domingo, dezembro 28, 2008

Ano a fechar

Fui aos arquivos, e dou por mim a escolher os posts que gostei mais este ano, e a pensar no que ficou por postar.
Foi um ano enorme.
O ano em que firmei uma sólida relação com os taxistas, ganhei um alter-ego e passei a assinar "Sr. Cruz, taxista". Apanho com o Silêncio dos inocentes na tromba e safo-me, mesmo desinfectado com Piralvex. Viajei. Não muito, mas o suficiente para perceber que é o que mais gosto de fazer. Estive de férias no Vietname português, Albufeira. Fui assaltado em Barcelona, como um turista exemplar. Fui a Estocolmo. Fui a Coimbra, onde as conversas estão sempre paradas no tempo. Por Lisboa, encontrei coisas fofas. No Algarve, estive num programa de rádio, o que me deu um gozo enorme. Como designer, fiz uma analise séria e fundamentada ao Branding do Ano. Resolvi de vez a minha falta de hiperconectividade, que tanto sofrimento me trouxe ( Apple rules! ).

E o próximo ano, vai ser maior ainda.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Taxista, Xmas edition

Os últimos presentes são comprados de rajada, a pressa para chegar a casa é muita. O taxista é mal-encarado, mas não resiste a um desabafo.
-Grande confusão, toda a gente nas compras ainda....
-Eu não comprei nada.
-Pois, mais vale oferecer uma prenda com piada, feita pra cada um..
-Nem isso. Isso é o pessoal que tem dinheiro, a arranjar desculpas pra não darem nada. Dizem que é a "crise".
-Realmente... - A conversa lá desvaneceu. Até que o rádio fala do BPN, e o homem ganha alento para disparar novamente, quando já vou quase a sair e posso dizer que este é o desejo secreto de muitos portugueses, a começar pelos taxistas ( já ouvi esta umas vezes ) :
-estes gajos... sabe o que era? era meter uma bomba na assembleia com eles todos lá dentro. Isso é que eu gostava.

É reconfortante saber que podemos contar com um taxista quando toda a gente já nos abandonou ao materialismo. Boas Festas, fiquem bem.

domingo, dezembro 21, 2008

Notícias no mundo real

Estou eu a ver as notícias e aparece qualquer coisa parecida a este pequeno texto em rodapé: "Jovens portugueses colocam primeiro video do género na internet".
Fico a saber que o "género" é uma dança que em França já tem 8 anos, e os míudos meteram um video deles no youtube. É assim que vejo que enquanto não desligarmos a televisão e formos para onde as coisas acontecem, seremos sempre pequeninos...

Quando é que os telejornais voltarão a ter notícias?

Filmei-me a dar um arroto com o telemóvel, e coloquei online. A minha secreta esperança é que apareça nas notícias.

sábado, dezembro 20, 2008

A idade é lixada II

Estou na paragem do costume, a caminho da agência. Tudo normal, até ver alguém a pedalar lentamente, no meio da estrada. Muito lentamente. Lentamente, como um jovem de BMX que de pois de ter trepado um half pipe doze vezes, pára no topo e exibe o feito. Assim, mais ou menos. Mas, aqui estou a falar de um cidadão bastante senior, de boné amarelo com lantejoulas, óculos escuros e parte de uma grelha de um Opel Tigra soldada ao guiador. Reflectores em barda. Até nos pisa-pés. Levou, à vontade, 10 minutos para percorrer cinquenta metros.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Ao cais do Sodré

Encontram-se as personagens do costume, sem-abrigo, bebâdos, o preto gordo anão do fato de treino verde ( anda lá sempre, género personagem lynchiana ), sempre agarrado a duas putas. À porta do tasco, as garrafas de litro de cerveja amontoam-se, os copos de plástico continuam pousados nos carros, à espera. Na pastelaria, comem-se os bolos errados às horas certas: Folhados de salsicha com meias de leite, croquetes com imperiais, cafés com Garibaldis. Leites com chocolate. Água das Pedras. Os turistas sobem a rua do Alecrim de máquina fotográfica. Cá dentro, cobiçam-se as roupas, a máquina, a energia e a lata para estar a pé aquela hora, para gozar o sol de sábado. Há quanto tempo sábado não tem dia?

sábado, dezembro 13, 2008

Ainda sobre...

Teambuilding.
Aos directores de pessoal, profissionais da área, interessados em geral, deixo aqui o que é um evento empresarial de Natal ao agrado de todos, inclusivé dos anti-sociais, dos psicopatas e dos carneiros.

Viagem: Saiam da cidade. Vão para longe. Toda a gente tem familia, mas até dia 30, vão enjoar de tanto os ver. Mais vale deixar crescer a saudade. Filhos pequenos? é altura de conhecerem aquela tia afastada com alzheimer.

Transporte: dêem boleia uns aos outros. Aluguem um autocarro, mas desliguem os microfones.
A evitar: Não deixem ninguém da contabilidade oferecer-se para pôr música.

Estadia: Um hotel pequeno ou mais xunga, mas exclusivo, é sempre melhor. Aluguem os quartos todos. Se num hotel grande, andares inteiros e os de topo.
A evitar: Não partilhem quartos, ninguém quer ver o Parreiras de pijama. Deve no entanto haver um quarto atestado de bebidas, snacks e camas para pelo menos 12 pessoas. 13.

