segunda-feira, março 31, 2014
Comé?
Troquei dias de t-shirt ao sol a andar de bicla e máquina fotográfica às costas por isto? não me fodam.
De volta.
Filhos da mãe, que chego a Portugal e a primeira coisa que apanho é a puta da conversa da crise. Argh calem-se com a crise, foda-se, não há crise, é o mundo, o mundo é que é mesmo assim, não é crise. Dêem nome à crise. Escolham um. Passos. Relvas. Cavaco. FMI. Gente burra à escolha. Mas pá se querem que isto mude, apontem para gente que possam influenciar e façam por responsabilizar e cobrar de volta. Não digam Passos e depois votem Seguro. Isso assim é como tentar matar as baratas bebendo um shot de raticida. Apontem. Mas apontem bem. Na propaganda normal, despersonaliza-se o inimigo, inventam-se umas generalidades fáceis de odiar. Cá não.
Hoje chove que se farta. O português vai dizer "ah, o São Pedro hoje bla bla". Epá não. É uma massa de ar quente, não é um velhinho de barbas no céu. É o mesmo que fazem com a merda da crise. Não é a crise, é o Passos. Ou outra coisa qualquer. Percebam qual é: se o gajo do autocarro que não se cala com a conversa do Salazar ou a Paula Bobone ainda ter acepipes à borla em aberturas de centro comercial, o Markl a fazer a 12ª versao renomeada do homem que mordeu o cão em 2014, o Marques Mendes a fazer comentários com aquele ar de menino tonecas, as manifs na Escada, sortear audis em vez de promover o pagamento de impostos com medidas decentes ou aquele programa da tropa do humor que vi em zapping ( Pensei que era Jet lag mas aquilo existe mesmo ), não interessa onde está a culpa. Mas arranjem um culpado. A crise não conta.
Tinha saudades disto.
Hoje chove que se farta. O português vai dizer "ah, o São Pedro hoje bla bla". Epá não. É uma massa de ar quente, não é um velhinho de barbas no céu. É o mesmo que fazem com a merda da crise. Não é a crise, é o Passos. Ou outra coisa qualquer. Percebam qual é: se o gajo do autocarro que não se cala com a conversa do Salazar ou a Paula Bobone ainda ter acepipes à borla em aberturas de centro comercial, o Markl a fazer a 12ª versao renomeada do homem que mordeu o cão em 2014, o Marques Mendes a fazer comentários com aquele ar de menino tonecas, as manifs na Escada, sortear audis em vez de promover o pagamento de impostos com medidas decentes ou aquele programa da tropa do humor que vi em zapping ( Pensei que era Jet lag mas aquilo existe mesmo ), não interessa onde está a culpa. Mas arranjem um culpado. A crise não conta.
Tinha saudades disto.
quinta-feira, março 20, 2014
A dica mais importante para viver nos States
Sabem quando vão a um franchise qualquer de fast food em Portugal e o empregado, seguindo um manual de normas que não lhe diz nada, vos pergunta meio automaticamente se vão querer batatas extra ou uma coca-cola grande?
A maior parte das pessoas diz sim, só para o calar.
Essa técnica não funciona nos States.
Nesta terra há sempre resposta. Se digo que sim, quero queijo no hamburguer só para o gajo se calar e não me chatear mais os cornos com perguntas, vai-me perguntar que tipo de queijo quero e como não consigo lembrar-me rapidamente de nenhum queijo sem ser flamengo, o gajo vai debitar a ladainha habitual cheddar parmesian swiss foda-se e eu tenho de escolher um quando nem sei o que é que é suposto ser o sabor de um queijo qualquer num hamburguer.
Por isso: Digam sempre "não".
Ou se querem destruir as fundações do capitalismo, "You choose".
A maior parte das pessoas diz sim, só para o calar.
Essa técnica não funciona nos States.
Nesta terra há sempre resposta. Se digo que sim, quero queijo no hamburguer só para o gajo se calar e não me chatear mais os cornos com perguntas, vai-me perguntar que tipo de queijo quero e como não consigo lembrar-me rapidamente de nenhum queijo sem ser flamengo, o gajo vai debitar a ladainha habitual cheddar parmesian swiss foda-se e eu tenho de escolher um quando nem sei o que é que é suposto ser o sabor de um queijo qualquer num hamburguer.
Por isso: Digam sempre "não".
