terça-feira, novembro 30, 2010

O fim da entropia

Casa sem a menina do trombone, noves fora fica nada. O caos instalou-se: Sem um elemento de ordem, a louça empilha-se - é sempre mais interessante ver filmes na cama que lavar louça, lei da termodinâmica da casa fria - a roupa empilha-se, o aquecedor novo é a nova mascote da casa. Gosto mais dele do que do gato mais pequeno.

Estou à espera do vosso conto de Napalm. Nos ultimos dias recebi alguns contos de Napalm, não se sintam estranhos, pensem que isto é mais de fiar que o banco alimentar. Eu vou MESMO ter um iPod Touch, não vou tirar a fome a ninguém que não precisa.

sábado, novembro 27, 2010

Tascos

Descobri um tasco congelado no tempo ao pé da embaixada de Espanha, na Rua do Salitre. Uma antiga casa de chá, leitaria, o que for. As mesas em fila, de toalha aos quadrados, sem espaço para almoços a dois, a parede ao fundo com as fotos do tempo da sociedade recreativa, a cabeça de touro de louça, as plantas caquécticas à janela, os tectos amarelos, o mesmo verde em todas as paredes. Tudo arcaicamente arrumado. tudo alinhado. Sem acessórios. E depois de quase 40 minutos a olhar para as paredes, a espera justifica-se: um bitoque feito à mão. À antiga.
Só como bifes assim quando é a minha avó a fazer.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Estrógeneo

Há uns meses, As doses de estrogéneo em casa eram controladas. Havia alguns problemas com a ASAE, com a sociedade protectora dos animais - os bolores têm direitos e não posso fazer criação sem autorização - e com a PJ, mas a coisa seguia, graças a essas fadas do lar. Agora, o palacete tem sempre estrogéneo. Isto é: Os bolores praticamente estão em extinção. Assim que o milagre da vida desponta no frigorifico, só ouço um "olha, o teu queijo da serra tá a ficar com bolor, vou deitar isto fora." e pronto. Coiso interrompido.
Os neurónios da tampa-da-sanita-para-baixo, das meias-fora-do-chão-da-casa-de-banho, da toalha-a-secar-no-estendal, dos pêlos-da-barba-no-lavatório nunca estiveram tão activos.

quinta-feira, novembro 25, 2010

ainda sobre a greve

Só gostava que o pessoal percebesse que o significado de greve geral deve ser protesto público geral. Mas pronto. Como hoje vi uma sondagem a dar maioria absoluta ao PSD, não me parece que valha a pena gastar latim. Perolurum a cerdum oc.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Este blog está em greve

G'EVE GE'AL

Há 3 anos também esteve. Este ano o PPC alinha novamente com os desempregados, os desregrados, os despauperados, os despenados, os desalinhados, os des-chauferizados, os descontentes, os descontantes, os descretos. Entalem o Sócrates por mim, pá. Que eu hoje não posso.

terça-feira, novembro 23, 2010

Um Conto de Napalm


Na linha editorial do PPC, há algumas regras. Nenhuma é fixa porque eu sou um patrão psicótico, mas uma é recorrente: Não aprovo o Natal. É uma época que me aborrece até à ponta dos cabelos. Farto farto farto tão farto deus tão farto que eu estou do Natal e ainda nem começou sim porque não vou nessa tangas publicitárias que metem o Natal a começar em Agosto um dia destes e para mim Natal é só depois da primeira semana de Dezembro.
Este ano, o Prezado quer o famoso iPod Touch no sapatinho. Por isso, lanço hoje - sim, ó incoerência, antes da primeira semana de Dezembro - um peditório.
Um Conto de Napalm. É tudo o que vos peço. Peço a cada um de vós, pessoal farto do Natal, um conto - são só 5 euros - para o napalm. Este ano, é a vossa oportunidade, única e última, de tornar este Natal inesquecível. E como o PPC é um tasco desprovido de ética, propõe isto: Quem doar mais contos de napalm, ganha um header um pouco menos espetacular que o do PPC.

Juntem-se a esta causa. É só mais uma e há aí tantas com sentido.

