Estamos em 2063 e qualquer pessoa que não concorde com um assunto e faça um slide de powerpoint sobre ele tem automaticamente o equivalente a um doutoramento sobre o dito assunto. Exemplo: educação.
O mesmo impulso que faz qualquer pai/mãe acreditar que consegue escrever livros infantis leva-os a acreditar que passaram a perceber sobre pedagogia. Nas redes, encontro posts destes às dezenas.
Acho que temos 2 correntes principais de pedagogia popular. A pedagogia new age - fica para a próxima - e a pedagogia da outra senhora. A que trago aqui hoje é a da outra senhora. É uma continuação da escola prática de outros tempos, em que as pessoas aprendiam coisas uteis, como os nomes dos rios e as linhas do comboio. O que acho interessante nestas propostas pedgógicas é que só fazem sentido se forem ouvidas num tasco ditas por um bebâdo, mas se forem produzidas num slide, com imagens, e online, vemos que o bebâdo do tasco pode ser muita gente que aparenta ser informada. O poder destes slides é retirar a voz de bebâdo que geralmente se ouve quando alguém diz isto e por-lhe uma voz de doutor: a nossa ou a de um tipo qualquer do Ghega.
Eu sonho com estas escolas:
Uma escola destas teria dezenas de psicólogos, ex-Deloittes, ex-Mapfre, psiquiatras, financeiros, economistas, engenheiros mecanicos, mecânicos e judos, num complexo com vários hectares. Mas ainda assim, teriam de convencer um adolescente de 13 anos (ou qualquer adulto, já agora) com borbulhas na cara e cheio de hormonas que falar de impostos tinha algum interesse.