Os meus primos mais novos querem ir trabalhar. Estudaram pouco, arranham o inglês. Se fossem de Lisboa, auto-intitular-se-iam de "dropouts", diriam que a escola não os estimulava e não lhes dava valor. Que queriam ter mais controlo sobre as suas vidas. Queixavam-se da falta de oportunidades. Andavam a programar ou a fazer workshops. Compravam bitcoins. Fumavam tabaco aquecido.
Como são do campo, escapa-lhes auto-intitularem-se alguma coisa - os egos dão-lhes para terem carros com leds em baixo e estatuetas africanas no canto do quarto - limitam-se a procurar o que lhes parece o maior ordenado possível e que lhes oferece a ilusão do controlo das suas vidas. Em relação à geração anterior à deles, a única vantagem estratégica que ganharam foi ter acesso ao trabalho de outros países. O que não estava à espera é que usassem essa vantagem para tentar ir trabalhar para armazéns distópicos e apanhas-do-morango que soam sempre a esclavagismo moderno.
Como são do ramo meio salazarista da família, cheira-me que não vão tirar vantagens de nenhum sindicato.
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