segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Oscars, a análise fashion do PPC

Pela primeira vez, o PPC acompanhou a noite dos Oscars e fê-lo da melhor forma, com uma proto-estilista convidada. Acompanhar isto com uma mulher trouxe a vantagem da clara objectividade que só uma mulher a olhar para outra mulher consegue ter. Eu provavalmente só conseguiria dizer "olha-me aquela vaca, tão magra" mas assim, foi possível ter algumas palavras mais sábias e imparciais sobre as estrelas.

Ao longo da noite passámos por profundas análises:

Anne Athaway, simultaneamente "muito gira" e "olhos de boga", do vestido nada a apontar a não ser que lhe assentava mal nas mamas. "Viste, vai ficar como a mãe?".

Robert Downey Jr., que "tem estilo" , podia usar o fato dele e simultaneamente " o gajo combinava melhor comigo, foda-se". Também "é lindo".

Nicole Kidman, perfeita mas enjoativa, desilusão enorme, vestida ao estilo de um guardanapo de restaurante indiano. A partir daqui não uso mais aspas, mesmo vocês devem conseguir perceber rapidamente quem diz o quê.

James Franco, que é bem apessoado, mas uma seca.

Tom Hanks, que é um gajo. Sem comentários.

Por esta altura, ainda estava a cerimónia a começar e a analista convidada começa a reclamar por um tal de Bardem.

Kirk Douglas, o regresso da múmia. Coitado do senhor, não há respeito, tirá-lo do suporte de vida... mas, ganda style. Tutank Amon, you're a winner.

Melissa Leo, a minha mãe tem uma toalha de mesa com esse padrão. Bem atribuído.

Justin Timberlake, granda seca de gajo, nhonho, a acompanhante, suburbana, gira e das barracas. Bom decote. Vulgaroide. Vestido cor de urubu.

Penelope Cruz, linda foda-se, tá uma bimba. Vestido, qual vestido?

Javier Bardem, tá sem pescoço. AUUUUuuuuuuuuuuuuuu tá inchadito. Fatos à barco-do-amor.

Helen Mirren. Linda, velha bem conservada. Vestido ok.

Reese Witherspoon, és loura mas para ti abro uma excepção. Curvas porreiras, mas tem cara de professora de fitness misturada de mulher a dias.

E provando que isto da entrega dos Oscars é uma seca inominável, eu vou dormir. Nunca acompanhei uma entrega em directo porque sempre achei isto uma coisa fatela a dar com um pau e ainda não é desta que achei piada. A todos, uma muito boa noite.



sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Felizmente é sexta.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Não sei que diga

Desço a rua das tascas escolho uma ao calhas calhas aqui onde há toalhetes de papel com erros ortográficos e meias doses, levas guardanapos com desenhos a ver se pagam contas, pagas contas com dinheiro pagas contas. Não há tempo para sobremesas fica o café cheio, mas sais à rua a tempo. Sobes a Rua da Alegria passada a praça da mesma graça, passas a editora Minerva que do canto não passa do borda d'água há anos demais, sobes sobes ao Principe Real desces ao Ibis, passas ao largo, atravessas a travessa, contornas o taxi e 'tás lá. Trocas fados por mornas e tomas louras por mulatas.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Agora que já vi o Black Swan

Tenho de rever o meu review do Black Swan, foi parvo julgar um filme sem o ter visto. Nunca seria objectivo e justo, obviamente. Então escrevo assim, teclo bem devagar, mais magistral e certo:
Não é o equivalente ao "Perfume". É qualquer coisa como um mashup do Fight Club com a Candy Candy. E a partir daqui, escusam de ir ler críticas do Público e do Expresso, isto é o mais resumido e sério que podem encontrar.

Não querendo ser parcial, deixo aqui algumas dicas sobre o que podem fazer com 5 euros que queiram gastar:
  • Perdê-los.
  • Pagar a alguém a quem devam 5 euros.
  • Comprar 5 euros de pastilhas.
  • Comprar 5 euros de chumbo.
  • Comprar 5 euros de penas.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Cinebolso, às 19:46


Lá passei ao Cinebolso. Desta vez não tinha ninguém à porta, o que achei estranho. Senti-me sozinho até. Enganei a solidão imaginando-me a jogar ao burro em pé com a menina devassa das menages.

