quinta-feira, outubro 30, 2008

Jantar a meio da semana, versão telegráfica

Jantar ao pé do Bairro. Amigos e amigos de amigos à mesa. Depois de um dia de trabalho já animado, estava à espera de comer e beber um copo para acalmar. Tinto a ajudar, contam-se histórias ao despique. Alguns risos. Uma piada macabra para abrir, muita conversa parva, como sempre.

A meio, o mais caladinho à mesa, magro, calmo, género geek, começa:

"Bom, já há uns tempos..." - estávamos à espera de um relato qualquer para se introduzir ao grupo, qualquer coisa leve. Continua:

"... há uns tempos, fui a uma discoteca aí, com um amigo, e engatámos duas miúdas. Levei-a para casa, lá começamos e tal. Mas ela era um homem."
Começa o bombardeamento, depois de aberta a polémica "mas como não distinguir um homem de uma mulher senão pela presença de uma gaita":
-"Mas, não dava pra notar, pá?"
-"epá, até tinha fio dental e tudo!" - ( vêm os perigos da depilação masculina? é o caos).
-Mas, e como é que arruma tudo num fio dental? numa miuda já é à conta..."
-"pá, amarram atrás. Mesmo."
-"bolas, mas como é que andam aos beijos e não notam?"
-"houve lá um bocado em que pensei "tenho a barba a arranhar, pá... mas.. só pode ser a minha.. Estranho"."
-"Mas como é que soubeste afinal?"
-"eh, meti a mão... E assustei-me!!"
-"E ela? ..ele. ela?"
-"só disse "ôh minino, sabia não??"

Já imaginavamos as cenas pós-revelação - banhos de chuveiro de 5 horas, boca lavada com sabonete e pedra pomes - num grande filme de trágicas cenas, quando sabemos afinal que tudo acabou calmamente, os dois deitados, a fumar um cigarrinho e a partilhar fotos de amigas transformistas.

dica: desconfiem de mulheres com barba e a cheirar a Denim.

domingo, outubro 26, 2008

Que se faça saber

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro!


Mário de Sá Carneiro

a recordar outros tempos, tempos pesados.

Fusos trocados

Socos na tromba, gritos de bêbados manhosos. Porteiros mascarados de D'artagnan, anãs dançarinas, Dj's a dormir.

sexta-feira, outubro 24, 2008

The whole


"I spoke about wings
You just flew
I wondered, I guessed and I tried
You just knew
I sighed
And you swooned
I saw the crescent
You saw the whole of the moon
The whole of the moon"


Aqui no trabalho, à sexta é dia de oitentas. Youtubes, Youtubes e mais youtubes de seguida.

quarta-feira, outubro 22, 2008

O taxista em 3 actos - Acto III

A atravessar a cidade com tempo, taxi não dá mais de 60, firma-se a amizade. Trata-me por "amigo", partilha as emoções mais fortes e intimas:

-"Sabe, tenho aí um arranjinho com uma mulher casada. Há 15 anos."
Oh boy, 15 anos. Fosga-se.
-"15 anos... isso é um bocado."
-"Damo-nos bem. Veja lá, não se pode confiar em ninguém. Um dia destes, deu com papel no bolso do casaco do marido, não é que o cabrão tinha uma lista de telefones de meninas??"
o meu cérebro entrou em ponto morto, com esta.
-"eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeh...."
-"Eu já a tinha avisado. "Podes confiar em mim, agora esse gajo..." Depois dizem que há doenças!" indignado, o Sr. Manel. sabe que este mundo 'tá perdido.
-"Tem razão, as casadas são as piores."
-"Pois são, pois são."
Pago 2.5 euros de bandeirada, 5 euros de entretenimento, saio.
-"Então até à próxima, amigo."
-"Até à proxima, sim."

Fim do 3º acto, cai o pano. fim.

terça-feira, outubro 21, 2008

O taxista em 3 actos - Acto II

Chove, o táxi segue o caminho. Depois de me ter confiado o segredo da eterna felicidade tuga, O taxista sabe que pode confiar em mim. Afinal, ri-me a bom rir, acenei afirmativamente a tudo o que ele disse... É altura de subir um degrau na relação:

-"Daqui a bocado acaba o serviço, vou ali a uma casa de meninas, fora de Lisboa. Uma casa, são umas 40, aquilo tem montes de quartos atrás."