Ou se querem destruir as fundações do capitalismo, "You choose".
terça-feira, março 04, 2014
Tarifa intercontinental
Uma nota sobre política: Preciso explicar como é que funciona o sistema partidário aqui. É bipartidário, o que parece incoerente quando há tanta escolha para tudo. Mas não.
Os americanos são algo parecidos com os nossos taxistas.
Há taxistas de esquerda e taxistas de direita. Mas nunca deixam de ser taxistas.
Um taxista é um predestinado. Nasceu para lutar. Nasceu na terra lá longe. Foi para Lisboa. Foi para fora, para Toronto, para Londres, para Newark. Um taxista é um pioneiro e um visionário. Um taxista arrisca a vida todos os dias. Não tem tempo a perder com opiniões de chacha. Ou é, ou não é. Não há grey-areas. Debate? não há tempo. Educar? não há tempo. Isso pode-se tratar depois. Antes é preciso pagar contas. E a conversa é bonita, mas levar pessoal esquisito para a Brandoa às 3 da manhã é bom para o preto. Fazer serviços com ciganos? faz tu.
Os americanos foram criados neste mindset. Cada um por si. Deus sabe de todos mas só ajuda os audazes. A vida é uma selva. E todas aquelas frases feitas e citações de Sun Tzu em jpeg.
O bipartidarismo surgiu por causa da alergia a bullshit: Não se perde tempo com meias opiniões, porque as opiniões que importam surgem de crenças bem profundas. Sendo americano - o tal que não tem problemas com nada porque é um emigrante na sua própria terra - , não há problemas em dizer a sua real opinião sobre qualquer coisa. É-se livre. Se usa peugas às cores, é pro-choice. Se tem um carro que gasta mais de 20 litros aos 100, é contra a eutanásia. Se é alergico ao gluten, é contra a guerra.
Em Portugal, somos iguais. As opiniões que importam existem. Só não há é muitos portugueses com lata para ser um César das Neves.
Os americanos são algo parecidos com os nossos taxistas.
Há taxistas de esquerda e taxistas de direita. Mas nunca deixam de ser taxistas.
Um taxista é um predestinado. Nasceu para lutar. Nasceu na terra lá longe. Foi para Lisboa. Foi para fora, para Toronto, para Londres, para Newark. Um taxista é um pioneiro e um visionário. Um taxista arrisca a vida todos os dias. Não tem tempo a perder com opiniões de chacha. Ou é, ou não é. Não há grey-areas. Debate? não há tempo. Educar? não há tempo. Isso pode-se tratar depois. Antes é preciso pagar contas. E a conversa é bonita, mas levar pessoal esquisito para a Brandoa às 3 da manhã é bom para o preto. Fazer serviços com ciganos? faz tu.
Os americanos foram criados neste mindset. Cada um por si. Deus sabe de todos mas só ajuda os audazes. A vida é uma selva. E todas aquelas frases feitas e citações de Sun Tzu em jpeg.
O bipartidarismo surgiu por causa da alergia a bullshit: Não se perde tempo com meias opiniões, porque as opiniões que importam surgem de crenças bem profundas. Sendo americano - o tal que não tem problemas com nada porque é um emigrante na sua própria terra - , não há problemas em dizer a sua real opinião sobre qualquer coisa. É-se livre. Se usa peugas às cores, é pro-choice. Se tem um carro que gasta mais de 20 litros aos 100, é contra a eutanásia. Se é alergico ao gluten, é contra a guerra.
Em Portugal, somos iguais. As opiniões que importam existem. Só não há é muitos portugueses com lata para ser um César das Neves.
segunda-feira, março 03, 2014
No Bulshit
O tal empreendedorismo aqui só é mal visto porque ( e quando ) é talvez 50 vezes mais ambicioso e ganancioso que em Portugal. Mas tem uma vantagem espetacular: No Bullshit. Um gajo vazio de ideias não consegue faze-las vingar só porque usa aqueles termos de cripto-marketing, o alavancar, a capacitação, essa merda, à gajo-de-bater-punho, mambo-jambo enlatado, no máximo consegue vender uns livros e fazer umas palestras à conta disso. Isto é, ganha uns cobres. O que aqui, não é nada mal visto.
Nota: pelos critérios daqui, sou um comuna artista.
Nota: pelos critérios daqui, sou um comuna artista.
O inglês do States
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