Aproveitar o sol

Lá nos reinos das Valquirias, há uma obsessão com o sol. Aproveita-se todo. Cá, como há tanto, a sua ausência é temida, a sua presença, desprezada. Passo à porta do tasco com o toalhete de papel colado com fita cola na porta: "temos sala  no 1º andar e esplanada". Esplanada. Porreiro. Está sol. Vou comer na rua.
- Boa tarde, a esplanada lá atrás, por favor.
- Esplanada?
- Sim, está aberta?
- ah não é bem uma esplanada... É um quintal, 'tá a ver? 'tá um pouco desarrumado.
- ....
- E além disso está frio...
- Pois, estava a ver se apanhava sol...Boa tarde então.
- Não, ali nem apanha sol.
Pronto, lá fui para uma cave escura comer e fustigar-me por acreditar em coisas escritas num losango de papel.

sábado, fevereiro 19, 2011

Revoluções ao sábado


Passando ao mercado de Arroios, a revolução já começou. As velhinhas, vermelhas de fúria, azuis de farandol, gritam aos talhantes assassinos assassinos comedores de carne onde já se viu comerem o tó e a galinha balbina animais são os senhores animais assassinos a comer carne - gritaria pegada, paro passo e penso como finalmente funcionaram aqueles stencils vegan a denunciar o holocausto semanal que nas barbas de todos os inconscientes se repete - os animais são nossos amigos não se come os nosso amigos gritam foda-se para as velhas, não aguento este ritmo e tanto ódio nos olhos, o mundo não está mesmo preparado para ser vegan. Passo ao largo.
Da rua bipolar sigo até ao cemitério do alto de São João. Passo pela velhinhas de Sentinela na mão. Olhares desconfiados.
Como num café na Senhora do Monte. Não digo o nome porque não quero promover um sítio onde regresso para ter o melhor gosto em ser mal atendido. Demoram tanto a atender, mas são tão simpáticas e atarantadas que não há forma de reclamar. Aquela troca os pedidos todos, mas as meias de rede ficam-lhe bem. Nada a fazer.
Depois de uma pausa, mais um bocado em passo acelerado e entro na Feira da Ladra, que a esta hora já não é tipica nem tem turistas. Resta só um grande quadrado de gente lá mais para baixo, mais velhos, mais homogéneos: os que vendem para ter o mínimo dos mínimos. É tudo roubado. Coisas de supermercado. Tudo menos o que rapaz dos óculos fundo de garrafa me pede para comprar, isso notava-se que era dele. Pediu-me para comprar tralha, coisas de casa, dele.
Cruzo-me com mais um par de revista Sentinela na mão. Nada novamente. Deixei de ter salvação parece-me ora porra agora que até me dava gosto dizer uma barbaridade qualquer, género sou médium sou enviado de belzebu pratiquei fornicação mas só por motivos rituais atenção, qualquer coisa.
Desço ao Museu do Fado. Passo a fonte bizarra. Paro um bocado em frente a um portão que me diz coisas familiares, de tempos passados. Tiro-lhe um retrato, como retribuição.
Sigo em direcção à Casa dos Bicos, ultrapassando o velhote bêbado que mal se aguenta de pé. Sigo para o Rossio e apanho os manifestantes que tinha visto juntarem-se lá mais atrás, na Voz do Operário. Estes só para serem chatos ou porque precisam do dinheiro, fazem a manifestação ao sábado. Tanta polícia. Tanta. Junto-me aos perigosos agitadores e sigo com eles a rua a que agora cortam o transito e sigo para casa. Tanta polícia, devem estar à espera das velhotas vegan.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Abençoada

O Sergio Godinho escreveu sobre uma terça feira feira da Ladra, abria às 5 da madrugada. Devia ter escrito também sobre uma sexta, dia bem mais importante mas menos poético, em especial dos que fecham às 5 da madrugada.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Do metro

Do metro, tomem como certo:
A primeira carruagem é a melhor e a mais rápida, os bancos virados para a frente têm melhor Feng Shui e sentarem-se no meio dos bancos corridos faz-vos parte importante de uma capicua. o PPC recomenda: Usem o metro.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

A subir a rua, passei olhei vi

Entrei. No Cinebolso. A coragem diluiu-se nas paredes forradas de meninas gulosas e saí em 30 segundos. O facto de ser o único na zona a locomover-se nas duas patas traseiras dava-me uma desvantagem clara na fuga, mas consegui sair com sucesso.
Esta semana, o filme é:

"Turistas engatatonas", pensei, deve ser um documentário. Deve tratar daquelas devassas que vejo no Castelo de são Jorge, na Feira da Ladra, no Museu dos Coches, de máquina fotográfica, badalhocas com aqueles kispos a provocar, sempre com mochilas o que não levam nas mochilas as porcas.