Sou burro

Largo os layouts do trabalho e chego a casa e meto-me a fazer mais layouts, só para aquecer.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Fases

Hoje fiz outra vez as pazes com Deus. Tranquei um gato - o mais pequeno - num quarto da ala Oeste para ter sossego. Comi salada com molho picante. Tomei ben-u-rons. Estive no chat a destilar ódios, cobiças e desencontros. Andei pouco. Comi espetadas de peru. Dei comer aos gatos. Fiz esboços nas costas de contas do pingo-doce. Bebi Coca-colas. Tranquei-me da menina do trombone. Enganei-me numa paragem. Continuo a gostar de leggings, mas nunca usei. Comi rebuçados peitorais do Doutor Bayard. Os gatos usam o portátil como assento. Eu não meto metade dos assentos que devia. Deixei roupa por estender, a esta hora essa roupa será uma cama de gato. Sonhei com batalhas com alemães no Algarve. Matei uns 5 - devo avisar que mesmo em sonhos, ou especialmente em sonhos, dado nunca ter experimentado carregar uma Luger, que estas são particularmente rijas a armar - à queima roupa. Estou farto de ver o Gmail com 4000 mails por ler, mas não estou para fazer muito quanto a isso. Tenho sono.

domingo, novembro 21, 2010

Só para ver se o cognome funciona

Os gatos da menina do trombone fazem-me a vida num inferno. Estou capaz de meter o mais pequeno no caixote. O cabrão mete-se em cima do fogão a cheirar os hamburgueres, com o lume aceso? filho da puta.

Puro Malte

Neste ultimos 4 meses fiz uma importante transição: mudei de casco, e com isso, passei de velho a datado, de datado a vintage, vintage a malte. A má escolha de ténis destoa ainda, mas é a excepção que confirma a regra. Troquei o action men e os legos de uma vez por todas por computadores. Deixei de usar perfume e passei a tomar banho todos os dias. Troquei saladas de rucula e vinagre balsamico por pizzas e lasanha do pingo doce. Deixei de fazer posts e passei a escrever crónicas. Tornei-me fransciscanamente humilde. Uma degradação graciosa.

Há quase 4 meses que me mudei para o Arco do Cego. E posso dizer que se vive muito bem na ala este do palacete Prezado-Flatmate.

Tenho de arranjar um nome de código para a flatmate, facilita. Abri um catálogo de livros e escolhi o titulo de um, ao calhas: "A rapariga do trombone". Assim será.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Futebol, esse mundo

Prezado mais calmo, relata agora a ida a Campo de Ourique.
Subido o Sol ao Rato ( o tempo que passo nesta rua ), umas voltas ao quartel e dou com a sociedade recreativa onde assisti ao jogo de ontem.
Todas as faixas etárias, todas as raças - exceptuando chineses, indianos, esquimós e mongóis - todos os estratos sociais - exceptuando Champalimauds - estavam presentes. Imagine-se agora uma sala com 40 pessoas a beber imperiais a 65 cêntimos durante 90 minutos. A cada golo, a berraria. Mas o mais impressionante:
Cada adepto é um cómico de stand-up de excelência. A espantosa capacidade de improviso deixava-me zonzo. Tudo porque o domínio do tema faz do adepto um Nuno Rogeiro altamente focado, um ninja da piada da bola. Comecei a imaginar como o mundo seria belo se houvesse adeptos de politica, adeptos de economia, adeptos do trabalho. Também havia falhas. Por vezes, a argumentação mais rápida não era tão certeira:
- eh meu o gajo teve muita mal!
- cala-te pá.
-"cala-te" és tu, pá.
Depois de uma troca mais azeda de quem-diz-é-quem-é e mais umas imperiais, a coisa acalmou, a tempo de ver o ultimo golo em paz.
Para mim é algo recente, isto de assistir a jogos de futebol voluntariamente. Por isso, fui incapaz de aplaudir um golo sem me rir. Daí ter chegado a casa a doerem-me os maxilares de rir tanto.

É a crise.

