Street coiso |
Eu gosto de street art. Há dezenas de técnicas a serem exploradas e há algumas coisas bastante interessantes por aí. Mas raramente passam de algo apenas formal, nem ultrapassam os mesmos conceitos reciclados, gags visuais, ( esperadamente ) inesperados, o rendilhado absurdo, a repetição, o pop. A street art é vazia e visual. A mensagem é a mesma, a ideologia é sempre a mesma e qualquer fuga da ideologia deixa de ser street art. É uma liberdade muito estrita, horizontal, que não se supera. Como é feita por amadores num tempo em que a arte é feita por profissionais, a vanguarda está com os poucos que têm domínio na expressão ou no conceito. Que eventualmente passam a profissionais. Dizia, é tudo muito igual. Se um enche paredes de bananas, outro enche de chouriços. Isto não me diz muito, no fundo estão os dois a fazer a mesma coisa.
Mas tudo bem. Siga.
Agora, há algo pior que paredes com chouriços: o marketing. O marketing é - e agora estou a lembrar-me do Hicks - é tipo virus. Gonorreia. Sifilis. Alberto João. É pior que a peste. Exemplo: Primeiro apareceu a GAU. Galeria de arte urbana, que distribui espaços para street art FODA-SE como é que distribuem a rua mas que tipo de gente é que alinha nisto, uma marca, vinda do nada do zero, da cabeça de alguém resolve vender - na prática é vender sim porque é um item, é um espaço que não era de ninguém e passou a ser uma marca por decreto - o espaço público como galeria retalhada por autorização, pessoal que alinha nisso é totó, pessoal que não pinta por cima é totó também. Depois aparecem estes artistas da Embaixada, a vender sapatos da moda - isto choca com a tal ideologia que a street art não larga - que dizem que estão a fazer street art pendurando um vinil impresso a laser sobre o predio e a chamar-lhe intervenção não caralho não, intervenção é pintarem a puta da parede toda com o que lhes dá na telha bom ou mau, meter um vinil à frente de uma fachada é o que as marcas fazem, meter lá isso ou fotos de gatinhos é a mesma coisa, qual é o risco de desenhar um vinil, vão errar? vão perder a noção de espaço? E para uma marca? É o mesmo que fazer uma campanha. E de publicidade está o mundo cheio.
2 comentários:
Quase que se fica com saudades de quando iam presos se fossem apanhados com a lata na mão.
Viste o filme do Bansky, claro.
Nem por isso.
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