Às mulheres: sim, todos os taxistas - até aquele com cara de avôzinho simpático com fotos dos netos no tablier, com a Nossa-Senhora e tudo - mudam automaticamente para o modo-conversa-de-putas quando apanham um homem como passageiro. Todos.

-"30 Euros. Não é um granda preço?" Aqui, não consegui deixar de fazer cara de urso. Dei por mim de olhar esgaseado, por largos momentos, a vaguear no abstracto. Procurei mesmo responder logicamente a esta pergunta. Seria retórica? Mea culpa, não consegui avaliar se 30 euros é muito ou pouco, porque entretanto ele insistiu " é, é uma pechincha, bolas. Já fui aí a sítios bem mais caros." Pronto, lá concordei. Segue-se longa descrição das capacidades motoras das atletas da casa. Ufa.

A concretizar, a habitual manobra de certificação de qualidade: há sempre, sempre, sempre, em todas as histórias de bordel, uma celebridade qualquer que frequenta o dito, atestando isto-é-um-bordel-do-melhor-não-tem-mal-nenhum.

O taxista em 3 actos - Acto I

Apanho o taxi, já noite, a chover.
"Boa noite, é para onde?" - digo-lhe o sítio do costume, lá falha na piada costumeira sobre o cemitério. Boa.
-"Afinal sempre há dinheiro. Basta haver chuva, já se apanham taxis."
Lá concordo, acrescentando muito sabiamente que há mais tolerância à chuva se estivermos for próximos do fim do mês.
-"Lá isso o amigo tem razão..."
Claro. Eu até adoro dizer clichés...
-"Sabe, eu cá deixei de procurar dinheiro. Quando o dinheiro quer vir ter connosco, ele vem. Não vale a pena lutar, o destino encarrega-se de tudo."

Fiquei meio sem jeito. Pensei ter encontrado um ser espiritual, cheio de aceitação e resignação perante as agruras da vida, capaz de meditação transcendental a fazer o pino durante 21 dias de seguida, um iluminado. Descreveu então como era o dia-a-dia no seu trabalho... Chegava bem cedo, ia ver os emails ( achei positivo, perante um cinquentão de bigode e de blusao de napa castanho ) , que tinha um amigo porreiro que lhe enviava uns mails "com gajas boas" ( pronto, lá se foi a cultura ) , tomava um café, lia o 24 Horas, ia ao blog do clube dele ver as novidades e nisto fazia-se meio dia e meia, meio dia e meia é uma, uma é almoço, almoço é à pála. Partilha que depois de almoço lá lhe dava a soneira, dormia um pouquito e depois lá ia à casa de banho acabar de ler a secção económica do 24 Horas (obrigado pela partilha, Sr. Manel ). Eventualmente, lá para as 5 da tarde, avaliaria se valeria ou não a pena acabar o trabalho que tinha para o dia, ou se passava para o dia seguinte.
Ouvem-se vozes celestiais, é o paraíso português. Fim do acto I.

segunda-feira, outubro 20, 2008

sábado, outubro 18, 2008

Olha, ele chove.

A passar por Sete-Rios, antes das notícias do dia, ouviam-se os desabafos da senhora do banco de trás, carregada de sacos de plástico, a denunciar os óbvios culpados da quantidade de água na rua, os Almeidas. Essa corja de preguiçosos, que andam só a passear a vassoura pela cidade, que desentupir sargetas tá de purga. Infelizmente, ninguém fazia um sinal de aprovação, pelo que a senhora repetia a sua certeza uma e outra vez. Ouviam-se os telemóveis do pessoal xunga, com as músicas em alta-voz, sempre ausentes dos tops da televisão, mas sempre conhecidas dessa longinqua maioria. A avó marialva, voz de baritono, metia o neto na ordem, que apesar do ar rufia e das madeixas, piercings e boné teso no alto da cabeça, continua a ser só um puto de 13 anos. Palhaço.
E continuava a chover como o raio.