Parabéns Pipi!



A Pipi ganhou o passatempo! Não que o post esteja brilhante, tem uns laivos literários com alguma expressão, por vezes tocam a genialidade, comparam-se a Eliot, afundam Espinosa, rebentam Margarida Rebelo Pinto, no fim espreme-se e dir-se-á "xi, qualquer dia ainda fazem um livro com isso.". Prezado confessa que foi alvo de uma tentativa de pressão por parte de uma blogger conhecida para lhe atribuir o prémio, mas como esta é uma mulher séria, não tinha nada para o convencer a que tal acontecesse. Sendo assim e sem mais, vem cá buscar o selo.
Diz lá se não é grande?

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Dia das ex-namoradas

A Madalena, ébria. Ah, saudade.



A madalena, sóbrio.

Madalena foi brutalmente roubada do E Deus criou...

Para fechar o dia, uma oferta

Prezado oferece a cada blogger que apresente post subordinado ao tema "estou deprimida, vou ficar no sofá a encher o cu de bolachas porque hoje estou sozinha": um certificado de mal-fodida assinado pelo Paulo Bento e pelo Manuel Luis Goucha. Apressem-se que tenho poucos, é difícil apanhar o Paulo Bento. O Goucha deixa-se sempre apanhar.

Isto é simples

Funciona assim: há muitos muitos anos havia uma tradição anglo-saxonica ligada a um culto pagão, associada ao sol ou aos pássaros ou à primavera, metendo barbudos de camisa de noite branca à volta de pilas de pedra, um cenário a puxar o raccord à reprodução e ao recomeço de ciclos. Basicamente: foder.
Entretanto, veio o cão, e o gato teve de se esconder. A igreja tomou conta da produção e aproveitou a data e meteu lá um beato qualquer, santificando a coisa e tirando a parte forniquenta da questão ( pelo menos à descarada ). Finalmente, veio o coelhinho não não veio o palhaço e o pai natal, o capitalismo americano, o grande Satã pois e todo o circo e criaram este dia maravilhoso com todo o género de promoções pague-um-leve-dois desde telemóveis chouriças de sangue lingerie chocolates scotch brites spas perfumes ui perfumes tantos cinemas e todo o tipo de tretas que são igualmente promovidas noutras datas igualmente significativas ( halloween, dia da mãe, do pai, da criança, campeonatos da bola, rock's in rio's etc etc ) que são consumidas industrialmente esquecendo momentaneamente que o único propósito delas é fazer dinheiro. Conclusão? Rais parta a publicidade. Tan tan tan tan tan tantum!

domingo, fevereiro 13, 2011

O regresso dos mortos vivos

Os telejornais hoje abrem com a notícia de mais um velho encontrado morto em casa tempos depois de ter morrido. Pergunto-me se a ideia é lançar o medo de uma epidemia de pessoas encontradas mortas ao fim de algum tempo. Não estou a dizer que seja assim um valentão, mas pessoas mortas dentro de apartamentos não me assustam. Venham elas.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Aqui no trabalho III

Tenho um co-trabalhador, que depois de ganha a devida confiança, passou a enviar-me fotos-malandras de senhoras distraídas a sair do banho só pode estão nuas e visivelmente encaloradas tudo cor de rosa choc a brilhar rosinha mas o cabrão não sabe meter no subject "NSFW" depois do titulo que me faz lembrar as cassetes de tangos e passodobles do meu avô.

Aqui no trabalho II

Temos consolas de jogos, como em todas as agências em que trabalhei. Mas como em todas, raramente lhes toco, porque numa agência trabalha-se. Num escritório normal, o equivalente a uma consola serão posters na parede. Só servem para dar ambiente.

Aqui no trabalho I

O gajo que está 3 mesas atrás meteu na cabeça que a música que mete é do melhor. Mas na realidade, está entre musica para bodycombat e carrinhos de choque. Na sala ninguém grama aquilo, mas aguenta, na esperança que ele desligue um pouco e alguém meta algo que use notas musicais na composição.

Black Swan

O Black Swan está para os filmes como o Perfume está para os livros.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Sobre católicos

Prezado é blogger há 5 anos, tem comichão no couro cabeludo e gosta de dizer coisas.
Quer espantar todos os leitores do blog excluindo-os por partes.
Esta semana: Católicos.


