Há uns anos ouvi uma mini palestra de chacha em que um tipo dizia que iamos, em x anos, fazer upload de mais de x gaziliões de fotos por dia. Estávamos no início das máquinas fotográficas digitais, dos telemóveis com máquina fotográfica, não havia twitter, não havia instagram. Hoje já passámos desse número por vários gaziliões e vejo os putos a terem fotografias de si mesmos de todos os dias que viveram - eu sempre achei que só ter umas 6 ou 7 fotos de quando era puto era pouco mas também não é preciso isto - e pergunto-me várias vezes quais serão os efeitos práticos disto, se sequer tem efeito, se as fotos são simplesmente ignoradas, se não deixam a memória fazer o seu papel, se a memória passa a ser sempre assistida, se o ego passa a ser uma construção muito mais sólida ou se pelo contrário fica mais volátil, dessensibilização por excesso, eventualmente as fotos desaparecem - isto é improvavel - em favor de outro formato qualquer - o 3D vai invadir tudo, imagem, video, objectos - que preserve memórias de uma forma mais económica, menos quantidade, menos repetição, mais presença e coiso.
Se calhar fica tudo na mesma.
2 comentários:
Uma série para ti: black mirrors. Tem um episódio sobre as memórias (das pessoas) guardadas permanentemente em memória digital, que podem ser mostradas a qualquer momento. Muito interessante a maneira como explora a ideia.
Interessante isso. Tenho de ir espreitar.
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