O que é que esta quer?

Com a idade o tempo espalha-se ao comprido: ontem uma amiga ligou-me, não me ligava há uns 5 anos, estranhei, lembrou-se que tinha emprestado um livro a um amigo comum de há 7 anos de que não tinha o número, eu dei-lho, disse-lhe que já não lhe ligava também há uns 3 anos, ela ligou-lhe e o número não estava atribuído. Temo que nunca mais volte, o livro.

no time Toulouse

A esta hora de Domingo

Assim sendo a melhor cena do fim de semana foi quando em vez de beber a água das pedras, a usou para limpar o vomitado das botas fashion. Mulheres.

Arroios

Pássaro sob observação, foto sobre blog, 2012

Antes de almoçar fui curar a ressaca a andar a pé, cada 10 passos eliminam um copo de vinho. Por isso chegou ir até ali abaixo e passar à URSS-town de Arroios. Para baixo da Embaixada da Russia, ao pé do Largo do Leão, passo pelos бюро de tradução, pelo mini-mercado russo, pela sex-shop que não é russa mas que é em frente à igreja ucraniana, no convento ( e hospital ) de Arroios que vai caindo aos poucos.

nunc est bibendum

A igreja é a única parte que vai resistindo. Deve ser milagre.
À procura do nome da igreja encontrei esta foto da rua por volta de 1890, que hoje é um bocado mais larga com menos carroças e freiras.

Hoje apetece-me

Tirei o dia para odiar o mundo, depois de ter uma broca de dentista a esfuracar-me meia hora depois de acordar, e ainda a dormir, meio grogue, metem mais uma anestesia em cima e dizem-me para não comer nada durante uma hora ou duas e eu sem pequeno-almoço. Quando vejo as notícias e falam de duas velhinhas que morreram sozinhas na companhia uma da outra - a contradição fez-me doer o dente ainda mais - e vão perguntar a opinião dos vizinhos, fico ali a ouvir o chorrilho do costume: a proximidade que não existe as pessoas que são desumanas os vizinhos não falam como dantes e eu a pensar "no Lambert só ao fim de um ano, durante um debate um bocado acalorado, é que tive um vizinho a bater-me à porta*" e nisto reparo que bairro era pois, era no Bairro Alto, bairro típico à moda antiga pessoas de outros tempos outros valores afinal as velhinhas bardamerda doi-me o dente e não são melhores que o pessoal do Lambert, cabrões.

*Pensava que era uma discussão doméstica, mas não. Era um debate depois de uma partida de Party&Co, jogo brutalmente estúpido que era habitualmente jogado com toda a gente a dar cabo das regras o tempo todo.

Galeto

alegoria

Esgotado o pensamento limpo em casa, fui lavá-lo com a mixordia previsivelmente existencialista do Galeto. Algumas personagens depois, de dicotomia à vista, o bêbado doutor a puta fina, o agarrado e o segurança, a mãe e o bebé encafuado numa bola de cobertores já tirei umas notas, já bebi a bica, já atendi o telefone, já apanhei frio, já contei os trocos que empilho sempre em ordem de valor nominal é hora de voltar à mesa.

Já venho que estou a pensar no jantar há duas horas.

Domingo é dia santo

revelação no largo do Camões, a 3ª nesse dia

deus visitou-me, não ditou nada que valesse a pena anotar, disse que nunca ditou nada para anotarmos aliás quem o tentou por no papel deixou sempre as coisas meio truncadas como quando vamos a uma livraria perguntar por um livro que sabemos muito bem qual é, sabemos o autor a capa a editora mas quando abrimos a boca sai tudo trocado, só o som é que é parecido e a moça da loja na sua bonomia quase divina ignora o erro e aponta-nos o livro certo, assim é deus connosco. Ele disse-me para ir apanhar sol, mas não muito. Assim seja.

Não custa nada

As cerdas são picas e rijam

O PPC abriu uma conta para donativos e apela a que todos juntos ajudemos Cavaco Silva a pintar a cara de preto.

Progresso

Jeune homme triste dans un train, Duchamp

Transportes públicos, esse luxo. O que é bom é andar de carro em Lisboa. Estimula a economia.

Arte na rua

Na Rua de São José

Amanhã há mais.

É na boinha, tudo uma questão de hábito.

