Saí daí da Alameda e fui pela Almirante Reis abaixo. Já não fazia o caminho há uns tempos.
Há uns anos - isto da idade está a ter o efeito de me lembrar de coisas de há 15 anos como se fossem ontem - a avenida tinha muitas lojas de móveis. Foram fechando. A concorrência sueca matou as de móveis baratos e lisos mas falha no nicho casa-de-alterne. Vou descendo e contando a quantidade de merda prateada e dourada com tapetes de zebra e candeeiros de leds tipo pintelho abstracto que se consegue por numa casa. Alguns prédios vazio já resolveram o problema dos sem-abrigo: meteram grades nas arcadas. Continua a dormir muita gente nas arcadas ainda abertas.
Passo pelo primeiro Kebab da rua, agora são muitos. Por cada um deve haver uma loja de telemóveis.
Ao pé da sopa dos pobres um hotel que parece de luxo aproveitou as arcadas para fazer uma espécie de Lounge na rua. Vazio. Deve ser chato beber imperiais numa avenida principal e levar com gente a cravar cigarros e trocos a cada 5 minutos.Já no Intendente, a mistura habitual de Lisboa. Renovaram o Largo, as pessoas continuam a ser as mesmas e ainda vão durar uns anos. Putas e agarrados com hipsters e meninas de sabrinas. O raio de acção da renovação funciona como um sinal de wifi, 40 metros e a coisa começa a falhar. Aquilo é uma zona pobre mesmo. Come-se atum por ser barato e não por ser conserva.
Para a esquerda fica o caminho que leva à feira da Ladra.
Mais Kebabs. Muitas esplanadas. Até os Kebabs mais pequenos fazem uma esplanada à porta. Chego ao Martim Moniz, há muita gente na rua e até aqui só cruzei com 6 pessoas que podiam ter nascido, sem dúvida nenhuma, em Barcelos.
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