quarta-feira, janeiro 28, 2015

Carta a um jovem estudante

Fui assistir a apresentação de trabalhos de fim de semestre numa universidade de design. Os parelelismos são impossíveis de evitar: Era eu tão novo como estes miudos quando andava no curso? tinha tanta falta de jeito? Como é que trabalhava? Tinha a mania? isso tinha, até. Por isso, tenho de deixar isto aqui:


Carta a um jovem estudante de Design

Jovem, se estás na universidade a seguir Design, ouve estas sábias palavras de quem por lá passou, há muito muito tempo, no tempo em que só 3 ou 4 numa turma tinham computador para trabalhar.
O que quero que faças é que ponhas a mão na consciência, pares o que estás a fazer e olhes para o trabalho de outras pessoas. Vais à internet e procuras trabalhos do mesmo tipo do que estás a fazer. Depois voltas ao teu trabalho, analisas as diferenças e por que razões essas diferenças existem e finalmente tentas meter-te na pele de quem vai usar a marca: o cliente, o consumidor, a tua avó. Se fizeres isto bem feito, vais abandonar esse trabalho e vais fazer 10, 20, 30 novas versões. Copia. Rouba. Não faz diferença.
Se ainda assim, apresentares ao teu professor algo que até podes não ter notado mas que lhe deu uma vontade imediata de te dar com uma cadeira nos cornos, fica a saber que o universo funciona assim:

Argumentar com um professor de Design é como discutir com o fantasma do Natal Futuro. Ele já esteve nos teus pés. Ele já estudou mais que tu. Ele já se fodeu mais vezes. Ele já chumbou mais vezes. Ele já fez mais cursos. Ele já conheceu gente mais inteligente e mais burra que tu. Ele já fez mais noitadas que não serviram para nada. Ele já copiou. Ele já viu tudo o que andas a ver. És portanto, transparente.

Se o professor tem dúvidas no raciocínio que usaste para chegar à tua proposta de Design, é para fazer ver um pouco desta verdade. Por isso, a rouca voz da experiência pede-te, encarecidamente: não sejas estupido. Vais acabar a fazer logotipos para talhos.

2 comentários:

disse...

São muito verdes ainda, sim. Estão no início. Mas também é para isso que lá andam, para aprender com quem sabe, se não fosse assim também não valia a pena.
Com este post ganhas mais uma leitora, aqui deste lado, no 1º ano de Design. ;)

Fuschia disse...

Eu sou do tempo em que todos tinham computador em casa, mas só 3 ou 4 tinham portátil para trabalhar na faculdade. Ainda assim, muitos professores abusavam do estatuto de sabem tudo e eram umas bestas.