Uma nota sobre política: Preciso explicar como é que funciona o sistema partidário aqui. É bipartidário, o que parece incoerente quando há tanta escolha para tudo. Mas não.
Os americanos são algo parecidos com os nossos taxistas.
Há taxistas de esquerda e taxistas de direita. Mas nunca deixam de ser taxistas.
Um
taxista é um predestinado. Nasceu para lutar. Nasceu na terra lá longe.
Foi para Lisboa. Foi para fora, para Toronto, para Londres, para
Newark. Um taxista é um pioneiro e um visionário. Um taxista arrisca a vida todos os
dias. Não tem tempo a perder com opiniões de chacha. Ou é, ou não é. Não
há grey-areas. Debate? não há tempo. Educar? não há tempo. Isso pode-se
tratar depois. Antes é preciso pagar contas. E a conversa é bonita, mas levar pessoal esquisito para a Brandoa às 3 da manhã é bom para o preto. Fazer serviços com ciganos? faz tu.
Os americanos foram criados neste mindset. Cada um por si. Deus sabe de todos mas só ajuda os audazes. A vida é uma selva. E todas aquelas frases feitas e citações de Sun Tzu em jpeg.
O bipartidarismo surgiu por causa da alergia a bullshit: Não se perde tempo com meias opiniões, porque as opiniões que importam surgem de crenças bem profundas. Sendo americano - o tal que não tem problemas com nada porque é um emigrante na sua própria terra - , não há problemas em dizer a sua real opinião sobre qualquer coisa. É-se livre. Se usa peugas às cores, é pro-choice. Se tem um carro que gasta mais de 20 litros aos 100, é contra a eutanásia. Se é alergico ao gluten, é contra a guerra.
Em Portugal, somos iguais. As opiniões que importam existem. Só não há é muitos portugueses com lata para ser um César das Neves.
1 comentário:
Bela crónica, com um final certeiro.
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