segunda-feira, novembro 07, 2022

O Websummit já passou

Nada de importante sai do websummit. Podem tirar as piadas todas, o gozar com os anglicismos e as manias, a Cristina Ferreira e a sua missão insondável de mostrar a todos que não tem problemas em não praticar inglês o suficiente para ir para um palco, os discursos batidos, as apps, a technologia que não serve para quase nada. Mesmo sem o gozo, não sai nada de lá. É como um gigantesco press-release de 2000 páginas. Podiam estar lá os Panamá Papers. Podia ser a cura para o cancro. Ninguém quer saber. Tudo o que sai de lá são os pequenos soundbytes dos políticos que vão ao palco. Só porque o palco é grande.

quinta-feira, outubro 06, 2022

Tenho aqui uma teoria antiga

Hoje lembrei-me de 2 cidadãos do mundo que conheço. Um tipo português que só anda com mulheres estrangeiras e um tipo estrangeiro que só anda com mulheres portuguesas. Eu acho que estes gajos já devem ter percebido que não devem dizer nada de jeito na sua lingua de origem.

quarta-feira, setembro 21, 2022

Espreitei, mas deixei a notificação por ler

Olá bom dia tudo a andar porreiro vai-se indo sim tenho tido muito trabalho o habitual sim mais vale ter trabalho a mais que a menos pois é ah dá saúde - isso não sei bem se é assim verdade tem dias olhe que um primo meu que tem de se levantar às 5 da manhã para ir dar de comer aos porcos não deve andar bem das costas mas também se vamos por aí - eu próprio posso queixar-me é do computador pois o dia todo curvado ah ao fim do dia nem tenho como me sentar - a quem o diz eu tento faço umas extensões - alongamentos - é alongamentos e mesmo assim isto estala tudo ó ouve-se daí de certeza enfim era só para dizer que aquela gente toda que anda a reclamar que os 125 euros do Costa são uma esmola e um engano - não deixa de ser verdade mas têm de ver isto no plano macroeconónmico é um empurrão na economia, não no dia a dia de cada um individualmente mas sim é uma anedota de um valor mas a cavalo dado não se olha o dente e mais vale um passaro na mão que dois a voar e grão a grão enche a galinha o papo, mas por favor, especialmente os que são enganados pelo Ch*ga,  gostava de os ver a recusar a esmola e a dá-la a quem precisa mesmo dela ou então façam-me um favor ainda maior, gastem-na em cartazes ou num tempo de antena que não seja muito racista ou sexista e ponham o dedo na ferida proverbial isso ia ajudar toda a gente

quinta-feira, julho 28, 2022

Ganhei um calo a pensar no ambiente

Descobri um calo na mão. É de andar de trotinete, e foi logo agora que descobri que elas não duram nada e são más para o ambiente. Más ao ponto em que tenho de fazer um esforço activo para esquecer esse factoide que me ficou tatuado no pensamento. Vou ter de continuar a andar nelas mas talvez pense em enviar um email aos tipos da startup que as aluga para doarem qualquer coisa para a Amazónia. Lá no trabalho, uma pessoa pediu que se baixasse o ar-condicionado 1 grau em todos os andares para salvar o planeta. Pensei que assim também fodiamos o Putin, bem feita cabrão, eu tenho de ir de casaco para o escritório mas tu perdes a guerra. Quase como o Woody Allen meteu num filme há 40 anos, espero pelo dia em que Estudo de cientistas norte-americanos revela que afinal a opção mais ambiental é empanturramo-nos de chocolate e cigarros e andar como se entende, porque no fim tudo se auto-nivela, os grunhos continuarão a usar bidons de gasolina com rodas, os hippies betos andarão de Brompton, os gunas de Arroios de bicicleta. Tudo arde, tudo queima, pergunto-me se esta fase das notícias em que só ouço superlativos vai passar, se sou eu, se é da idade, se são os outros. Não fomos desenhados para lidar com tanta informação.