Actividades: preferência por desportos individuais. Tiro, patinagem, moto4, paintball, ski, kayaks, roleta russa são todas boas opções.
A esquecer: corridas de sacos, jogar aos países, Trivial, qualquer coisa a atribuir pontuações.

Relax: Massagens, discoteca, piscina, almoços, jantares. Contratem um D.J. para dar ambiente. Nunca deixem ninguém da contabilidade pôr música. Mandatório, em tudo: Bar aberto.

Horários: nenhuma actividade pode começar antes das 10H. Horas de fecho, é com cada um.

Dica final: cada homem é uma ilha.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Vai começar

Os almoços e jantares de Natal começam a alinhar-se cosmicamente. Neste ambito, no emprego, pedem-me que escreva uma quadra, e que a cante ( sim, team-building ;). Na minha cabeça, vislumbro um episódio de Extras ou the Curb your Enthusiasm em potencial. Toe-curling.

Porque é que team-building é sempre sinónimo de figuras-de-urso-que-nunca-fariamos-na-vida?

A sério. Eu posso assegurar que vivendo eu 200 anos, não me lembraria um dia de fazer quadras de Natal e cantá-las. Juro. Eu nunca soltei uma nota, nem na banheira. Eu sou o género de gajo que não se ri, sequer. Eu posso beber 12 horas de seguida e mesmo assim não me vêm um canto de um dente. Eu até tento. E as minhas capacidades de escrita, estão à vista...
O que é espantoso é haver muita gente que não percebe em absoluto o que estou para aqui a debitar, porque adora estas coisas. Catarse?

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Stockholm III - perdido

Elevador panoramico em Slussen, onde passamos a ver que temperatura temos de aguentar no dia.

Perdi-me por Estocolmo, e não o confesso metaforicamente, a tentar passar uma poética ideia de um suposto enamoramento com a cidade como de uma mulher se tratasse. Não. Perdi-me mesmo. Era suposto ter ido para sul, para Sodermalm, e troquei as referências, poucas que tinha. Como não ando de mapa, não sei sueco ( todas as ruas chamam-se qualquer-coisa-gatan ) e não vou perguntar a ninguém o caminho, lá conheci os subúrbios de Estocolmo. O que não é propriamente mau, quando me lembro que qualquer suburbano pode ganhar o mesmo que um primeiro-ministro. Lá como cá, a referência é a água. Se andarmos muito sem ver água, quer dizer que estamos a embrenhar-nos numa ilha infestada de alces, lobos, raposas ou ursos ( perigo real, sim. Por cá, o máximo que apanhamos é uma melga ou uma carraça. ) e é altura de encontrar a costa. Aqui, as ilhas são trinta e quatro milhões, setecentas e cinquenta mil, duzentas e sessenta e uma, por isso só um lorpa é que se deixa perder.
Lá voltei ao caminho certo, rumo a Gamla stan, passando pelo Riksdag. Ainda vi umas lojas na Vasterlanggatan, ao pé da igreja alemã, a Tyska kyrkan. Daí a Sodermalm, é um pulo. Depois de ver as lojas de Slussen, a subir o único declive na cidade, já se vê o Skrapan ao fundo da rua.

Quero agradecer à Wiki o último parágrafo deste post. Sem ela, isto não seria possível de maneira nenhuma.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Live from Stockholm II - o povinho

Em Estocolmo, não há povinho, parece-me. Naquela definição que temos como habitual. É díficil encontrar desvios comportamentais a uma postura cordial própria de um mestre de yoga. Imaginem todos os suecos como um Julio Machado Vaz. São calmos, falam e gesticulam devagar, com aquela voz de cama. Como tal, os condutores não aceleram, não businam. Os deallers não oferecem. Os pedintes não pedem. Os policias não existem. Os punks são asseados. Os queques são muitos. As mulheres são giras. Os cães não ladram. Os semáforos avisam que vão ficar verdes. Não fumam. Os putos não gritam. Não há gatos na rua.
O único consolo que tenho, é saber que eles se matam aos milhares.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Live from Stockholm I - as horas

Acordo com o nascer do sol, às 8. Vejo-o por 2 minutos e ele depois sobe para se cobrir num cobertor de nuvens cinza permanente. Do 21º andar em Sodermalm, vêem-se as pistas de esqui lá ao fundo, em contraste com a planicie escura feita de ciprestes. Os blocos de apartamentos café-com-leite repetem-se. As cores berrantes e originais estão nos topos, já fora de vista, não vão contangiar algum estrangeiro de uma subita alegria de viver.
Passado pouco tempo, anoitece. Às três horas da tarde. As horas seguintes, para uma pessoa como eu, que associa noitinha com o jantar, são de espera. Sim, vou vendo uma cidade espantosa, linda, funcional, calma, parada, mas a minha mente está no jantar. É que desde que me lembro de jantar, até ao jantar em si, vão umas 5, 6 horas. Não admira que eles se suicidem aos milhares.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Impressionante

É reconhecer o Alvim, a 20 metros, de costas, só por causa daquele cabelo. Será que tem a patente?