Modelo 23B template de comunicação social - guião para 2012, directivas comunitárias ( enquanto dura ).
1. Inserir a palavra "crise" não importa o tema.
2. Tratar os temas glorificando a simplicidade e os valores de outros-tempos-mas-sem-dar-a-entender-que-são-AQUELES-tempos.
3. Inserir a palavra "crise".
4. Nas entrevistas de rua:

• Perguntar de forma condicionada. Exemplo "A troika cortou mais uma vez nos direitos dos trabalhadores. Era uma medida inevitável, como sabemos. O que acha disto?"
• Mostrar aleatoriamente a opinião de 6 pessoas: 4 ou mais dirão "tá mal mas o que é que se pode fazer? é assim.", as restantes podem dizer "eu até acho que deviam cortar mais, há aí muita gente que em vez de refilar trabalhasse mais e isto ficava melhor."

5. Mostrar pessoas simples e acomodadas a serem felizes no seu estilo de vida.
Bem-vindos a 2012 e aos anos seguintes.

Uma ajuda, já agora: Que construção é esta?

descasca lá esta

Depois de ter passado por Alcântara e ter passado aqui pela Rua Luis de Camões, ando a martelar o impossível site do IPPAR ( tenho um preconceito tecnológico com os sites portugueses que se confirma cada vez que quero fazer uma busca: nunca funcionam. * ) à procura da história e uso deste coiso. Sempre que lá passo fico a pensar. Quem é que me ajuda nisto? Planta octogonal, 4 arcos, por baixo sei dizer que era uma camisaria, mas tenho algumas dúvidas que seja da mesma altura, é cá um feeling que tenho. Um forno? Um poço?

* Depois de várias buscas sem um único resultado, procuro "Aqueduto + concelho Lisboa" para confirmar se o problema é meu e o resultado é ... Zero. Ok, não dá para ser mais contra-intuitivo que isto.

Beira rio

E para amanhã, o céu prevê-se.

eh é tão engraçado parece mesmo que ah só pode ser engenheiro

Ali por Alcântara desviei-me do caminho do costume, pela Junqueira, e fui por uma rua sem trânsito que graças ao hábito lisboeta de não se andar mais de cinquenta metros sem carro, é mais um  canto que junto à minha lista mental de oásis de cidade, um conceito próximo ao do condomínio fechado mas para tesos - encontro troços de ruas que funcionam como aldeias dentro da cidade que, à custa de um sentido proibido ficam fora de vista ou no caso de mão e são um descanso para viver.
Tivesse uma ali uma linha casa-café-trabalho-copos e aí sim andava de bicicleta o tempo todo.

Ética e valores

Dado um D.J. set alternativo de rock de 60's e 70's e afins ( Led Zeppelin, Black Sabath, Who, Cramps ) e uma inesperada clientela sedenta de kuduro kizomba e funaná, o debate estendeu-se uma boa parte da noite tendo sempre em vista dois pontos fulcrais: o D.J. não tinha realmente trazido nenhuma música deste género, o D.J. não podia dizer "isso é mesmo música de pretos, porra. Marvin Gaye não gostam, não é?".
Conheci a Lena que bem me tentou evangelizar contrapus-lhe o Marvin Gaye o Stevie os four tops, os commodores as supremes e tal mas isso sou eu a ser racista, africanos não têm de gostar de música de pretos lá percebi.

Baixa

exemplo de tangente

Desce-se do Chiado e sobe-se a Rua da Conceição, esbarra-se na sede da cgtp não há muita sede de cgtp são comunas lagarto lagarto fascistas encapotados, de ricochete passa-se às belas artes, ali a meio da rampa há um antiquário com peças bizarras.

Intervalo

Neo-realismo

Um sinal dos tempos que me preocupa muito - hoje sonhei que tinha dado uma bolada num político e ele caía numa poça de lama negra, este clima não está mesmo bom ou eu estou demasiado atento à política - é ligar a televisão e ver que os programas mais realistas são os anúncios dos supermercados, a avisar um ano complicado mas ultrapassável, num tom calmo mas confiante, contra a maré dos políticos e dos empresários que teimam em falar sobre um universo paralelo e distante. Quando a publicidade começa a soar como um senhor ponderado e sábio, é mau sinal.

Andar de óculos ainda vai

Design de informação, editora BlauerRaitér, 2012

Os Lisboetas cansam-me. Têm uma cidade altamente para passear, cheia de colinas para descer ao sol e insistem em tentar implantar cá modas de capitais menores, planas, sem interesse. Bicicletas londrinas, flashmobs nova-iorquinos, triciclos barcelonenses, sapatos parisienses. Tudo coisas que nunca vão dar jeito para exibir a subir o Chiado, felizmente. Andem a pé que faz bem, porra.