Devem ter visto na secção de notícias idiotas de um jornal online qualquer ou na televisão generalista alguma informação sobre esta App para iPhone, a Confissão.
Ora...
O Prezado esteve a fazer beta-testing da app. Não, não tem lá nada de nada sobre fazer confissões online. não tem um send para o senhor padre com um forward para deus, nem tem bcc para o papa. Não tem rede social para comparação de pecados, não tem likes para os mais arrependidos, não tem partilha de salmos, não tem opção para descarregar novas penitências. Não tem estatísticas de pecados. Nada. Porque se ela fosse assim, foda-se, eu pagava para a ter.

É apenas uma lista de pecadilhos possíveis, para consulta, para sabermos se estamos no caminho certo.
Partindo dos 10 mandamentos, aquilo ramifica-se, complexifica, questiona tudo e mete-me a pensar Jesus se eu pensasse nisto como pecado cada vez que acontece estava fodido não fazia mais nada na vida e provavelmente não dormia à noite sem me confessar ah espera é esse o objectivo fazer-me sentir mal com coisas que toda a gente sente mas que não confessa ... pois confessa pois o objectivo é confessar coisas que são normais e vulgares até aquelas indesejadas também, depois de as associar a culpa.
Ó assim não vale, bolas. Então se são coisas que toda a gente sente todos os dias, os desgraçados dos católicos cada vez que olham para a dona Isabel da padaria já estão a incorrer em erro. A lista, meus caros, faz-me temer pela humanidade. E é pela extensão de bizarrias que lá encontro que agradeço a deus haver religiões, senão esta gente pecava ainda mais. Deixo aqui algumas questões que devemos perguntar-nos diariamente, que podem encontrar na app.
Espero que os criadores da app sejam mais misericordiosos comigo que deus, que esse nunca me castigou por violar copyrights, o distraído.

"Alguma vez pratiquei alguma superstição?" signos? não podem.
"Alguma vez fiz piada de Deus, de Nossa Senhora, dos Santos, da Igreja?" Jesus, tou lixado.
"Alguma vez troquei beijos prolongados ou apaixonados?" deus não grama dessas cenas, ouviste Beatriz?
"Alguma vez pequei contra a castidade sozinho?" isso tem um nome.
"Alguma vez deixei de controlar a minha imaginação?" Esta nem consigo rir.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Rogo clemência

Pois que quero fazer traçar uma linha aqui no chão do tasco e dizer, pra lá do Marão mandam os que têm a Admin e o tipo que tem a Admin ( Prezado ) deixa-vos a caixa de comentários aberta e a jeito de ser esfodaçada a torto e a direito por trolls, macacos e ogres só porque acredita que deus nos deu o livre arbítrio apenas a pensar nas caixas de comentários e que fazem vós com o maior privilégio que deus vos deu? desbaratam-no.
Expliquem-me lá: Por que razão escrevo eu uma verdadeira ode, uma coisa escultórica, helénica, talhada no mais alvo - depois eram coloridas e muito, a lembrar festas e carne - mármore, arrancada a escopro do fundo de uma montanha, a custo, a sangue, meu sangue, e que fazem vocês? zero comentários. Nicles. Pérolas, perdidas. Na cidade.
É o caralho meus senhores é o caralho.
E zoofiliacamente perversos, o que fazem com os restantes posts, os de chacha - raros muito raros - presentes que o Prezado apresenta e que tanto vos aprazem? Comentam alarde e à fartazana, olha lá este pandego ah eu também gosto de carapaus de escabeche ah eu também vivo eu Lesboa ah eu também respiro quando me lembro ah este prezado mata-me bardamerda deste gajo detesto este o gajo tem a ideia que tem piada palhaço de merda não posso com mentecaptos e eu aqui muito bem na Admin a ver os comentários a passar género Dolly Parton, todos a jeito e nada. Espero pacientemente Esse comentário que não chega. Desespero.
Sim, o blog mudou ligeiramente. Considerem-no um trocar de meias sem tomar banho, não chega para re-design. E francamente, isso do design já cheira mal.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Ah foi greve?

