sábado, agosto 31, 2013

Cheguei ao fim da lista

Finalmente aconteceu, ao fim de anos de viagens de taxi a ouvir a piada "para o cemitério? Mas do lado de dentro ou do lado de fora?", o taxista perceber que já fez a piada antes e dizer-me "ah, já fiz um serviço consigo para lá. É para aquela rua assim e assado, não é?", o que vou tomar como prova cabal de que usei todos os taxis de Lisboa pelo menos uma vez. Acho que devia ter um desconto na tarifa pela comemoração desse acontecimento e como compensação por ter ouvido outra vez a piada do cemitério.

terça-feira, agosto 27, 2013

- Mas como é que fazes isto?
- Bom, são muitas horas todos os dias nisso.
- Ah, isso é bom para ti que consegues.

A noção que algumas pessoas têm de que trabalhar x horas por dia é uma opção, como que complementar à opção vou-ficar-aqui-à-sombra-da-bananeira ainda me deixa abananado. E se apanho o pessoal neo-liberal com aquela noção enviesada que quem está no desemprego ou ganha mal é porque simplesmente não trabalha e não está para se chatear - aquela gente estranha que trabalha de sol a sol e não ganha que chegue fica sempre fora destas teorias - também apanho uma espécie de bloquistas com uma ideia semelhante mas velada, trabalhar muito é opção para quem tem mais que 2 dedos testa o que vai dar à teoria neo-liberal do pobre burro e enfim.

domingo, agosto 25, 2013

Tribos urbanas na pós-adolescência, um estudo

Estudos sociológicos efectuados nos últimos 20 anos - relembrados ontem à conta de uma ida ao Bairro - revelam que os humanos pertencentes a uma tribo urbana especifica nunca se identificam como tal. Tratam-se dos betos.
Pegue-se num gótico para comparação: Tem uma indumentária definida, uma musica certa, uma postura, uma estética fácil de definir. Identificam-se como tal abertamente.
Betos podem usar camisolas aos ombros, serem todas louras, argolas nas orelhas do tamanho de LP's, roupa com marcas à vista, ouvir Tina Turner, ir só a discotecas de Cascais, gostar do Passos, defender eugenia de uma forma velada, ir a concertos de João Pedro Pais, achar que uma colaboração deste com o André Sardet seria apetecível, andar de sapalos de vela, achar que andar com a camisa fora das calças é mais do que não meter açucar no café, meter a culpa na empregada, ter uma dificuldade sensorial qualquer para identificar o que é um bar como deve ser e apesar de obedecerem a estas e outras regras que se lhe aplicam, não serem capazes de se incluir no grupo a que pertencem. Acho que ainda temem levar um calduço se o fizerem.

quinta-feira, agosto 22, 2013

Um problema de escala

Este país é pequeno para produzir mais de 10 unidades de seja o que for. Mais que isso, só cassetes do Quim Barreiros.

quarta-feira, agosto 21, 2013

Downgrade

Diálogo em risota, motorista e uma puta, à porta do autocarro na paragem ao pé do Técnico:

- Esta vida é fodida mesmo.
- Então, a vida tá difícil?
- Era puta fina, agora tou na rua, sou puta puta. É uma vida fodida ou não é?
- Pois é.

terça-feira, agosto 20, 2013

Keywords



As keywords de quem chega a este blog revelam um caracter multidisciplinar que me orgulha. Há anos que chega aqui gente semanalmente a perguntar qual é o CMYK para a cor do vinho, e depois aparecem estas personagens que não sabem como chamar ao cheiro da merda e que aterram aqui à procura de badalhocas que levam com ele. Aqui não há badalhocas. Porcas ainda ia. Badalhocas não curto.

segunda-feira, agosto 19, 2013

Praias com OST

Isto é simples: O Gerês tem colunas amarradas às árvores a passar David Getta? Não tem. Era estúpido, porque há uma noção natural, senso comum, de que uma floresta é um sítio que se completa por si só. Isto é histórico, está escrito, a partir de dada altura considerou-se o campo como o regresso às origens, ao que é puro, ao que é saudável, ao natural.
Porque é que é tão difícil de trazer esta ideia para a praia?
Não, foda-se. Musica na praia? não gosto de martelos de carrinhos de choque fora das pistas de carrinhos de choque. Lá, tolero-os ou até me rio deles. Mas porque é que há esta associação livre entre praia e musica de merda? O que é que se passa no cérebro deste pessoal?

