quinta-feira, abril 12, 2012
Não levei a máquina
Vi algures que é importante ler de trás para a frente, especialmente quadros, a vista preguiçosa engana-se a ler sempre na mesma direcção. Troquei-lhe as voltas hoje e ao contrário do que é hábito, subi a Almirante Reis até casa. De trás para a frente, vejo outras coisas. As ruínas no Desterro, a praça nova do Socorro, a pensão com janelas bizarras atrás da sede de um partido ali, de palmeira à porta, a China-Town em miniatura que ali se compõe. Ainda estive a tentar decifrar embalagens nas lojas em que parei, para desistir sem comprar nada, continuei a casa de tabaco que fechou, a das palmeiras de pedra é agora um AliBaba, os turcos atropelam-se, entro no Rigueirão dos Anjos, um grupo já de meia idade ou se calhar mais novos, que a rua ajuda a envelhecer, a fazer uma broca, passo as traseira da sopa dos pobres, as portas dos prédios aqui são couraçados ferrugentos uns a seguir aos outros, desemboco na Rua de Arroios, As lojas de móveis mais acima fecharam, o Look Obama continuava aberto, a oficina dos taxistas continua cheia. Depois do túnel, no meio da praça em frente à igreja, a família do costume, vive com tudo o que tem dentro de malas e caixotes, lavaram a roupa que está a secar nos arcos de metal dos canteiros do jardim. Outra loja que fechou e mais outra, até casa contei umas 8 ou 9, os tesos estão claramente nas encolhas.
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2 comentários:
já morei nessa rua, ao lado do bar de putas.
boa posta, Prezado.
fiquei abesbílica com o talho turco e com os "jantares às escuras"... encontro sempre algo novo quando vou à Almirante Reis. da última vez entrei numa loja que tinha uns colares de missangas e búzios muito vistosos. o dono, uma espécie de curandeiro, dava conselhos e sugeria mezinhas a uma cliente...
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