segunda-feira, julho 18, 2022

memória de elefante rico a fugir do fogo

Já há uns dias tinha notado qualquer coisa no tom com que uma notícia estava a ser dada no noticário da noite. Era sentida. Parecia pessoal. Casas perdem-se nos incêndios, tragédias pessoais acontecem, mas parece que há tragédias mais pessoais e tragédias mais trágicas. As pessoas perdem "tudo o que têem" e começam " a vida do zero" quando perdem as suas casas e eu seus cultivos, os seus animais. Mas há pessoas aparentemente diferentes destas, que perdem também a história da vida de família. Parece que para os jornalistas quem não tem uma casa grande e rica não tem "história". 

segunda-feira, julho 04, 2022

Almoço com os primos afastados

Os meus primos mais novos querem ir trabalhar. Estudaram pouco, arranham o inglês. Se fossem de Lisboa, auto-intitular-se-iam de "dropouts", diriam que a escola não os estimulava e não lhes dava valor. Que queriam ter mais controlo sobre as suas vidas. Queixavam-se da falta de oportunidades. Andavam a programar ou a fazer workshops. Compravam bitcoins. Fumavam tabaco aquecido.

Como são do campo, escapa-lhes auto-intitularem-se alguma coisa - os egos dão-lhes para terem carros com leds em baixo e estatuetas africanas no canto do quarto - limitam-se a procurar o que lhes parece o maior ordenado possível e que lhes oferece a ilusão do controlo das suas vidas. Em relação à geração anterior à deles, a única vantagem estratégica que ganharam foi ter acesso ao trabalho de outros países. O que não estava à espera é que usassem essa vantagem para tentar ir trabalhar para armazéns distópicos e apanhas-do-morango que soam sempre a esclavagismo moderno.

Como são do ramo meio salazarista da família, cheira-me que não vão tirar vantagens de nenhum sindicato.

quarta-feira, junho 15, 2022

Cripto burros

Um criptobro que conheço começou um podcast em que promete a sua opinião honesta e politicamente incorrecta sobre a vida e o universo e Portugal e tal. Original, arriscado e inédito

Já não sei o que é pior, se os tipos das bitcoins ou os dos NFTs. Eu já me meti nisso e não aprendi nada.

terça-feira, abril 05, 2022

Milagres diários precisam-se

Milagres são sempre bem vindos, mas geralmente chegam tarde e em quantidades mínimas, ou não fossem milagres. Enviaram a imagem de Fátima à Ucrania, o que é capaz de ser uma ajuda para quem lá anda. Estranho é os jornalistas relatarem o acontecimento e a forma como é recebida como se o seu efeito não estivesse só na cabeça de quem acredita nela.

segunda-feira, abril 04, 2022

Guerra, doença e morte: quando é que começam os problemas a sério?

Disse o jornalista, - "Passaram a chamá-la a igreja do milagre, depois da sua torre ter resistido ao terramoto que devastou a ilha" - recordando o terramoto que destruiu quase tudo em volta e obrigou toda a gente a ir viver para outro sítio. Passados séculos, pimenta no cu dos outros continua a ser refresco.

quarta-feira, março 23, 2022

Coisas importantes durante uma guerra à porta da Europa

Tenho mais que fazer do que andar aqui a escrever. Estive preocupado com guerras e covid, falta de açucar, óleo e gasolina, impostos, taxas, malas com tamanhos para levar na cabine, inflação, para onde fugia se isto rebentasse tudo, o preço da uva mijona, que quantidade de tomate e amendoim se pode comer por dia. Perdi muito tempo a pensar se devia ou não comprar uma caixa para canetas que ando a ver há 2 anos porque era feita de plástico.
O que me deixou a questionar as minhas prioridades foi ter andado a tentar ensinar o gato a dar a pata mas não me lembrei de perder tempo a ensiná-lo a cagar dentro no caixote.

segunda-feira, janeiro 31, 2022

Isto vai ser animado

Como esperado, os cripto-racistas neo-fascistas sexistas homofóbicos entraram no parlamento. Poderão perguntar como é que uns tipos que ainda não fizeram nada já levam com esta caraterização.

