Já estou aqui há um par de meses. No outro dia comecei a enumerar as saudades, e a dado momento na lista volto aos tascos. E Lisboa. O rio e o Cais do Sodré.
Uma coisa que tenho saudade dos tascos é o tempo. Aqui não há tempo. Estes tipos acham que trabalham muito porque estão muitas horas a trabalhar. Nós trabalhamos melhor, e isto está directamente relacionado com o tempo no almoço. Ir a um tasco bate qualquer restaurante americano no que toca a atendimento. Aqui são provavelmente mais solícitos, mais rápidos, e as doses são ainda maiores que num tasco. Até oferecem toda a coca-cola e água com gelo que quisermos.
Mas perco muito tempo a escolher o que quero comer. Dão-me sempre opções. E eu não quero opções, não quero pensar em opções. Acho que mereço não pensar em opções já que estou a pagar pelo trabalho de outros - aqui só estarei a pagar se pagar gorjeta, o que é uma tanga de uma sistema - para me servirem. Isso devia estar incluido no preço. Mas não: hamburguer? mal, bem, médio? Batatas? chips, fries, sweet? sauce? sour, mayo, spicy, medium spicy? Coke? small ( big ), medium, large? E depois disto tudo, quando acabo o prato, o que é dizem? nada. Passados 10 segundos de largar os talheres, metem a conta na mesa e desaparecem. Fazem isto até num restaurante vazio e sem mais clientes a chegar.
Mas eu entro no tasco e o sr. Martins já sabe que eu quero aquele prato que está a sair pouco nesse dia mas que está especialmente bom. Eu vou insistir no bitoque e vou ouvir que me vou arrepender. Ou no outro tasco, onde o outro gajo me pergunta se já alguma vez me arrependi de comer o que ele disse para comer. E vou comer com calma e esperar 10 minutos até me perguntarem se quero mais alguma coisa, o cafézinho ou a sobremesa, mais 5 minutos para o café e depois de pedir 2 ou 3 vezes, lá vem a conta. Isto é que é vida.
4 comentários:
Os tascos e afins também sentem a tua falta, na certa. ;)
De certeza. A produção de bitoques deve ter baixado.
Enviar um comentário