- Olha, ali as ondas estão a bater mesmo junto às rochas. É um bocado monótono.
- Deve ser, eu vou à água.
- A sério, chateia-me isto. Não achas que se metesse um som assim porreiro isto ficava menos chato?
- Eu vou deitar-me na areia à sombra e ver se durmo um coche.
- É isso, vou pôr David Getta. Mas para a praia toda. Decerto que todos gostam de David Getta.

Não, caralho. Não. Essa merda é má. Nem que fossem harpas celestiais. Isso não é diferente de ir de autocarro a gramar um telemóvel com kuduro em altavoz ou entrar sem querer no Plateau. Para este pessoal existe/falta alguma coisa na praia que de alguma forma lhes diz que 1. somos todos bimbos 2. a praia precisa de agitar para ser altamente 3. as leis normais aplicadas aos autocarros, headphones e vizinhança no geral deixam de ser válidas.

domingo, agosto 18, 2013

Não cheguei lá

Anda aí um episódio num video que só apanhei de raspão porque nem consigo vê-lo inteiro, a minha vida é demasiado curta para perder 16 minutos inteiros num só tema, tirando documentários, vejo documentários como quem ouve o Get Lucky, entretem-me o cérebro ou os ouvidos, ainda não sei bem se é um problema cognitivo ou curiosidade, mas ouço muitos vejo poucos e ouvi a Judite falar 3 minutos, uma introdução de uma personagem qualquer que era suposto conhecer, já estava a ficar com sono e depois dá-se um fenómeno habitual, o meu cérebro começa a fechar, recusa assimilar a informação, não a processa, não quer, fecha fecha não quero saber disto nem à lei da bala, como quando me explicavam como funcionam números irracionais ou equações ou como calcular impedância reverberação ou moles frações ou trocas de iões tudo fica negro o cérebro fecha sinto-me a ensurdecer, a compreensão de tudo se afunila, só apreendo cores e cheiros e pergunto-me, mas aquilo da Judite é jornalismo? Perseguir um puto com dinheiro porque ele gasta o dinheiro em putas e vinho verde? parece-me perda de tempo. Dica-populista: faça-se o mesmo mas com presidentes de câmara e deputados.

De volta à cidade II

Todos os dias pela manhã, os vizinhos do lado encetavam uma conversa. Nestas, revisitei 2 conceitos bem conhecidos: A vergonha alheia e o silêncio incómodo. Rapidamente recordei como no início dos meus estudos do Taxismo, estas duas ocorrências deitavam-me por terra todas as tentativas de decifrar a mente taxista.
Mas se nos taxistas isto se deve a uma tentativa consciente de universalizar a comunicação com o cliente ou simplesmente burrice, no caso dos vizinhos do lado, como pude apurar rapidamente, era simplesmente burrice.
Está um gajo ainda a acordar refastelado à porta da caravana e o vizinho, já acordado há horas, lança enigmas como: 

" Isto é que é, han? "

" Já viu o que é que eles inventaram? "

" Há bocado estive aí. "

 "Então e hoje? "

 Tudo frases que pressuponham uma continuação, que não me era estranha por via do taxismo já referido, isto é simples, se eu consigo falar 20 minutos  - o tempo de ir a casa até ao bairro alto de taxi - de futebol sem saber a ponta de um corno de bola, só sei que o Cardozo é do Benfica e que ultimamente este dado não é absolutamente correcto e sei do Jesus e não sei mais nada mesmo -  de um tema que não percebo um caralho, portanto conseguia retorquir a estas frases facilmente:

" Pois, ontem estava mais sol. "

" Não tenho andado a ver as notícias..."

" Estou a ver quando é que saio para a praia, mas antes descanso um pouco."




Mas, e aqui está a queda de todo o léxico que o Taxismo fornecia, o tipo era capaz de responder a uma frase com algum nexo com uma nova rajada de frases de-encher-chouriço, a tender para o infinito, caso nenhum puto o interrompesse. Via-me obrigado a recorrer a golpes de que não me orgulho nada como o " pois é, é a vida ", ou " pois, lá tem de ser. "
Ao fim de 2 dias desisti de tentar comunicar com todos e limitava-me a andar sempre de óculos escuros para poder fingir que estava a dormir.

Amanhã: Burrice e genética.

sexta-feira, agosto 16, 2013

De volta à cidade

Terminou uma semana num país distante.
Calhou ter como vizinhos um casal com 2 filhos, que achei necessário serem estudados a fundo. Infelizmente não consegui isolar o fenómeno nem a uma distância segura para uma observação imparcial nem para meu descanso. As férias transformaram-se assim numa viagem de trabalho. Apresento um dia normal, como anotado detalhadamente no local.