Assoberbado pela vitória da selecção, não consigo escrever sobre o tema, tal é o estado esfuziante em que me encontro. Prefiro assim descrever o almoço e os novos efeitos da crise nos restaurantes de Lisboa, para me acalmar.
Como sabem, há restaurantes só para almoços, ao lado dos escritórios, geralmente. Neles, temos doses. Quem tem fome, come doses. Os gajos comem DOSES.
Com a emancipação feminina, surgiu a meia-dose, feita para a mulher que nunca tem fome para uma dose, porque passa o tempo a comer bolachas de água-e-sal e peças-de-fruta durante a manhã.
Depois, surgiu o mini-prato. O mini-prato é mais pequeno e mais barato que uma meia-dose, mas não tem relação nem com pouca fome, nem com economia. Tem a ver com falta de amor pela vida. Um português que peça um mini-prato, não tem tempo para perceber o que é que comeu e já está a pensar nos impressos que tem por preencher na secretária e se não leva uma pissada por levar mais que 7 minutos a comer.
Depois, surgiu um género de prato inesperado: O que comi hoje. Ignorando e tentando toldar o critério Quantidade - suprema grandeza que define todo o comportamento humano - surge-me à frente o prato MEIO FEITO.
Suprema merda, em que ao invés de receber um prato de redondas e elástica argolas de choco, vem uma puta de uns chocos ainda com aquilo-que-se-dá-aos-piriquitos-e-não-sei-o-nome, a porra das entranhas todas, e ainda - Prezado, lobo dos 7 mares e ex-visitante do aquário Vasco da Gama lembra-se - o bico, feature anatómico digno de filme sérvio, 3 chocos 3, inchados como lontras, largados em cima do prato e bombardeados com 3 batatas cozidas inteiras ao lado. A ideia é fazer o prato mais barato não pelo tamanho, mas pelo corte de mão-de-obra. O tempo de arranjar chocos já lá foi. O tempo de escrever este post, podia ter arranjado 4 chocos. Não arranjei? azar. Como-os inteiros que me lixo.
Preparem-se, a crise veio para ficar e se começarem a servir-vos pratos de coelho ainda com os olhos, frangos com cabeça no churrasco, chispe ainda com pêlos - espera, isso é habitual e desejável - ou cabeças de peixe com o resto do peixe ainda agarrado, não se admirem. É o FMI.

terça-feira, novembro 16, 2010

Filípedes não faria melhor

Fosse Lisboa terraplanada e o Prezado seria o homem da maratona. À hora de almoço salta da Rotunda do Marquês ao Rato, sobe ruas de sol ao prato acima com os bofes de fora, almoça com o pessoal, amigos de outros tempos, gajos gajas e afins, velhos a cair, empregados xicos-espertos, directores financeiros pançudos carecas, chineses em catadupa mais que as mães, desvia-se à ultima do café, consegue deglutir uma mousse em 17 segundos e volta a descer em corrida, a dor de burro a matá-lo mas não pára sabe que tem de chegar antes que todos se matem como combinado apre.


O botão laranja está à vossa espera. O apelo é o novo, no entanto. Gostava de impor a partir de hoje uma taxa PPC, funcionando assim: mesmo que não gostem e não leiam o blog, pagam um valor simbólico. Podia inclui-lo na vossa factura da EDP, mas não tenho meios para isso. Se acham o processo estranho, perguntem à RTP se tem funcionado.

Deixar a rotina instalar-se

É ir para o trabalho depois de obrigar os gatos a subir a escada de volta para casa, apanhar o metro e fazer o caminho em people-watching. Andar mais uns metros e apreciar o franjinhas, prémio Valmor não sei porquê, beber o café no sitio do costume, - espero que mais uns tempos e saibam que bica é cheia e traz sempre uma copo com água atrelado - dizer bom dia ao segurança e trepar para o andaime.
Trabalhar.
Sair com calma e ir andando a pé avenida acima, como sempre descobrir uma rua nova pelo caminho ( já não sobram muitas ). Podia fazer isto mais vezes como fiz ontem, ao telefone na conversa. Passar no super, passar pelos mesmos putos a fumar brocas, passar pela velhota que está sempre à janela no rés do chão, subir a casa, voltar a descer para obrigar os gatos a subir a escada de volta para casa.
Descansar.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Perdido por Queluz

Depois de um jantar com pessoal de universidade, uma geração à frente, num restaurante onde uma dose dava para 12, acabámos aqui ao pé do Saldanha. Não sei porque, pareceu interessante desprezar o Lux e entrar num daqueles bares quase incógnitos, de porta branca e letreiro discreto. Quarentões e trintões à dezena, mulheres poucas e a nadar em rios de baba. Vou dizer que esta noite marcou a minha transição para a idade adulta, depois de às 5 da matina se sentarem ao meu lado à laia de meninos-à volta-da-fogueira e perguntarem ao avô Prezado as grandes questões: o sentido da vida e se pinto o cabelo.
A segunda prova de transição é que estando lá a minha sobrinha, olhei mais para ela do que para os copos. Alguém que faz a mesma cara de fascinação depois de ver a mesma careta 15 vezes merece atenção.

