Há muitos anos, tinha uma colega de trabalho que vivia num mundo muito pequenino. Era o mundo dos efectivos. Como ela vivia no mundo dos efectivos há muitos muitos anos, tinha medo de ir para lá dos arrabaldes do mundo dos efectivos, nem sabia o que poderia encontrar nessas terras sem-nome.
Seriam dragões? não.
Quem saísse desse mundo perfeito, podia encontrar o Pântano dos recibos verdes ou a Floresta dos desempregados, sitios tenebrosos onde habitam ogres descontentes e feios uh disse o ogre uh paga-me este mês filho da puta do caralho uh já está atrasado - esses ogres malditos sempre aos urros.
A colega, pobre de deus, continuava a ter todas as regalias próprias do mundo dos efectivos, onde todas as mulheres são prendadas princesas e todos os homens príncipes justos e trabalhadores, sem imaginar que para lá do mundo dos efectivos havia tamanha monstruosidade a passar-se. Depois picou-se num fuso de uma roca de fiar e morreu. De burra.
10 comentários:
Gostei, caro Prezado.
É oq eu acontece a quem ( burro ou não ) quer viver num mundo muito pequenino.
Um abraço
lembra-me a minha colega MA e o seu cérebro enquistado.
o que nos vale nestas histórias de princesas é que têm sempre finais felizes.
Faz-me lembrar tantos colegas funcionários públicos que tenho conhecido. Havia quem até achasse que, mesmo depois de 10 anos a recibos verdes, não merecíamos entrar para os quadros. Porque, protno, havia cá "tanta gente sem fazer nada".
Pequeno pormenor, eram pessoas que tinha estado 2 anitos a recibos verdes e que entraram para os quadros com uma simples portaria assinada pelo Sr. Guterres...
já eu fiz um pouco o percurso inverso, era efectivo vitalício num instituto público e larguei isso por uma vida de risco numa pequena empresa, mas mais bem pago. confesso que me sentia mal no anterior emprego, não só por mim mas pelo que assistia à minha volta, um "luxo" que era desproporcional à situação do país (por exemplo, viagei por toda a europa em trabalho, ficando em bons hotéis, mas podiam fazer teleconferências por exemplo, ou ir só às mais importantes...), os directores tinham carrões e eram mais que as mães... Isto foi há 3/4 anos e na altura previ que a situação publica não podia continuar assim, que havia de estoirar e teria uma carreira de salários congelados (ou mesmo reduzidos) como se veio a verificar. Hoje em dia estou muito sujeito a perder o emprego em caso de falência da empresa onde trabalho, devide à crise (muitos já foram despedidos) mas tenho um curriculo e uma experiência que no dia a seguir estou a participar no início de outra melhor, enquanto que quem ficou agarrado a uma carreira "segura" pode ficar sem carreira nenhuma se um governo com coragem resolver um dia atacar o problema do monstro que é o estado...
viajei e não viagei, peço desculpa, lapso.
Tolan, podíamos conversar sobre a função pública durante horas, mas estamos aqui na casa do Prezado. Posso apenas dizer-te que a cada dia que passo no interior da máquina Estado me faz mais confusão os maus profissionais, os incumpridores, os desleixados, os acomodados, funcionários, chefes, directores, tudo.
Pessoalmente tenho muita pena que até hoje não tenha havido nenhum "governo com coragem resolver um dia atacar o problema do monstro que é o estado".
Já és da casa, Cat. Força. Mas não abuses, fiquem na varanda na conversa. Eu vou fazendo café.
Prezado, muito me honras em receber-me tão bem na tua casa :)
(posso pedir-te antes um chá? é que café não bebo mesmo...)
ahahah...ADOREI... Só com este post já ganhou mais uma seguidora! ;)
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