Só assim de cabeça, lembro-me:
Joacina Katar Moreira, uma deputada, foi mandada para a terra dela.
Simultaneamente, diz-se que não há racismo.

Separação de comunidades ciganas da restante população.
Simultaneamente, diz-se que não há fascismo.

Um debate inteiro a chamar um adversário de mariquinhas.
Simultaneamente, diz-se que não há homofobia.

A reciclagem orgulhosa do mote salazarista Deus, Pátria, Familia, com o desplante de lhe adicionar Trabalho.
Simultaneamente, diz-se que não há fascismo.

Isto é só o lider. Os restantes deputados trarão as várias notas de bafio que faltam a este bouquet: a misoginia, racismo descarado, xenofobia mais ou menos clara, a ideologia-de-género, a transfobia.

Não estou a exagerar nada. E só porque já os conheço, eles vivem na porta ao lado.


 

terça-feira, janeiro 11, 2022

Como odiar fantasia

Vamos lá ver: Eu gosto de ficção ciêntifica, mas detesto fantasia.

Ou diz-me pouco. Fantasia é própria de miudos parvos. Ou pronto, é só uma coisa de miudos. Parvos.

Diz-se do cinema que é uma experiência social. Assiste-se a uma história em grupo. A presença dos outros muda a maneira como a história é sentida. Ver em grupo um foguete movido a sonhos, por exemplo, é sermos colectivamente chamados de estupidos. Por causa de ideias destas é que há telefilmes.

Um tipo tranca-se em casa e sozinho, com o realizador, vive a tristeza de ver um filme que foi feito para ninguem ver.

 O final do Interstelar tem um final semelhante a descoberta que o foguetão é movido a sonhos. Graças a isso, dá uma guinada nos ultimos 15 minutos que estraga o filme todo.

Depois, aparece aquela campanha do 5G. O Ronaldo a andar de mota simultaneamente com o Miguel Oliveira. E eu fico à espera que me mostrem como é que as motas andam sincronizadas. Estão a vender isto como algo que se passou na realidade. Fico à espera. Se eles partilham instrucções entre eles. Se as motas se auto-equillibram. Se têm servomotores na direcção. Mas não. Dão a entender que uma está ligada à outra, que é rápido, que é instantaneo, que são interdependentes mas nunca usam o verbo conduzir. 

 Porquê? porque as duas motas estão ligadas por sonhos. O máximo que o Ronaldo e o outro gajo fizeram foi enviar um sms ao outro. Detesto fantasia.


domingo, janeiro 02, 2022

LImpar a casa virtual em 3 passos

Passo 1

Acho que já se passou mais de um ano, mas hoje dei por isto: Tinha no Facebook um daqueles amigos-de-amigos, alguém por quem tinha algum respeito, a revelar-se um racista de primeira água. Depois de andar a evitar confrontos, bloqueei-o. Que boa decisão que fiz. Este é o passo 1 para limpar a casa. Se vieram pela dica, é isto. Se querem perceber porque aturei isto, aqui vai.

Perguntei-me depois: porque demorei meses a fazer isto?

Perguntei-me algum tempo o que estaria a passar-se. Que razões teria este tipo para ser assim? Qualquer menção a etnicas, pobreza, subsídios, era uma desgraça. Um chorrilho de preconceitos, mentiras, ódio. Este tipo tinha estudado em boas escolas, tem um bom emprego, aparentava ser um membro útil da sociedade. Como ser racista, se até é um tipo educado e com dinheiro? Lamento perceber isto, mas é um preconceito meu.  

E eu, que acho que sou um tipo que tem o bom hábito de duvidar de tudo e que não aceita ideias pré-aquecidas, caiu-me a ficha: Perdido, afinal acreditas em mérito. Tenho de me curar.