Um dos convivas no jantar tratou-me por "senhor". Ainda dizem que ja não há jovens educados.

iPod, iPod. Olhem o prezado a chegar ao Natal e a ter de vender a mãe para ter um iPod.

sábado, novembro 13, 2010

Basicamente é isto

O trabalho vai de vento em popa, que é uma frase que pode dizer muito e dizer nada, como é o caso. Já a casa, não se parece com nada. E perdido, só por instantes, à volta do trabalho. Já descobri os tascos, tudo.
Na quinta feira fui ao famoso cabo-verdiano e falei sobre isso. A Crente quis saber mais e eu que tou bem disposto apesar de ter guardanapos de papel rasgados no chão pelos cgatos, conto: Voltei ao restaurante encalhado num oitavo andar na Avenida da Liberdade. Dos tais que toda a gente ouviu falar mas que adia a ida. Desviei para lá os meus estimados colegas de trabalho. O primeiro impacto é o melhor. Ninguém espera aquilo. Não há menu. ou é bife de atum ou é cachupa. Chegámos tarde, já só há cachupa. Ainda ouvi uma boca do género "isto parece comida de pobre", comentário que só podia ser mais verdade caso se dissesse a seguir "isto parece comida de preto", porque como é sabido, todas as comidas tradicionais são de pobre. Nunca me pareceu que cozido à portuguesa fosse aute-cuisine e no entanto pelo-me por uma pratada a um domingo. Às quintas, o restaurante - no fundo é um andar de escritórios - tem o extra da musica ao vivo. Por isso, está sempre cheio de mulheres impecavelmente vestidas e penteadas, nos seus vestidos domingueiros. Diria que a maior parte do casais que lá encontro a dançar são patrão-secretária.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Prioridades


Infelizmente, trabalho num sitio onde a unica forma de ouvir o wild wild life sem headphones e com um volume decente é ser um menino atinado e vir mais cedo. Estou a ver se converto os meus estimados colegas ao PPC way-of-life ( almoços, copos e conversa ). Ontem já os desviei para um restaurante cabo-verdiano conhecido pelas danças à hora de almoço. Depois de 2 imperiais e 3 doses de cachupa, vi que já tinham cinto vermelho na especialidade. É dar-lhes tempo.

quinta-feira, novembro 11, 2010

No dia do Adeus

Foi o dia em que o senhor do adeus faleceu. Para mim, uma fraude, porque nunca me disse adeus e só o vi uma vez. Sim, o senhor do adeus discriminava as pessoas. Por classes. Sim, quem andava de carro, ele dizia adeus. Quem andava a pé - como eu, heroi da classe operária -, ele já não dizia adeus.

E tenho para mim, que um dia o vi acenar um pouco mais efusivamente para um gajo que ia de Mercedes branco.

Acabei de passar pelo Saldanha, estão cerca de 50 pessoas a dizer adeus aos carros. 11 de Novembro? Feriado nacional, no mínimo.

terça-feira, novembro 09, 2010

Obrigadinho aí

Para quem está esquecido, que eu não estou, a campanha Take us to iPod Touch continua. Felizmente tenho pessoas que me ajudam, e não falo da Maria. Ela ajudou, mas agora consegui um patrocínio bem mais impactante, graças à maravilhosa internet. Estes senhores souberam do meu sonho e escreveram esta música especialmente para mim, lembrando o objecto em falta. Todos os lucros deste concerto seriam para o iPod Touch mas altruísta eu, doei tudo para uma minoria qualquer num país qualquer, uma a sofrer bastante. A cada doação que façam no botão laranja, o sofrimento dessa minoria não diminuirá. Ilusão. Pelo contrário, até pode ser que aumente. Visto estar fora das minhas e das vossas mãos fazer algo por alguém do outro lado do mundo, metam lá qualquer coisa para eu poder desenhar coisas inconsequentes e bonitas. Convosco, invisible Touch:




A vossa ajuda continua a ser precisa. Fico à vossa espera. Sentado, de pantufas e a curtir um filme de trampa daqueles de domingo, na boa.

