Eu percebo que quando um tipo pouco se lembra do que aprendeu na escola, no tempo em que aprender era memorizar para a frente e para trás, por ordem de tamanho, alfabética e onomatopeica listas de factos muito restritas, a história dos descobrimentos seja tão importante. O meu pai, com muita facilidade, debitava:
- Nomes dos rios, onde nasciam e quais os afluentes principais,
- Linhas de comboio
- Dinastias, os seus reis e os seus cognomes
Tudo coisas que nunca teve a modéstia de admitir que só davam jeito para responder ao Quem Quer Ser Milionário sem ir ao Google ou como truque que impressiona pouca gente hoje em dia. Eu sei, como herdeiro de um décimo desses factoides, que sempre que uso um, fico mais quente cá dentro, mas nunca arranquei de ninguém um "sabes isso? és um génio" ou um "foda-se és um individuo muito culto, caramba". No máximo apanho um "foste ver isso ao google agora?" e é o máximo da satisfação que posso tirar desses factoides.
Só isto justfica a maneira como toda a gente se agarra aos sacrossantos Descobrimentos como se tivessem sido um milagre operado por santinhos e não um franchise global começado por uns tipos dispostos a tudo (está escrito), brutos como casas (está escrito) e com o senso antropológico de uma bigorna (Está escrito). Tenham calma, há pessoas a tentar falar de coisas sérias e ninguém deixa ouvir.