O quente só é interrompido pelo fio de ar frio que me entra pelos cobertores, quando me mexo para dar uma volta sobre mim, pesado e sonolento. As pernas ficam imóveis no meio da cama, quase numa só, ocupando o mínimo de espaço que sou capaz, - qualquer movimento extra, é só para confirmar a existência daqueles cantos gelados da cama, agora terreno que prefiro não ocupar - só me mexendo para deixar os pés numa fricção constante, como um grilo. Quando é hora de sair, já tenho o cobertor a tapar a cabeça por completo; o cobertor foi subindo, a rastejar por ele, e eu deixei-me ficar naquele torpor incómodo, onde já prefiro o meu próprio bafo quente em circuito fechado a uma nesga de ar novo e limpo, mas gelado como tudo.
Foda-se, não é justo ter de me levantar com este frio.
Como diria um amigo meu.. "quando eu vivi em Estocolmo, isto era mais fácil..."
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