Chove, o táxi segue o caminho. Depois de me ter confiado o segredo da eterna felicidade tuga, O taxista sabe que pode confiar em mim. Afinal, ri-me a bom rir, acenei afirmativamente a tudo o que ele disse... É altura de subir um degrau na relação:
-"Daqui a bocado acaba o serviço, vou ali a uma casa de meninas, fora de Lisboa. Uma casa, são umas 40, aquilo tem montes de quartos atrás."
Às mulheres: sim, todos os taxistas - até aquele com cara de avôzinho simpático com fotos dos netos no tablier, com a Nossa-Senhora e tudo - mudam automaticamente para o modo-conversa-de-putas quando apanham um homem como passageiro. Todos.
-"30 Euros. Não é um granda preço?" Aqui, não consegui deixar de fazer cara de urso. Dei por mim de olhar esgaseado, por largos momentos, a vaguear no abstracto. Procurei mesmo responder logicamente a esta pergunta. Seria retórica? Mea culpa, não consegui avaliar se 30 euros é muito ou pouco, porque entretanto ele insistiu " é, é uma pechincha, bolas. Já fui aí a sítios bem mais caros." Pronto, lá concordei. Segue-se longa descrição das capacidades motoras das atletas da casa. Ufa.
A concretizar, a habitual manobra de certificação de qualidade: há sempre, sempre, sempre, em todas as histórias de bordel, uma celebridade qualquer que frequenta o dito, atestando isto-é-um-bordel-do-melhor-não-tem-mal-nenhum.
2 comentários:
O senhor gasta não menos do que 60 euros em combustível cada vez que enche o depósito. Imagino o quê, três a quatro vezes por mês?
E seguro do carro? E manutenção? É caro, pois.
Por outro lado, gasta 30 em meninas (aqui vou empregar o léxico taxista e dizer que vai "esvaziar o depósito").
Mesmo sem saber quantas vezes por mês, não tem seguro ou manutenção. Arrisco-me a dizer que é um achado, sim senhor.
É capaz.
Já gastei mais numa discoteca. Mas, tou lá uma noite inteira... ( não sei de tempos, mas imagino que o senhor não fique para o pequeno-almoço, acho... )
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