O sentido da política é bem mais complexo que o sentido da vida e por isso tenho usado bastante mais tempo a estudar a criar ideias que simulam um pensamento que se assemelha a um estudo da evolução da política. É portanto um estudo sólido e algo longo. Lanço aqui o desafio, caro leitor(a) a acompanhar as novidades do dia de hoje:
Uma lei definiria o número máximo de animais em casa de cada português.
Vou cruzar esta lei em vários vectores, tanto espectrais como temporais. Espectralmente: à esquerda, gozo. Ao centro, dizem que existe centro, eu acho que não existe, tudo ok. À direita, aparece um deputado do PP ( a lei é de uma ministra do PP ) a dizer que isto é fascismo. Deixei de perceber política. Temporalmente: A esquerda anseia historicamente por um estado social nórdico e pejado de regras civilizacionantes mas a uma regra que tem uma aparência nórdica tão simples e lógica, dizem não. A direita historicamente defende touradas e tradições. O que parece contraditório com a proibição de qualquer tipo de situação que piore a vida de qualquer animal. Podem sofrer mas só se for tradição, o que me parece demasiado específico. Noutros países, isto não tem nada a ver, a China tem uma política de filho-único que tem dado bons resultados, senão já estávamos a viver em caixotes de 26 andares. Os animal-lovers - que são de esquerda geralmente mas fascistas particularmente no que toca a animais vão falar em fascismo porque não se pode invocar a palavra animal em vão. Mas simultaneamente querem que este país volte a estar na vanguarda dos direitos animais não querendo implementar uma regra que protege os animais. ui disse animal. Em conclusão, o estudo efectuado concluí que quando se trata de definir regras o português é, da esquerda à direita, avesso a todas e sejam quais forem, podendo apenas ser implementadas respeitando ao princípio universal tuga das regras universais - "Até concordo que façam essa regra, em especial para o meu vizinho, mas eu não tenho necessidade de a seguir a toda a hora". Dado haver uma quantidade considerável de gente que não vota e não faz saber o que realmente pensa, o espaço ideológico ocupado por gente que; 1. aceita regras 2. não sabe as regras 3. faz o oposto ditado pelas regras; é distribuído equitativamente pelo todo desta República, permanecendo esta neste limbo entre o avanço tecnológico e o vintage-burlesco, terreno ideal para crescimento de bananas ad-aeternum.
Estudos indicam que sempre foi e sempre será assim, conquanto já foi pior.
edit - a lei já existe. É uma regulamentação já antiga que engloba uma boa parte das regras em vigor sobre habitação e animais. Este projecto de lei é uma actualização dessas regras. Infelizmente a discussão chegou à net, onde o tema "animais" é sugado para um void troll. Um dos primeiros comentários que apanhei foi " se me quiserem tirar o meu cão, recebo-os a tiro ". Isto parece a mesma conversa da extrema direita americana, mas em vez de armas é com chinchilas.
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