8:32H - as crianças acordam.
8:35H - os adultos acordam, começando a discutir alto com as crianças.
10:16H - a discussão finalmente acaba, com a minha ida para a praia.
13:20H - volto à base, onde adultos e crianças continuam a discutir alto.
13:22H - uma das crianças passa por mim e cumprimenta-me com um "olá". Respondo.
13:26H - outra das crianças passa por mim e cumprimenta-me com um "olá". Respondo.
13:32H - uma das crianças passa por mim e cumprimenta-me com um "olá". Respondo.
13:36H - outra das crianças passa por mim e cumprimenta-me com um "olá". Respondo.
13:38H - um dos adultos passa por mim e tenta interagir, verbalizando essa vontade*.
13:40H - o outro adulto urra em sinal de desacordo com as crianças.
13:55H - Saio para a praia, usando os óculos escuros como modo de evitar contacto visual e iniciar um novo ciclo de olás e cumprimentos repetidos.
20:50H -
uma das crianças passa por mim e cumprimenta-me com um "olá". Respondo. 
21:20H - uma das crianças informa-me que já me disse olá hoje, e que me viu de manhã na praia.
21:34H - o adulto mais pesado, a femea, urra de novo, terminando as brincadeiras das crianças. 
21:37H - a criança mais velha, uma pré-adolescente, chora, clamando justiça.
21:38H - Torno-me campeão nacional de Angry Birds.
21:56H - saio para o café, deixando todos os 4 sujeitos a discutir alto.


*Aqui começa um fenómeno sociológico raro, que amanhã trarei a lume de modo mais estruturado.

sexta-feira, agosto 09, 2013

Isto é real

Era perto das 6, o chefe saiu, foi buscar umas minis à pastelaria, brindámos à entrega da semana e ficámos todos ao sol na varanda, a apreciar a vista. Depois olho para o ano passado e fico a pensar que há muita variedade de humanos.

Reality show, novamente

Porque é que um gajo não pode

resolver certas questões com 2 murros na mesa?

quinta-feira, agosto 08, 2013

Fado da Sina

Estou a dias poucos das férias e surge em cena um cliente.
Expliquei ao senhor cliente que tinha férias marcadas dentro de dias. "mas isto tem de ser entregue urgentemente", disse. Prezado não tem problemas: Vamos adiantar a entrega. Se é urgente, urgente seja: Calendariza-se cada fase do trabalho: tudo o que já é possível adiantar é feito já hoje, as tarefas que necessitam de conteúdos novos ficam para o dia seguinte, os detalhes secundários para o ultimo dia e só para a arte final.
Até hoje, nada. Descobri que a urgência do designer mata a do cliente. O equilibrio do universo é manter a urgência do cliente e o designer pendurado.
Estes clientes fazem-me questionar se o conceito de "profissionalismo" não é só algo vindo da mesma dimensão do Pai Natal ou do coelho da Páscoa. O profissionalismo, parece-me cada vez mais que é também mitológico, uma fantasia. Enganam-nos desde pequenos explicando-nos que temos de ser profissionais e que ser profissional é ser assim e assado, mas afinal o universo vai-me dando a entender que ser profissional é só dizer que sim e entregar trabalho a tempo.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Raio-x às prioridades

A minha cabeça também é mais ou menos assim.


