segunda-feira, fevereiro 01, 2010

O país dos fuçangas

Os habitantes de Corcovelo de Ribanxes de Cima levantam-se às 4 da matina para marcar uma consulta no centro de saúde de lá da aldeia. "há poucos médicos", dizem, encostados à parede, de corta-unhas em riste. Há poucos médicos, realmente. Mas há fuçanguice: o xico-esperto do Zé Manel da ti Maria chegou à porta do centro 10 minutos antes em 2003, e numa escalada irracional, já vai a aldeia toda no dia antes, à noite. Preve-se que em 2012 acampem à porta 3 dias antes, por este andar.
E depois penso: Labregos, provincianos. Gostam de sofrer. Miserabilistas.
E depois lembro-me: Espera, uma amiga minha diz que em Lisboa se quer arranjar lugar para os miudos no colégio, tem de começar meses antes dos miudos nascerem. Há aqui um padrão?
E depois rio-me: Os cromos que acampam propositadamente à porta da Fnac para terem o Harry Potter nas mãos antes da miúda chata do 5º esquerdo.
E depois vejo: Esta corrida online aos bilhetes de XX e La Roux * fez-me lembrar como somos uns fuçangas da merda, sempre com medo que nos levem tudo.
...Eu ainda sou do tempo em que comprava um bilhete à porta dum concerto.


*Quem tiver um bilhete a pesar-lhe na carteira, já sabe. Deixem comentário e desde que não estejam em Estremoz, eu apanho a carreira e vou buscar.

1 comentário:

  1. Há filas para tudo hoje em dia. Filas e bichas. quando vou ao supermercado escolho sempre a bicha maior que é para manter a tradição. Bichas, filas e senhas, não é o máximo?
    Beijo ardente,
    Capitolina

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