O centro

Homem da cidade e homem de contrastes, passei de distâncias relatadas em herculeos trabalhos para uns simples 15 minutos de distância do trabalho. As redondezas oferecem-me bonitos cafés onde o pessoal come mini-pratos, ainda não descobri nenhum tasco, já encontrei o mini-mercado, o segurança que já sabe que estou no 6º andar, já vi que no prédio em frente há um restaurante no topo e que tenho de descobrir se dá para ir lá, tenho o frog instituição milenar ao pé, e tenho uma máquina de café com aqueles botões às cores e tenho um teclado rijo como cornos que já me está a dar uma tendinite e por isso tenho de parar de escrever já.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Fim de semana, fecho para balanço e afins

Perdido na LX Factory, a ver os eventos e os pseudo eventos que só acontecem no Facebook, andei às voltas para encontrar o pessoal do costume. O D.J. oldschool de serviço, fonte de cultura musical inesgotável, mas que foi incapaz de passar isso ao filho - D.J. também - que faz sets de musica de carrinhos de choque. Encontrar pessoal conhecido e amigos da universidade. Mais 10 anos em cima, mas as conversas não mudam muito. Leituras pontuais da "Kodakização e despolarização do real : para uma poética do grotesco na obra de Fialho de Almeida" ao som de Bowie e debaixo de imperiais, na Ler Devagar.
Salto para o Cais do Sodré. Dança-se. Sol nasce e da Bica vai-se para casa, andando.
Guronsan, o amigo japonês, ajuda-me a levantar para mais um dia.
Jantar marcado, a companheira de casa pergunta-me se a túnica preta com berloques é melhor que a túnica preta sem berloques. Na verdade não faz diferença, não gosto de túnicas pretas. Entrada em jantar com amigos muitos: " Prezado, temos aí uma supresa para ti. Tens aí um amigo de infância na cozinha."
Pensei, estes cabrões estão a gozar, tá ali um zx spectrum ligado na sala?? não pode. Ah, afinal não, era mesmo um amigo de infância na cozinha. Segue-se animada conversa onde se encontram as memórias de há 15 anos - interessante como são comuns em tantos pontos: as férias onde eu me estatelei de bicicleta de uma gare de um comboio abaixo, armado em cromo da BMX, as passeatas num 2CV reconstruido à mão, um engate falhado em 1991, as férias no Algarve, as aulas - e as devidas mazelas com o que o tempo nos agraciou, nomeadamente pais a menos, peso a mais, paciência a menos.
Desencontros dançados no Cais do Sodré, interrompidos pelo corte do som pelo dono do bar, clamando pelo silêncio à hora que manda a lei. Acho que não era essa a preocupação real, o problema real era a má qualidade da dança e o mau nível de Air-guitar.
Sendo que ainda há pouco assisti ao Benfica a levar na pá à grande e que sendo o 3º jogo que vi este ano, reitero que a visualização de jogos deve ser feita numa tasca repleta de ferrenhos, de preferência bem regados. Depois, levei uma cabazada no snooker tão grande como o Benfica levou na bola mas não jantei sapos.
A partir de amanhã, o Prezado começa uma nova fase de trabalho. Wish me luck.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Uma semana

Depois do filho-da-puta-do-gato me empurrar o portátil da cómoda e de eu o ter chamado 36 nomes ainda antes do portátil se estatelar direitinho no chão, vi com agrado que não o matei, se bem que foi apenas porque ele foi bastante rápido a fugir. Já recomposto, e em jeito de fecho da semana e desta fase - Segunda feira há novidades - deixo as fotos desta semana, relatando a melancolia do outono, em jeito de Diário de Marilu mas sem aquela folha sempre colada nos dedos.


Os taxis. Sempre. Esta semana andei de taxi mas não consegui arrancar nenhuma info.

Andei de volta dos trabalhos manuais. Segundo o PEC3, o canivete que vêem acima é agora ilegal. Não o denunciem, temo não ter verba para comprar outro e tenho muita estimação neste, era do meu avô.

