segunda-feira, setembro 23, 2013

Eu sei

Este fim de semana fui passear de bicicleta. Sim, tenho um alter-ego que anda de bicicleta. Faz parte de ser designer, como faz parte ser surfista quando se é director de arte. Isto é, é uma tanga. Esta ideia de atribuir hobbies certos e atempados a cada profissão é de uma tacanhez mental tão grande que não consigo explicar. Vou tentar fazê-lo com uma infografia:

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=  unidade de tacanhez mental relativa a passatempos obrigatórios
* =  tacanhez mental habitual

 Eu sei, andar de bicicleta é cena de designer. Mas, pode calhar ele sempre ter gostado de andar de bicicleta. Mais, pode calhar gostar de surfar. E agora? será que as otites da água salgada nas orelhas interferem com a capacidade de ouvir as buzinas dos carros? ou o atrofio dos músculos dos braços de só pedalar interfere com a remada no surf? ou ajuda? Mais: continuo a combinar isto com o ocasional urbansketching-a-solo, uma modalidade conhecida normalmente como "desenhar". Desenhar é a versão anti-social e desprovida de glamour do urban-sketching. Usam-se canetas e blocos na mesma, mas não se fazem ajuntamentos com outras pessoas que também são capazes de combinar o uso destes objectos e não se usam - isto é importante - Moleskines. Sim, há cadernos que custam menos de 15 euros e são feitos de papel na mesma.
Com o pessoal das bicicletas, apanho o mesmo tipo de fenómeno. Andar de bicicleta não é o que os move, é ter Aquela bicicleta - invariavelmente é cara demais para o uso que lhe dão - e andar de bicicleta naquela bicicleta, naquele dia, com aquelas pessoas que também andam com a mesma bicicleta. Isto dito assim até pode parecer ressabiamento, mas depois lembro-me de que quem tem uma religião, partido, filosofia de vida ou pertence à espécie humana, acaba por embarcar nesta treta do rótulo e da caixa em pouco tempo.
Já disse que curto bué andar de bicla?

7 comentários:

nsilveira disse...

o unico tipo que conheço assim maniento das bicis é advogado.

SJ disse...

e eu a achar que fazer ballet é que era cena de designer...

Prezado disse...

Na, designer gráfico = bicla single speed ou fixie.

SJ disse...

Cúmulo do designer hipster = penny farthing.

Não entendo qual é a vantagem de bicicletas sem mudanças. Sou muito retrógrada, às vezes ainda penso que a função é mais importante que a forma.

Mak, o Mau disse...

Um gajo copy é mais básico nas ferramentas - Word no trabalho, ténis na rua (mas com cenário, mesmo que sejam para correr).

Prezado disse...

Por acaso ainda não vi ninguém com uma dessas por cá. Acho que ainda não há palhaços ricos. Só remediados.

A cena das fixies e das single speed é tipo whiskey de 20 anos: é para apreciadores. Aprende-se a gostar, é um desafio, dão mais trabalho, exigem dedicação, tem mais pausa.

( a minha é single speed )

Prezado disse...

ah, e metem menos manutenção e são mais leves. Menos peças, menos problemas.

Uma bicicleta com mudanças está sempre a ter azares.