depois de anos a cuidar deles, sai.
À saida, passa pelo Cristo. Baixinho, agradece-lhe todo o bem que lhe trouxe, meio a choramingar. Agarra-lhe as coxas e deixa cair as mãos pelas pernas. Nisto, olha-me de lado e sai, com as mãos a pingar água benta.

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