(Continuação)
De repente, percebi.
Tudo estava construido para pessoas que não sou eu. Eu era o gajo mais gordo do ginásio e eu não sou uma batata. Toda a gente que lá andava já estava em forma. Eu não. Eu sou o gajo que quer ficar vivo. Quero fazer uma corrida para apanhar o 27 e não cuspir os pulmões a meio. Quero baixar-me para apanhar uma caneta do chão.
Eu não sou o target, eu só quero durar mais uns anos. Assim como não vou a discotecas da Praia da Rocha, não devia entrar em ginásios destes.
Porque é que entrei neste? explico: O anterior, que aguentei bastante tempo no engano, era impossível. Na minha inocência fiz-me crer que a falta de vontade de entrar no ginásio era só o meu cérebro a dizer-me "volta para o sofá, caralho!" mas hoje posso dizer a verdade: sim, aquele ginásio cheirava a um composto de borracha velha, suor, sovaco e chulé que me atacava o nariz. E sim, aguentei. Eu e mais um punhado de atletas olimpicas e um instrutor que nao desistiam também. Eu só fiz o possível.
Vim para este novo ginásio porque é ao pé do trabalho e vou continuar nele, apesar de ele me estar a tentar expulsar todos os dias: não vou ligar aos slides projectados com dicas moralistas sobre como a minha vontade de apanhar o autocarro é poucochinha e que eu devia almejar apanhar o Everest todos os dias antes das 6 da manhã com um PT a desviar-me para umas aulas extra de zumba. Ou como um tipo que não tenha um sixpack não tem confiança. Não vou dizer ao PT que quero ser uma pessoa nova até ao fim do ano ou até às férias de Verão e definitivamente, não vou fazer spinning e qualquer as actividades que tenham marca registrada, ou voluntariamente ter de aturar pessoal que gosta de tropa. Eu só quero é que não me chateiem.
1 comentário:
O meu conceito dos ginásios de hoje é muito isso. Eu estou a caminho do six pack e não ando no ginásio. Aquilo está feito não para melhorar es a tua vida, mas para meia dúzia de atrasados mentais e atrasadas andarem a comparar massa muscular e tirar selfies ao abdominal no final... tristeza.
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