segunda-feira, agosto 05, 2013

Crowdfunding explicado às crianças

Eu também quero ajuda para ser rico.
O pessoal pós-moderno atrapalha-se ainda com algumas coisas das interwebs. Há algumas campanhas portuguesas de crowdfunding que tenho acompanhado e pautam-se por uma postura comum,  em parte dentro do pensamento manda-o-email-por-fax - explico o pensamento "manda-o-email-por-fax": é viver na hiperconectividade mas ainda com o pensamento da revolução industrial - que rege muita gente ainda, outra parte dentro de uma certa candura que olha para o crowd-funding como uma espécie de árvore-das-patacas-online, que se abana 2 vezes e já está. Não custa tentar abaná-la, por isso lá vão.
Explicando isto, estou também a ajudar a promover a campanha de donativos do Le Monde Diplomatique, e talvez consiga apelar a mais alguém a fazer uma doação, e embora temendo que não aconteça, vou ajudar na mesma. Por isso, cá vai um B-A-Bá do crowdfunding.
Pessoal do Le Monde Diplomatique:
  • o vosso nome não ajuda nada. Têm um nome pomposo, que em nada indica que precisem de dinheiro
  • O texto é demasiado longo para campanha. Perdi-me a ler aquilo tudo.
  • Como é sabido, indicar um valor de referência ajuda os users ( não são "leitores", isso já era ) a fazer uma decisão. Apesar dos users precisarem de dicas, não são estúpidos. Se colocar "notas de 500 euros" a bold resultasse, não havia pedintes. Geralmente indicam-se valores estratificados, para que todos encontrem um valor com que se sentem confortáveis: 1€, 5€, 20€, 50€, 100€ e além. Humildade fica bem, também.
  • Ok, mas eu vou doar ainda assim. Mas, para quê? não sei. "ajude-nos no combate à crise. "( Nesta altura comecei a pensar "ahahaha é na galhofa isto, grandas malucos ahahaha" ). "É investimento", dizem. Mas não recebemos nada de volta, pelo que dizem. Digam o que todos podemos ganhar ajudando o Le Monde Diplomatique.
  • Ajudem quem quer dar. É certo que em Portugal o Paypal quase não é usado, mas temos o MBnet que é dos melhores sistemas que existe. De qualquer forma, chego ao próprio site do Le Monde e não tenho mais detalhes nem outras formas de pagamento. 
  • Dêem algo de volta. Se calhar já dão, mas eu não sei. Gabem-se disso.
  • Finalmente, e esta é a mais importante, porque já não é nova: Não peçam ajuda para ser ricos. Não é para isso que serve o crowdfunding, apesar de muito provavelmente até funcionar, dependendo da vossa imagem ou projecção nos media. Promovam a campanha o máximo possível - em Portugal vão aparecer no telejornal, é garantido - mas não digam que precisam de ajuda para combater a crise. Isso precisamos todos.
Se acham que este pedaço de prosa escrito de um modo tão sério vos ajudou de alguma forma a melhorar uma campanha de crowdfunding, sugiro um donativo simbólico, 1€ para o PPC. O botão está ali em baixo, à direita. Ou clickem aqui.

Sobre crowdfunding no geral deixo aqui estes links, ultimamente aconteceram coisas importantes. Houve abusos, má gestão, e muito gozo.

domingo, agosto 04, 2013

O horror

Nada me preparou para aquilo. Estava muito bem, nem me sentia cansado, tenho feito checkups regulares e está tudo ok, estava até a sentir-me bastante bem, bem disposto, depois chamaram-me, fui em direcção à porta, estava lá mais gente até, pareciam bem também, alguns riam-se outros conversavam, e eu nisto, a três passos da porta começo a ver algo estranho, e não é que

dia. Já é dia. Luz. Lux. Porra sempre que vou ao Lux é a mesma coisa. O sol não o sol o sol queima os meus pulmões os olhos ojolhosojmeujolhos não é a ressaca já estou a ressacar o sol queima a pouca água que tenho no organismo ressaca imediata sono sono. Tanto sono. Fome tanta. Vou morrer de fome antes de chegar a casa. Tenho de ir comer. Ah um tasco. Vou comer. Vou fazer que estou sóbrio espera ele vai atender-me sóbrio sim ó a minha fala está meia entaramelada não consigo abrir ojolhos é uma sandes de fiambre para levar tombo para a rua, porque é que de manhã os ténis parecem botas da tropa? piso o caminho para o taxi, novamente tenho de dizer um caminho tenho de ser soar sóbrio sim consegui enganá-lo não me vai levar a Sintra passando pela Nazaré não me vai aldrabar, só quero ir dormir.

sábado, agosto 03, 2013

O surf é cool?

a) Pirâmide de Douchebag
Estudos dos mais recentes possíveis revelam que os surfistas não são tão espetaculares como julgam. No gráfico a) exploramos a pirâmide de Douchebag, a visualização de um modelo estatístico inventado por Laureus Douchebag em 1978, depois de uma discussão séria com um colega pescador. O modelo consegue provar que para uma qualquer actividade que exija uma combinação de dedicação, esforço, conhecimento, prática ou talento e em que se possam demonstrar vários níveis de habilidade, o praticante mais capaz revelará sempre ser um palhaço com a mania.
Não, fazer surf não é um atestado de nada a não ser da capacidade de entrar na água com uma prancha mais ou menos dimensionada e/ou rígida e de formas variadas, às vezes adaptadas a cada praticante, andar para trás e para a frente com ela a remar umas horas, apanhar a onda nas distâncias e ângulos certos, mediante um tempo limitado, em condições climatéricas que mudam constantemente e executar sequências de movimentos pré-estabelecidos e mediante o talento e/ou prática, revelar a domínio de uma pratica que além de física, contém também elementos estéticos relevantes e passíveis de apreciação... Dito assim parece que realmente não é tão pouco quanto isso mas, e aqui está o fulcro da questão, eu sou nabo na prancha mas sou campeão de jogo da carica. Um surfista que abra a boca é como um pescador ou um caçador na sua narrativa elementar ( também parecida com algo mais fraca que a do praticante de jogo da carica ), trocando a bazófia do sucesso da pescaria-que-fez-daquela-vez-em-1978 pela bazófia da onda-que-apanhei-em-1978. Aplicada a pirâmide de Douchebag a este fenómeno, o estudo revela uma resposta ambivalente: Tanto o surf e o campeonato de carica são mega-cool ou tanto o surf como o campeonato de carica são uma tristeza que é uma perda de tempo. Q.E.D., depende.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Um estudo