Perdido no éter

Há umas semanas atrás, não conseguir fechar a matraca, falei disto a toda a gente. Fui convidado para o Quarto Escuro, programa de música alternativa, onde dei uns bitaites sobre a minha amada net. O Bernardo teve o desplante de me deixar matraquear, gravar, e lançar a minha melosa voz na infinitude do universo. Muchas gracias. Agora online,

O programa em mp3, no blog do Quarto Escuro.

p.s. Aquilo sou eu na foto, a fazer de conta que tou a fazer alguma coisa.
( António Sérgio, o que eu digo ainda se percebe MENOS do que tu. Roi-te. )

quinta-feira, outubro 09, 2008

Always look at the b'ight side of life

Eu e o colega de trabalho gago vamos à casa das sandes, para despachar. Não há tempo para tascos escondidos no bairro.
Ele cheio de pressa e com um talão de desconto, vai afiambrar-se à sandes mais cara, já avisa, a meter-se à frente... E eu a pensar numa de frango...

"boa tarde, o que é que deseja?"
"b-b-boa tarde. É uma sandes de p'esunto."
"desculpe?"
"é p'esunto."
"desculpe, nao estou a perceber..."
"u-uma sandes de P'EsunTO!"
"desculpe, não estou mesmo a perceber.... ( pausa) ahhhh, presunto!!" - depois disto, era minha vez.
"e o senhor, o que vai ser?"
"eeeh.. eu é de atum..."

quarta-feira, outubro 08, 2008

Satori

"A experiência directa de realização da Mente, da obliteração do ego, a experiência do viver, do Eu na sua forma sagrada. Satori demonstra além de qualquer dúvida que nós somos parte da essência divina, que Deus e nós somos um só."

in wiki

segunda-feira, outubro 06, 2008

Depilação

Pois, em geral é tema de blogs de gajas. Eu sei. Caguem nisso.
Afinal, entre tanta treta, esta é uma que já é incontornável. Tenho de expor o terror que se espalha, antes que seja tarde, e não consiga encontrar pessoas sãs. Quando aparece gente conhecida a aderir, ficamos sem perceber onde isto irá parar...

-"Fosga-se, o que é que fizeste?"
-"ah, meti creme depilatório. 4 minutos, já tá."
-"Senhor, não vou dormir hoje. Que visão dos infernos, essa barriga. Vá, desbronca-te: "elas gostam", não é?"
-"Claro, fico mais bonito. Há mais algum motivo para fazer isto?"


Pronto, ok. O certo é que há. Há anos, um amigo meu fez o mesmo ( e quando digo um-amigo-meu é mesmo um amigo meu, porque eu sou imberbe, é sabido. ) , porque a namorada se queixava de cócegas. Esse foi mais radical, foi de gilette.

Tanto num caso como noutro, asseguro: parecem frangos depenados, não é uma visão bonita. Já depenei frangos e a única diferença é o cheiro. Os frangos não cheiram a Aqua Velva nem a Old Spice.

Agora eu, que não percebo muito de pêlos, pergunto: e a comichão dos pêlos a crescer, senhor? Não é pior a emenda que o soneto?


disclaimer: este post é preconceituoso.

E é a ... MAMAMARATONA!

Já vai na oitava?? E nunca ouvi falar? Onde é que me inscrevo? Onde? Quando?

...Eh. Ah, é uma piada. Com "meia maratona". Ah. chalaça, pois. É só uma meia maratona, mesmo. Vão lá, pronto. Wu wu, correr. wu. Não faz lembrar títulos de filmes porno? Este tipo de chalaça não devia estar reservada para esse mundo? Não se brinca com mamas. Estamos afinal, a falar de coisas sérias. É falta de gosto.

domingo, outubro 05, 2008

Catacumbas II

No Rossio, alguns metros abaixo do nível da rua, há caves a fazer lembrar reservatórios de água pombalinos, que escondem noites de anos 60, a rigor. Groupies dos Beatles, de casacos militares azuis , sapatos de tacão e lenço ao pescoço, convivem com Teddy Boys de couro e patilhas, Flausinas de óculos em bico e mulheres tatuadas à freakshow. Quem diria que Lisboa tem uma vida de anos 60 nos dias de hoje?


Note to self: Comprar um casaco de bombazine amarela.