As pessoas gostam de ser solidárias, mas ao mesmo tempo têm dois impedimentos importantes: são preguiçosas e são humanas. Depois há as pessoas que recolhem tampinhas.
Acredito que as pessoas que recolhem tampinhas estão no grupo demográfico das que acreditam em anjos e gostam de golfinhos. É infelizmente algo próximo de um problema cognitivo. Alguém teve uma ideia que explora esse problema cognitivo sem querer e fez uma campanha que tem cobertura na televisão de tempos a tempos e não há forma de acabar.
Portanto, uma tonelada de tampinhas, uma cadeira de rodas. Parece parvo? não as cadeiras de rodas, isso acho óptimo que aconteça. Mas espera. A mim sempre me pareceu parvo. Vamos medir o esforço. Portanto as tampinhas são plástico, plásticos reciclam-se, mas quando meto uma garrafa de plástico na reciclagem já lá vai a tampa. E está feito. Erodes lava as mãos satisfeito.
Mas eu quero ajudar alguém a ter uma cadeira de rodas. Meto a garrafa na reciclagem, tiro a tampa, guardo a tampa num outro sítio, junto tampas, quando tenho um monte delas vou a qualquer lado depositar as tampas, vou de carro, vão lá mais pessoas de carro com mais tampas, outras pessoas juntam quantidades maiores de tampas, até fazer uma tonelada, um monte de tampas, têm de ocupar a garagem com isto, armazenam isto no lugar do Fiat Punto, cada tampinha umas 2 ou 3 gramas, arranjam forma de transportar toneladas de tampas até à reciclagem e depois as empresas de reciclagem em Santa Cona do Assobio separam as tampas novamente porque são vários tipos de plástico, dão 600 euros por tonelada, umas quantas toneladas, 5, 6, uma cadeira de rodas. E a esta altura o Erodes já meteu uma bala nos cornos. Ou várias.
E assim um processo ineficaz de ajudar que é uma perda de tempo, recursos e dinheiro vai seguindo, porque o som de "tampinhas" é quentinho e é só uma tampa pequenina com cores. Não custa nada.
2 comentários:
O meu avô guardou durante anos dezenas de garrafões de água. Quando tive de me desfazer deles alguém me disse "guarda as tampas para aquilo das cadeiras de rodas". COmo tinha de tirar as tampas para conseguir esmagar os garrafões para que eles coubessem na mala do meu carro e os pudesse levar para a reciclagem assim fiz. Com as tampinhas num saco dirigi-me a um desses sítios para meter tampinhas. Só que as minhas tampinhas eram tamponas. porque eram de garrafões e não cabiam no buraquinho reservado às tampinhas, portanto peguei no saco e foi tudo junto para o ecoponto. Fim.
Thats my point.
Acho que se pedissem dinheiro directamente ganhavam mais. Todos.
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