Na mesa ao lado dorme metade da família ainda de malas com etiquetas do aeroporto. A metade acordada está com cara de ter vindo de um fuso horário para lá de Moscovo. Na mesa com 10 chineses, tiram-se fotos do menu, porque deve ter caracteres cómicos. Na outra mesa lá atrás, duas mulheres jantam um pequeno almoço acompanhadas de uma garrafa de tinto. Mesmo no meio do café, o casal com mais meio metro de altura que todos os outros consulta mapas no telemóvel. Somos os únicos clientes portugueses no café.
quarta-feira, junho 28, 2017
quinta-feira, junho 22, 2017
Estou a ficar como o meu pai
Se-isto-fosse-no-tempo-do-Passos, começaria o meu pai na conversa à volta das notícias da noite, PSD desde sempre, e continuaria a enumerar exemplos históricos para demonstrar como existia uma dualidade de critérios. Na altura dele era o Cavaco, mas vai dar ao mesmo. Eu não tinha idade para me ter assistido a nenhum exemplo histórico, por isso não fazia diferença. Se não aconteceram à minha frente, não aconteceram, não fazem diferença.
Mas, fosse um tipo mesmo imparcial como eu acho que sou (ahah), já estaria a exigir a cabeça do Costa, já lhe tinha chamado todos os nomes, já tinha exigido a cabeça de mais 3 ou 4 ministros pela via das dúvidas, já espumava, já tinha sonhado que estava a discutir engenharia florestal com o Costa, tudo. Mas como também já sei melhor que isto, fico calado.
Mas, fosse um tipo mesmo imparcial como eu acho que sou (ahah), já estaria a exigir a cabeça do Costa, já lhe tinha chamado todos os nomes, já tinha exigido a cabeça de mais 3 ou 4 ministros pela via das dúvidas, já espumava, já tinha sonhado que estava a discutir engenharia florestal com o Costa, tudo. Mas como também já sei melhor que isto, fico calado.
quarta-feira, junho 21, 2017
A idade é um posto
Ter o dobro da idade dos estagiários dá-me um género de super-poder-telepático-ESP de perceber sempre o que se está a passar na cabeça deles: não estão a perceber nada do que eu digo.
terça-feira, junho 20, 2017
Isto é sobre notícias
Nos primórdios da internet, quando não havia mais do que um modem de 56Kpbs ligado à linha de telefone, um gajo perdia horas à espera de imagens. Podiamos ficar parados zombies a olhar para o ecrã uns 2 minutos só para ver revelada mais uma faixa horizontal de 100 pixeis, toda borrada. Primeira passagem, 100 pixeis amassados do tamanho de selos, segunda passagem a coisa ficava melhor, mais 10 minutos e mais uma passagem, a pouco e pouco, barras de 100 pixeis de cada vez e finalmente tinhamos a imagem. A imagem podia não valer nada. Mas só quando estava acabada é que sabiamos se era boa.
Passados 20 anos, parece-me que este modo progressivo de entregar imagens serve de metáfora para muita coisa, mas encaixa mesmo bem com o jornalismo de hoje, progressivamente refinado - desde o tweet do estagiário do Correio da Manhã até à reportagem de fundo do Expresso - e só possível de consumir depois de umas boas passagens.
Passados 20 anos, parece-me que este modo progressivo de entregar imagens serve de metáfora para muita coisa, mas encaixa mesmo bem com o jornalismo de hoje, progressivamente refinado - desde o tweet do estagiário do Correio da Manhã até à reportagem de fundo do Expresso - e só possível de consumir depois de umas boas passagens.
segunda-feira, junho 19, 2017
Regar com gasolina
Basta ter estado o fim de semana inteiro sem televisão, sem internet e sem telemóvel para perder o fio à meada e para, aterrado ontem à noite em Lisboa, seja estranho a tudo o que se passou. Imagino as centenas de horas que a televisão dedicou a tudo o que aconteceu e como as imagens, que não precisavam de legendas nem comentários, serviram de combustivel para as redes sociais, onde lhes dão significados novos. Já vi uns artigos poético-pastoris feitos para a lágrima fácil, abutres ao lado de cadaveres e muitos doutores em engenharia florestal formados em 2 dias. Uma corrida a ver quem legenda melhor o que aconteceu. Tenho saudades do tempo em que o tuga tinha vergonha de ter opiniões muito alto.
sexta-feira, junho 16, 2017
Genética
Há algo que leva os designers juniores a fazer o mesmo tipo de nheca (com más fontes semi transparentes, layers em blur, repetição de fontes) independentemente do ano em que nasceram. Sejam nascidos em 1975, 1980 ou 1995, é tudo igual. Consigo observar este fenómeno em várias gerações, regiões e níveis intelectuais. Uma estética isolada de todas as correntes que a circundam. É como se houvesse uma má fonte de onde todos bebem sem saber bem porquê.
segunda-feira, junho 12, 2017
O futuro a morder-me os pés
Os estagiários esgotam-me e fazem-me pensar no tempo em que não fui estagiário por muitos motivos mas essencialmente porque tinha um ego suficientemente grande para achar que seria só perder tempo para uma empresa sem ganhar dinheiro era um luxo para meninos do papá e que já sabia o suficiente para ser pago principescamente. Passados uns anos observo: os estagiários são pagos principescamente pelos papás, dando em troca o seu ego, o que me facilita a vida, porque são nabos como eu era.
sexta-feira, junho 02, 2017
A grande conspiração
Políticos e jornalistas de todas os sexos, cores, ideologias e nacionalidades encontram-se regularmente para trocar propaganda em primeira mão e veicular a ideia de que ambos estão preocupados com a situação actual.
Prezado gosta de ameijoas à bulhão pato.Realidades alternativas
Estudos indicam que as pessoas mais velhas sabem mais por via da experiência. Se uma pessoa não tão velha quanto isso experiênciar os mais diferentes fenómenos chave com alguma regularidade, pode chegar a perceber meia duzia de coisas muito antes do tempo, nomeadamente:
- nada vale mais do que ter tempo para não fazer nada.
É isto.
- nada vale mais do que ter tempo para não fazer nada.
É isto.
Subscrever:
Mensagens (Atom)