Feira da Ladra

Nabucodonosor, suspenso

Piercing genital, cuidados e riscos

Enganei-me no caminho por força do hábito ganho nos passeios a pé durante o Natal. Mas assim passei ao largo do Paço da Rainha, ao pé do Campo dos Mártires da Pátria, descobri mais um pátio, passei ao observatório em frente ao palácio e desci em direcção à igreja dos Anjos que da ultima vez que lá entrei ainda devia estar a dormir para não reparar que a igreja é nova mas o interior é talha dourada de outra igreja - a igreja é que foi feita à medida da talha - lá subo para a Feira da Ladra, o pequeno almoço pautado pela descoberta de que o prato de onde comi deve ter sido tratado como o que vi à minha frente, passaram-lhe a mão pelo pelo assopraram e ficou lavado, o senhor do penalti de moscatel não viu mas vi eu foda-se. Feira cada vez mais cheia, ainda pensei em comprar um contador Geiger mas não vale a pena, não conto ir ao Japão tão cedo.

A conspiração

Inverno Portugal e a Maçonaria

Wikileaks revela telegramas trocados entre entidades estatais e Maçonaria desde o governo de Santana Lopes até ao actual revelando programa secreto de controlo do sol, preço da imperial, acesso a esplanadas e cartelização do preço do tremoço de forma a criar ilusão de qualidade de vida em Portugal, inibindo a emigração.

Daqui de cima

Da janela de trás apanho de chapa três planos, um em reboco com 3 fendas onde vejo a mesa de café dos vizinhos do prédio ao lado. Só sei que são dois, têm cinzeiro e comandos de televisão. Depois tenho um plano de prédios mal composto, foi mal calculado, está obliquo em relação ao anterior e é feito de fachadas novas e velhas mas as velhas são barulhentas mais a porra dos cães e os azulejos anos setenta, uma merda. Depois o ultimo plano mais ao fundo cobre o espaço que falta, mete céu por cima dos outros depois que estão mal recortados por causa das antenas e dos pombos sempre a mexerem-se, fica preso no Cristo Rei e aí é o eixo do plano. Se dissesse que a bissectriz é o Tejo, merecia levar com uma pera nos queixos.

Faça uma pausa

Quando as pessoas param um pouco, olham para um problema, pensam 2 segundos e depois chegam à solução sozinhas e dizem "afinal já não preciso da tua ajuda" fico triste, afinal não sou mais esperto que todos.

Santos

Mexeu-se foda-se merda para o enquadramento valha-me deus

Fui a Santos, dia de verão, a pé Lisboa paralelo ao rio desde o Cais do Sodré, de caminho achei por bem visitar a igreja que deu nome à freguesia depois de um incauto colocar um santo a mais no Altar. Já ocupado por um outro santo que dava à zona o seu santo nome, santo, diz-se que por ordem do Primaz da altura homem sábio de letras e temente a deus aritmético nas alturas mas também em comprimento terá por bem dos fiéis e pela certeza do que é certo e belo aos homens denominado assim a freguesia de Santos, respeitando o plural óbvio da sua existência dentro desta igreja. Ulteriormente, no ano de uma década do século XVK um outro santo foi trazido por outro incauto somando-se aos já existentes e obrigado que foi a renomear a freguesia por tal feito, escolheu que se voltasse a chamar dos Santos. Já a fotografia acima ilustra a não menos nobre capela de um largo nada nobre até bem xunga uma merda sempre cheio de bebâdos, o largo de São Paulo, ali próximo do Cais do Sodré.

Novo visual no estaminé

Por enquanto ainda é de borla pedir ao alter ego que desenhe um header novo. O header de 2012 para o PPC acompanha as previsões para o ano, com nuvens incertas, barcos que regressam de más pescarias, carros com cidadãos pagadores de impostos em fuga ou em desespero atirando-se ao rio. É no fundo um retrato pós modernista de uma sociedade neo-liberalizada um capitalismo falhado a falência do estado a dor dos emigrantes sem abrigos globais a natureza violada a corrupção galopante é tanta coisa que nem sei como é que meto isto aqui de borla para toda a gente ver.

O capitalismo

- Não deixes sair a gata.
- Por mim nunca saía...
- Como ela sai e roi a planta da vizinha da frente, aquela gaja meteu uma planta venenosa, ela quer matar a gata.
- eh, a vizinha quer matar a gata? achas que a vizinha foi à wiki procurar plantas-que-matam-gatos e pôs lá uma de propósito? Ela não tem wiki.
- Vai lá ver. Aquelas são venenosas para os gatos.
- Ah, aquela. Mas aquilo não é hábito toda a gente ter no Natal? Não é uma flor-do-natal? Não sei o nome. Acho que a vizinha tem mais que fazer...
- É para matar a gata.