Eu percebo. Quando me falam em programação, finanças, ou matemática no geral, o meu cérebro também bloqueia. Mas, faço um esforço para que não aconteça. Tento perceber.
Porque é que perceber que uma página A3 vertical passar a ser um A4 horizontal não pode ter a mesma quantidade de texto e não vai ter o mesmo aspecto é tão complexo? Depois, porque é que não podem confiar na palavra de quem já o tentou fazer antes?
Quando têm 20 minis para 16 pessoas não percebem logo que não vai dar?
Mais complicado é explicar que uma página A3 tem um ar-mais-sofisticado-mais-clean-e-mais-highbrow e que o maior-uso-de-white-space-que-ela-permite é que dá origem a essa sensação. Não, não. Depois o comentário óbvio é "gostava mais da versão A3. Porque é que mudaste tudo?". Eu avisei eu avisei deus eu avisei.
Cérebros diferentes. Um Director criativo que me peça o mesmo, sei que tem noção* que me está a dizer "caga nisso, Prezado. O cliente quer é uma peça pequena e barata. Podes cortar no texto que isso funciona na mesma". Mas um cliente, em Portugal, é muito provavelmente um descendente de um taberneiro bem sucedido. Alguém cujo avô tinha um armazém de bacalhau e pipas de vinho. E o modus-operandi respectivo, apesar da passagem do milénio, da internet e do telemóvel, mantém-se inalterado.
Os taberneiros - um professor chamava-os de salsicheiros e eu nao altura não sabia bem porquê - continuam a achar que como no vinho, posso meter água e martelar o layout. Mas para isso é que servem os portfolios.
Um tipo abre o jogo e ainda assim, tem de responder a "desafios". Merda, quando vão ao médico também desafiam o gajo a descobrir se têm hemorroidas ou cataratas? Não. Dizem qual é o problema e esperam uma solução. E os médicos, que sabem que ninguém sabe o que é um externocleidomastoideu, fazem como os designers: traduzem para linguagem corrente, ou fazem analogias com carros, e um gajo sabe logo do que falam, dá-lhes a chave do capot e deixa-os trabalhar.
Infelizmente um designer entrega trabalho que está à vista. Não é nada de complicado, olhar. Qualquer pessoa olha. Já saber por que se olhou de certa maneira, isso só alguns sabem dizer porquê.
* nem todos, Vide "Burros".
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