quarta-feira, setembro 30, 2020

O tal debate

Quando se quer arrumar um bully, leva-se o bully a um debate?

segunda-feira, setembro 28, 2020

Descobrimentos

 Descobri que tenho um método de trabalho, chamo-lhe trabalhar de rajada. Pego em 12 tarefas diferentes ao mesmo tempo, entro num transe de stress e genialidade e muito muito lentamente, 12 diamantes emergem no dia em que ficou acordado terminar tudo. Depois fico duas semanas a procrastinar.

Passado um mês, descobre-se que os diamantes são ocos.

terça-feira, setembro 22, 2020

Acabem com essa mania ou ajudem a acaba-la

Lá fora é whataboutism, cá dentro ainda não tem um nome habitual. Pessoas: com o mal dos outros posso eu bem. Se há uma pessoa que propõe uma ideia de merda que alinha com a vossa visão do mundo e não têm como defende-la senão usando o mau exemplo de outros, o vosso argumento 3 inválido. Por exemplo: um grunho do PNR faz parte do Chega. O meu problema é com este tipo, não é com "os outros partidos que também têm x ou y". Se o capitão do vosso barco é bêbado e vai na direcção de um iceberg, vocês não ouvem o tipo que diz  que há mais capitães mais bêbados que o vosso, ou que noutra zona os icebergues ainda são maiores: vocês atiram o capitão borda fora. Se ele não for do PNR, podem só mete-lo no porão.

sábado, setembro 19, 2020

Dia de luxo

O melhor de trabalhar é ter um dia sem reuniões.

terça-feira, setembro 15, 2020

Era um mundo novo

Olho para o Linkedin e vejo tudo o que não ando a fazer. Pergunto-me se ganharia alguma coisa em fazer tudo aquilo que devia, porque aí arranjaria outras coisas que deveria e que não andaria a fazer, de certeza. Cada vez mais percebo o meu irmão, que diz que não vê coisas novas para ter a certeza que não se deixa influenciar por elas. Para ele, tudo é descoberta.

sábado, setembro 12, 2020

Infelizmente

O Trump vai ganhar novamente, parece-me. Não vejo nada que indique o contrário. 
Vão ser mais quatro anos a pedalar para trás. 

sexta-feira, setembro 11, 2020

Idiotas

Até há alguns anos, a grande maioria dos idiotas eram ignorados. Havia gente que falava como um idiota, gente que se vestia como um idiota, gente com cara de idiota e gente que pensava como um idiota. Para o bem ou para o mal, aos restantes bastava sair à rua para serem catalogados como idiota só porque tinham escolhido usar um par de calças de bombazine amarelo mostarda um dia, serem estrábicos ou terem uma pronúncia diferente da de Lisboa. Muitos outros idiotas, entretidos nos seus pensamentos, escapavam a esta triagem a vida toda. E claro, os idiotas ricos, como sempre. 
Depois, surgiram as redes sociais.
As redes sociais meteram todos os idiotas, especialmente os mais calados, a ter uma voz igual à dos outros, até a dos idiotas ricos. Já não sendo possível fazer uso de preconceitos úteis - something something identity politics - perde-se muito tempo a confirmar se um idiota é mesmo idiota. E se isto era possível até há uns tempos, agora tornou-se impossível. Chegámos à era da idiotice estrutural. A sociedade está assente em vários pilares de idiotice que reforçam a desigualdade entre ideais bons e ideais idiotas e promovem a idiotice em larga escala ao longo do tempo. É altura de criar formas sistémicas de combater a idiotice, preservando o direito inalienável do indivíduo ser só meio parvo, desentendido, inocente, inculto, desinformado ou ignorante.

quarta-feira, setembro 09, 2020

As pessoas até são boas pessoas

Com os meus amigos queques mais queques, especialmente os mais velhos, evito muito falar de racismo. Eu sei que eles são boas pessoas. Mas têm um discurso brutalmente racista. Não é que sejam racistas. Eu sei que são boas pessoas. Mas o previlégio com que viveram não os deixa ver mais além. Foi uma vida inteira de acumulação de privilégio. Vai-se a ver, aquela treta muito bloco-de-esquerda da "micro-agressão" é real. Por exemplo, eu. Eu sou boa pessoa. Há bocado, ao falar daquela aventesma racista do Chaga a falar de ciganos, fui racista ao ser paternalista com os ciganos num todo, como se não se soubessem defender. No entanto, não senti uma urgência de votar no Chaga nesse momento. Pelo contrário, só deu para ver como essa besta se explora as emoções de pessoas que eu sei que são boas pessoas para ganhar votos.

sexta-feira, setembro 04, 2020

Costumo ver cenas

Manel abriu a porta de contraplacado de 3 polegadas e passo a passo dirigiu-se para o lado oposto da sala, em direcção à janela. Da sombra veio uma pergunta: 

- Achas que isto vai parar a algum lado?

- Tudo indica que vai ficar em aberto. Da maneira descomprometida com que a história abriu, sem grande profundidade e a perder tempo a explicar a consistencia de uma porta, já se está a ver que vou chegar à janela só para ver um cenário qualquer meio familiar, um canto de uma cidade à noite, iluminado de luz amarela, cheio de carros em cima do passeio e a cheirar a mijo.

- Tenho dúvidas. Vai ver.

Manel Atravessa a sala desarrumada já convencido que vai encontrar um cenário qualquer meio familiar, um canto de uma cidade à noite, iluminado de luz amarela, cheio de carros em cima do passeio e a cheirar a mijo.

- Maria, afinal vê-se o mar.

- Vês, é um twist que podia ser até meio poético, se estivesse bem escrito. Assim é só uma treta que podia aparecer num filme português.

quarta-feira, setembro 02, 2020

Ninguém nota, mas

Lá no trabalho quase toda a gente almoça ao meio dia e meio porque há uns anos não tinhamos paciência para ouvir um patrão e já estávamos a arranjar desculpas para sair para almoçar às onze e meia. O hábito instalou-se sem ninguém notar, deve ser assim com todos os vícios.
Durante a puta da quarentena isto perdeu-se, mas pelo menos passei a descansar religiosamente até às duas. Sinto falta dos tascos, aqueles minutos a descansar a beber a bica eram o sinal de que metade do dia já tinha ido.

O novo header e o Covid

  

Das melhores coisas que podiam ter acontecido, o Covid19 veio mesmo mudar o mundo. Os apressadinhos new-age, de bicos de pés, quiseram resolver o mundo ao fim de uma semana de quarentena. Só para se ter uma ideia, no meu caso, ao fim de uma semana de quarentena ainda fazia contas aos dias de exercicio que iria fazer por semana. Pouco tempo depois, não houve disciplina nenhuma que me valesse, morreu ao fim de 3 semanas, se tanto.
A minha vida ficou muito pior, mas não me posso queixar. Olhando para trás, devia ter escrito todos os dias aqui depois de sair para um café, nem que fosse apenas uma longa descrição das virtudes da bica de todos os cafés de arroios, pontuados de zero ao topo de uma grandeza absurda qualquer.
Ligando ao tema que me comprometi seguir no post anterior, isto tudo serviu para trazer à tona o pior que o mundo tinha e isso é francamente positivo. 


Entretanto fiz um novo header e um update em alguns detalhes do blog. Relembro que isto anda aqui desde 2006 e já teve pelo menos umas 6 ou 7 mudanças de visual. Esta versão serve para destacar a ideia inicial de quando comecei o blog: escrever histórias sobre objectos perdidos.

Sigam o Perdido pela Cidade, um blog que não acaba.