Olha raio não é que os preguiçosos dos comunas do metro fizeram greve esses palhaços não querem fazer nada devem pensar que são espertos a coçar os tomates e a querer ganhar mais passam o tempo a beber café, sentadinhos no quente e depois querem aumentos... Chulecos e eu que quero ir trabalhar tenho de ir a pé, na calma, que ainda estou meio a dormir, e a demorar uma meia hora a apanhar sol ah sol tão bom a andar a pé e a contar os andares dos prédios enquanto, mãos nos bolsos, canto o Stevie blame it on the sun, that didn't fill the sky, I'll blame it on the birds and a senhora do café olha-me e fica nadela "olha-me este a falar sozinho..." - não pá, tou a cantar, não sou maluco - e os chulos do metro que não querem trabalhar e eu a pé, a curtir as vistas, a ver os prémios Valmor avenida abaixo, e já depois das Picoas, a passar ao viaduto sobre a Rua de S. Sebastião da Pedreira, ver a rua a estender-se e lá em baixo o sushi já ia ao sushi bolas, desejos, lá troco de música depois de atravessar a rotunda cabrões dos comunas, nem os túneis deixam abertos tenho de arriscar atravessar a rotunda, agora tento esta, esta não, os headphones ficaram em casa da mãe no almoço de domingo e não me lembro de todas as letras grunho memória de peixinho que lá chego ao trabalho cheio de calor do passeio, chego atrasado por causa desses comunas preguiçosos deviam ir trabalhar para ver o que era bom prátoce.

Retornado

Regressado a casa depois de palmilhar a cidade em que poeticamente se perde, resta agora a profundidade artística da roupa por estender, tarefa essa que, com o adiantado da hora, a rapidez, esmero e graciosidade empregue, se assemelha a atirar milho aos pombos. Caguei.

sábado, fevereiro 05, 2011

Deslarguem-me

Fui cortar o cabelo. Como é hábito, fui a um cabeleiro ( barbearias é demasiado arriscado para mim, dado não ter a noção mínima de como está o campeonato. Só sei que o Porto levou na pá um dia destes ). Entrei num daqueles salões do centro de Lisboa, pessoal com todos os dentes da frente, mais piercings que eu, mais tatuagens que a Ana Malhoa.
Como é habitual, lá se vai lavar a cabeça antes do corte, e novamente lá vem um gajo lavar-me a cabeça e mete-se com as putas das massagens - isto é algo que já devem ter reparado ou que podem confirmar com toda a gente que vá a um cabeleiro a armar ao pingarelho - ao couro cabeludo e fico sempre com esta certeza infeliz:

Porra nunca uma mulher me agarrou a cabeça assim na vida, foda-se. Não devia não devia gostar assim de ter um gajo a esfregar-me a nuca, mas estes gajos sabem, porra.

Está provado pandemicamente que ficamos apreensivos com isto, em conversas de café confessamos entredentes que gostámos, abertamente nunca mas partilham ah porra a minha mulher não me faz massagens assim mas o Caló tem umas mãos de fada não vejo a hora de ter outra vez o cabelo com meio centímetro a mais.