Publicado pela Fundação PPC, um estudo revela que 80% dos caixas do Dia e 56.3% dos caixas do Pingo Doce têm falhas de memória profundas, levando-os inclusivé a tatuar o nome dos filhos e conjuge nos braços, como lembrete. Casos extremos combinam esta falta de memória com hipermetropia, com nomes tatuados em cursiva ou góticas em maiúsculas ocupando um antebraço inteiro.
Várias entrevistas foram realizadas e todas revelavam uma dificuldade extrema em lembrar ascendentes ou descendentes directos, mesmo aqueles com quem havia partilha de habitação.
Este estudo desafia dogmas da neurologia moderna, como a crença que a exposição a nomes como "Fábio Ruben", "Simão" ou "Micaela" faria destes memórias indeléveis. A direcção da Jerónimo Martins revela que numa primeira fase só tinham registado iniciais em cursivo, algumas estrelas ou notas musicais a subir o pescoço em direcção às orelhas mas que estes casos eram pontuais. Hoje, depois de alguns anos sem fiscalização, já há quem recorra a tatuagens de retratos dos filhos, da mulher ou até da mãe, em estágios mais avançados.

quinta-feira, agosto 01, 2013

O Mandela

Hoje o debate à volta da história do Mandela deixou-me surpreendido, apesar dos humanos me surpreenderem cada vez menos.
Não conhecia a história de lado nenhum e só procurei saber o importante:
O Zico é um cão. Parece que matou um miúdo. Ficou provado, até. Para não ser abatido ( diga-se que essa história de abater animais por decreto parece-me algo mal resolvido, mas ainda assim uma hipótese na mesa, especismo é necessário ), foi preso. Quando o libertaram, batizaram-no de Mandela, nome de um tipo famoso que esteve preso uns anos por defender umas ideias revolucionárias.
Até aqui e visto daqui do Olimpo onde vivo, parece-me só um caso de humor. Um cão estava preso, soltaram-no, chamam-no de Mandela. É uma piada popularucha. Assim como um tipo com barba comprida passou a ser "O Taliban" ou um gajo notoriamente corrupto pode ser chamado de "Isaltino", o Zico passou a ser chamado de Mandela.
Mas não. Os animal-lovers não têm sentido de humor. É uma impossibilidade. Quando chega a animais, é impossível fazer uma piada. É como ter comunas ferrenhos a fazer piadas com pobreza ou a dondoca da Comporta a fazer piadas com o menino Jesus ( ou com comunas ). Os fundamentalistas não fazem piadas com o que lhes é caro.
 Assim, assisti a algumas pessoas que tomava como normais a defender que a história do Mandela não é uma piada. Não, afinal é mesmo uma história de libertação, de justiça. Mas qual é a figura legal de animais? figura de urso? O que venho aqui acrescentar é que sei de cães que não pensam o mesmo. Não querem ser parte desta bandalheira em que cães culpados são libertados ao fim de uns meses. Exigem segurança nas ruas e que culpados sejam punidos. Abatidos não, talvez. Mas punidos, decerto. Que a lei seja cega, mas que de tempos a tempos possa ver a preto e branco.

Nota: O fim da net vai ser causado pelos trolls. Por ordem de responsabilidade: cat e animal lovers, bimbos das conspirações e burros no geral.

Tasco

Fui ao tasco habitual. Um deles. Ao almoço rodo entre 2 tascos: o barato e o bom. No bom, como é apanágio dos bons tascos, é muito raro comer o que quero.

- Ora boa tarde.
- Boa tarde, amigo. Já trago o menu.
- Hoje vou para os secretos.
- Estão muito bons. Mas olhe que o ensopado de borrego está espetacular.
- Quero mesmo secretos hoje, está bem? - esta frase soou bastante a pedido de clemência.
- O amigo é que sabe... - E esta soou a profunda desilusão.

O homem só quer o meu bem e nota-se.