segunda-feira, novembro 21, 2016

Coisas do trabalho, lá fui ouvir simulações de entrevistas de emprego/estágio - não perguntem, isto existe, só tem um nome em inglês para soar melhor - de betos universitários. É uma combinação impossível: Eu pessoalmente tenho cenas contra betos e não acho que há truques para boas entrevistas. A cena dos betos é uma coisa de infância, fui educado em escolas secundárias fodidas e isto está-me no sangue, mas não tenho nada contra eles profissionalmente, não têm de ser meus amigos, só precisamos trabalhar juntos. Claro que eles me topam à distância, eu sou o gajo que tem uma relação informal com a objectividade e não tem necessidade de fazer sentido o tempo todo e vive bem com isso. Quanto a entrevistas, não acredito que se possam trabalhar: Só a honestidade funciona.
Explicando isto rapidamente, porque este assunto me chateia, fico ressabiado, este putos betos não querem nada de especial para eles. Querem só manter no nível de vida com que nasceram. Todos dizem os anos que praticam ou praticaram hipismo, esgrima ou natação, como são voluntários no Banco Alimentar ou na igrejae isso para mim lê-se "os-teus-pais-bancaram-bem-essa-tua-vidinha", junte-se isto aos polos Lacoste e só penso "estes putos precisam de uma fase Jorge Palma na vida".  Objectivamente, não precisam. Mas lá está, eu tenho uma cena pessoal contra betos.
Seguindo: o importante é que acho que conheci a próxima presidente da Unilever ou da Deloitte, uma miuda mesmo gira - se calhar é por aí que a coisa vai falhar, espera - que disse que estudou para ser enfermeira mas que viu que não ia a lado nenhum e que agora tinha ido para economia e que era algo que tinha futuro, tudo numa frase só, não disse que queria ajudar pessoas, não disse que ser enfermeira era mal pago mas recompensador, não disse que queria salvar bebés em áfrica, não fazia voluntariado,não pestanejou, não se riu, nada. Vou adicioná-la no linkedin e daqui a 10 anos vou lembra-la que fui o gajo que ela não percebeu nada do que disse numa entrevista. Talvez tenha uma boa dica para eu me safar melhor.

7 comentários:

sj disse...

Há anúncios de emprego que deviam logo dizer "se não és beto, escusas de mandar CV".

Cuca, a Pirata disse...

O que é que alguém pode ter contra os betos? São adoráveis!

Prezado disse...

Não é contra, é só um preconceito.

disse...

Agora, por causa deste post -- muito bom -- lembrei-me de um texto em bom, certeiro, como é seu apanágio, do MEC, sobre betos, queques e afins...

Sérgio disse...

Eu tenho um polo Lacoste e alguns de outras marcas, mas não me considero beto, nem perto. É melhor não os vestir mais?

Prezado disse...

Lá por um gajo se comportar de certa maneira, não é caso para ser descriminado. Tenho amigos assim e respeito.

Anónimo disse...

Mas se nos encontrássemos num sítio qualquer, logo à partida o meu polo, e/ou a tua concepção de beto, seria para ti um elemento identificador de alguém a evitar? Claro que é uma generalização, mas mesmo assim não deixa de me fazer pensar que o que vestimos pode passar uma imagem que nos impede de p.ex fazer novos amigos porque o que conta é a imagem percepcionada e não a pessoa como indivíduo.
Sobre os betos, suspeito que muitas das pessoas a quem causam repulsa e que militam contra eles, apenas têm inveja de não ter tido as facilidades que normalmente as famílias lhes proporcionam. Não invejam no que se tornaram, mas o que tiverem, e têm, e eles não. Todos queremos facilidades. Quem disser o contrário está a mentir. Só em adultos percebemos que as facilidades podem ter um resultado infeliz e aí valorizamos as dificuldades que passámos sentindo que nos fizeram...melhores (?).