Na vida real


Cidade abaixo, fui à Feira da Ladra. Por travessas fui aproveitando o sol, a pé. A feira estava cheia. Muito cheia. Cada vez mais gente diferente, mais turistas, mais novos. Mais compras.
Ouço as conversas do costume. O pessoal estranho à feira afronta os vendedores. Ir para ali bem vestido e regatear não se faz. É como regatear um preço com notas de 50 nas mãos.
- esta camisa tem um buraco.
- Quer novo? isto não é um centro comercial. Quer novo, vá lá.
Tudo Tudo se vende na feira. E se digo que se vende, não é porque alguém estendeu algo num pano no chão e espere comer alguém por otário ( quem comprar uma aparelhagem sem a ligar à corrente, não é otário, é um amante de retro e de bricolage ). Vende-se mais imprestável, partida ou datada peça. É porque há comprador para tudo. Tudo, insisto.
Senão o Sérgio não traria o retrato do miúdo, que filho da mãe de míudo, achou que o spray do irmão mais velho que é da torcida verde o faria mais bonito. Está à venda.
Na banca ao lado, vendem molduras. A dona da casa morreu, por isso não se há-de importar que lhe vendam as molduras muitas, todas com retratos seus. Não os alinharam em ordem cronológica porque não a olharam nos olhos, mas a cada um podiam somar-se 10 anos de vida. Preto e branco, preto e branco, kodachrome.
O cigano mais novo gozava com a pronúncia dos ciganos mais velhos. O cabo-verdiano comprava roupa para a mulher. Os freaks da rasta compravam bolsas amarelas de cintura. O pessoal que não tem net sim ainda existem e são muitos muitos, compra dvd's piratas e cassetes VHS antigas com porno. Sim, gasta-se dinheiro em porno antigo. A mulher continua e continuará a ser peluda, os 80's não passaram. Modernices, talvez um dia mais tarde.
Os camones, de máquina fotográfica à antiga, tiram fotos à quinquilharia mais bizarra e comentam sobre quem poderia comprar tal coisa.
As menina coquetes entram nas duas únicas lojas que vêem, as dos crafts maricas. A tias, nos antiquários do mercado. Na zona mais baixa da feira, a mais pobre - sim dentro da pobreza há castas - vendem-se produtos de super-mercado. Tipo pasta de dentes. Champô. Sabonete. Preservativos de marcas obscuras. Sim, há quem os compre. Mais cima, também ao sol, borracha ainda mais seca, barbatanas às dezenas, fatos de mergulhador, botijas. Pauzinhos dos Epás. Dragonas. Lingerie. Muita.
Vendem-se serviços de chá.
- Quanto é isto?
- é 30. - à careta da mulher, a vendedora emenda - é 30, olhe que isso é porcelana.
- não sei...
- É porcelana, não é ... - e fica por dizer que material de segunda seria esse.
Para os vendedores, os materiais na feira da ladra são sempre nobres, sim. Todos os faqueiros são inox, tudo o que é travessa é casquinha, tudo o que é casquinha é prata, tudo o que é louça é porcelana. Todos os pratos são Cavalinho, tudo o que é Cavalinho é bom. Se for muito-antigo, melhor. O importante é encontrar o preço que faça alguém querer tudo o que já não queremos connosco. E há sempre quem queira.

Que encobrisses a maldade



O Camané é a banda sonora para a rua até à Feira da Ladra. Atentai na letra.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

E ao sexto dia ( que é o quinto ) .

Ele não descansou. Antes pelo contrário. Provando ao patronato que isso do cansaço é relativo, Prezado e outras centenas, mesmo milhares de assalariados, bloggers, profissionais liberais, escravos do eufemismo e outros da mesma lavra, rumam mais logo em direcção ao Bairro, às docas - mas isso é só queques - , ao Cais do Sodré, ao Rato, à Graça, o Castelo, à Ribeira, a Santos, a Belém, ao Saldanha, à Baixa, a Alfama, a Santa Apolónia, à Expo, a Alcantara, unidos numa única causa.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

A espessura interessa

Experiência prática: Peguem em pão sem côdea de pacote ( daquela marca "labrego", por exemplo ) , várias fatias, 3, 4, e tentem fazer uma tosta mista. Queijo, fiambre, afins.
Já está? O que estão a ver neste momento é um transmutador molecular a funcionar. Esperem 3 minutos. Abram e perguntem-me com cara de espanto "ó Prezado onde foi parar o pão, que só ficou aqui uma massa quente com meio dedo de espessura?". Pois não sei. Teoria das cordas? universo paralelo? Fada dos dentes? A ciência pasma.

Sociologia de supermercado

Viver no centro de Lisboa é ter de optar por mini-mercados com campanhas más. Sendo que as campanhas na tv não me convencem de nada, já que são más que doi - tanto a do supermercado do jingle-nuclear e a do supermercado das animações no-budget - resta-me o empirismo.
No super que diz venha-cá 30 vezes, as regras do marketings estão aplicadas: os legumes mais sensaborões estão à altura dos olhos, os prazos de validade prestes a esgotar têm datas mais antigas, os produtos de primeira necessidade estão no corredor de quem entra. Gosto. Porreiro. Mas, os empregados não sorriem, não dizem venha-cá, a comida a peso não tem aquele ar de postal suiço perfeito, parece ter sido passada debaixo - Ó Lambert - de uma escarificadora.
O outro super, os dos preços piriri, piriri, piriri, respeita menos regras, é mais pequeno, a Gestalt não passou por ali, porventura a esfregona também não e tenho alguma dificuldade com rótulos em castelhano. Nunca gostei de comer viernes dali, o bacon às tirinhas a 1.99 é o ponto alto da charcutaria, não gramo das punhetas do bacalhau de lá, que nunca lhe dei confiança nem sinal que curto disso palhaço larga. O pão é do cacete mas duro e os legumes mais manhosos estão dentro das caixas. dica: não liguem aos do chão ( parecem em conta, mas no fim não rende ) .
Um dia destes debruço-me sobre mercearias de bairro.