Até há alguns anos, a grande maioria dos idiotas eram ignorados. Havia gente que falava como um idiota, gente que se vestia como um idiota, gente com cara de idiota e gente que pensava como um idiota. Para o bem ou para o mal, aos restantes bastava sair à rua para serem catalogados como idiota só porque tinham escolhido usar um par de calças de bombazine amarelo mostarda um dia, serem estrábicos ou terem uma pronúncia diferente da de Lisboa. Muitos outros idiotas, entretidos nos seus pensamentos, escapavam a esta triagem a vida toda. E claro, os idiotas ricos, como sempre.
Depois, surgiram as redes sociais.
As redes sociais meteram todos os idiotas, especialmente os mais calados, a ter uma voz igual à dos outros, até a dos idiotas ricos. Já não sendo possível fazer uso de preconceitos úteis - something something identity politics - perde-se muito tempo a confirmar se um idiota é mesmo idiota. E se isto era possível até há uns tempos, agora tornou-se impossível. Chegámos à era da idiotice estrutural. A sociedade está assente em vários pilares de idiotice que reforçam a desigualdade entre ideais bons e ideais idiotas e promovem a idiotice em larga escala ao longo do tempo. É altura de criar formas sistémicas de combater a idiotice, preservando o direito inalienável do indivíduo ser só meio parvo, desentendido, inocente, inculto, desinformado ou ignorante.
3 comentários:
E a idiotice é contagiosa.
olha, o teu blog ainda mexe :)
Olha, o teu blog ainda mexe :)
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