Fui jantar a um conhecido indiano, tentei impingir este retrato do cozinheiro que fiz enquanto tomava o café, mas ele não apreciou especialmente. Insisti bastantes vezes. Voltei a insistir. Ele dizia que não. Ainda lhe disse que fazia mais 5 desenhos e que ele podia levar todos, mas ele mesmo assim disse que não. Nisto, entra a minha companheira de casa, clamando que já conhece o restaurante desde a libertação de Goa e que eu devia ter ido para outro lado. Foi à vida dela, mas em casa insistiu muitas vezes sobre a identidade da pessoa com quem eu estava. Insisti: "se ela só sai à rua com um saco de papel a tapar a cabeça, é por um bom motivo."


Segui o apelo de William H. Burroughs "smash the control images - smash the control machine". Não fui de modas: Vandalizei esta máquina de control. Lisboa está cheia destes dispositivos de control. Fiel leitor de Huxley e Orwell, como eles detesto regimes totalitários e fiz a minha parte, sabotando a máquina com uma mensagem de subversão e revolta. Coelho estrábico, faz o teu papel.

Sons à sexta



We got time to kill, we got nothing to loose.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Limpar a casa, segunda edição

Prezado foi ao Chiado meter a conversa em dia. Pelo caminho tropeçou em 4 fashion victims, tropeçou em 2 hipsters ( espera isto são fashions victims também bolas ) e um daqueles jovens que andam com malas de senhora, - expliquem-me isto, por favor - tropeçou ainda no Arrumadinho, uns metros à frente tropeçou no senhor que toca sempre as mesmas três notas no Casio mas que insiste em seguir uma pauta, tropeçou no Alfaiate, que não lhe tirou uma foto apesar de estar vestido com uma saca de sarapilheira Gucci e uns Nikes vermelhos. Acho que foi porque não trazia uns Wayfarer. Almoço ao sol, Prezado chega a casa com a mulher-a-dias já a trabalhar. Trabalho para acabar, isola-se dos gatos, da mulher e da realidade. Mete Foo Fighters. Passado um bocado, julga ouvir a mulher-a-dias a falar com alguém, em animado e complexo diálogo. Mas não. É ela a falar com os gatos.

Lei das probabilidades

Quais são as hipóteses de ir jantar fora e passado um bocado entrar a companheira de casa no mesmo restaurante? Vade retro.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Professor Datado

Fui dar uma aula, ou tentar fazer esse papel. Apresentar o meu trabalho, a "carreira". Nunca fui professor, apesar de ter estado na lista de profissões a seguir, ao lado de sniper e operador de guindaste.
Dar aulas é uma trabalheira. Isso já sabia. Metade do pessoal que conheço é professor e vejo a vidinha que levam.
Mas é divertido, porque quando achamos que vamos partilhar conhecimentos válidos e absolutos porque estamos a viver o nosso tempo em pleno, reparamos que estamos a fazer a mesma figura anacrónica que os nossos professores faziam, dado que:
Estes putos sempre tiveram computador. Sempre tiveram net! Sempre tiveram impressoras. Eu só tive net a partir dos 21 anos!
E eu, pobre fóssil, dei por mim a falar do-tempo-em-que-fazíamos-tudo-à-mão. E cheguei a começar uma frase com "no meu tempo...". Alguém me abata a sangue frio.

Constatações: Estou datado. Tenho um discurso desadequado. A maior parte das coisas que aprendi no 12º já estão fossilizadas.
Felizmente os putos são mais pequenos e enfezados e posso dar-lhes calduços e gozar com aquele cabelo ridículo.

Datado é eufemismo para velho, mas não uso aqui velho novamente, dado usar ténis com mais cores que os miúdos e ter menos barba que eles.

terça-feira, novembro 02, 2010

Dúvida literária

Qual é a cena com o Bukowsky, agora?

segunda-feira, novembro 01, 2010

Terror médio

Fui ao Halloween em frente ao Maria Caxuxa, tentei fazer com que os actores contractados para andarem mascarados por lá se desmanchassem, mas é dificil. Ogres, fantasmas, talhantes, zombies e bruxas não se deixam levar por bocas fáceis género "ontem acordei com tão bom aspecto como tu" ou "Fazes-me lembrar a minha ex-mulher, juro."
Para assustar, fui mascarado de Prezado, óbvio. Implica não tomar banho, apenas.
O mais assustador que vi foi o preço da imperial ter aumentado.